Eu vi um post no Facebook que falava sobre o trabalho invisível do professor, que está agora mais que ressaltado por questões pandêmicas. Já sabemos que essa profissão, em particular, mas muitas outras também, possui um lado oculto que o geral não costuma considerar, como estudo eterno, correção de trabalhos e preparação de aulas, por exemplo, e agora, os conhecimentos sobre o mundo online.
Também sabemos que no Brasil, e não diferente de alguns países, mas diametralmente oposto a outros, essa profissão e tantas mais são imensamente desvalorizadas pelo público que delas se serve.
A pergunta é: Essas profissões valem quanto pesam? Quero dizer, elas são pagas pelo peso que possuem? E senão (e sabemos que não), por quê?
Eu costumo observar o que chamamos de senso de valor, aquilo que colocamos em nossa balança interna para validar nossa própria vida e tudo aquilo que nos rodeia, e penso que tudo começa exatamente aí, no nosso senso de valor, nossa crença sobre o quanto algo é crucial para nossa existência.
Se você é Coach* (por exemplo) ou já foi ou é um Coachee**deve conhecer uma das ferramentas mais usadas nessa prática que é o exercício de valores (confesso que não sei o nome usado para ele). Quando fiz esse exercício pela primeira vez, fiquei impressionada ao reconhecer quais eram os meus principais valores, e no meu caso eram respeito e segurança, e mais surpresa fiquei ao perceber que esses valores se intercambiavam de acordo com o contexto por mim vivido. E que, claro, esses dois não são os únicos.
Talvez esse papo seja novidade para muitos e vale então abrir parênteses (a prática do Coaching foi extremamente massificada, por ser uma formação rápida, então se você não a conhece e deseja fazê-la, deverá tomar todo o cuidado na escolha do profissional, como deve ser em qualquer outro caso).
Agora, voltando ao tema, eu entendi o quanto valores inconscientes controlavam minhas escolhas e influenciavam a minha vida. Enfim, o quanto é importante dar o devido valor (seja moral ou monetário) àquilo que fazemos ou usamos no nosso dia a dia.
Se olharmos ao redor, perceberemos que a inversão de valores morais tem sido um tema recorrente e nocivo para o desenvolvimento social e individual de todos nós. São padrões sociais inteiros sendo subjugados à vontade e aos interesses de uma minoria que manipula os valores que deveriam pautar a participação da sociedade como um todo, afinal se somos sociedade precisaremos respeitar valores comuns, e que esses precisam necessariamente atender aos interesses de todos, sem distinções ou privilégios.
É claro que sei que esse papo daria pano para várias mangas, contestações, opiniões favoráveis e contrárias, e é nisso mesmo que se baseia o senso de valor. Afinal, você sabe quais são os seus próprios valores? Compreende que julga o mundo a partir de conceitos internos que muitas vezes, você mesmo desconhece? Entende que a importância de conhecer seus valores trará a você os resultados que espera, e fará com que compreenda o mundo de uma perspectiva diferente? Sua própria e original perspectiva?
Eu usei a profissão de professor como um exemplo, pois foi o tema que me fez pensar no “mote” para escrever esse artigo. Independente de ser uma profissão, um conceito, uma ideia, uma obra de arte, uma filosofia, tudo e qualquer coisa dependerá do valor que você lhe der de acordo com o peso que isso signifique para as suas escolhas e decisões.
E claro, podemos adquirir valores distorcidos por falta de autoconhecimento, por falta de sermos responsáveis por nossas próprias escolhas e decisões. E essa é a outra parte do valer quanto se pesa. Se “compramos” prontos valores distorcidos por conveniência (nossa, quando temos pouca responsabilidade e do outro, quando tem interesse em manipular pessoas e resultados e vice-versa, afinal podemos ser nós a querer manipular), chegamos exatamente no ponto em que nos encontramos. Uma sociedade pautada em valores meramente individualistas (o que a pandemia vem escancarando) e valores de pequenos grupos dominantes, e tudo isso apenas porque o ser humano não conhece a si mesmo. É triste dar-se conta que nem mesmo nós valemos o quanto pesamos.
*Coach: profissional que exerce a prática de Coaching.
**Coachee: a pessoa que se submete à prática de Coaching