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Vidas interrompidas- covid-19

Vidas interrompidas- covid-19
MILENA PATRICIA DA SILVA
mai. 11 - 4 min de leitura
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Há 1 ano e 7 meses fui diagnosticada com câncer. 

Nem eu nem ninguém espera um diagnóstico como esse no auge dos 29 anos e nem em qualquer idade.

O diagnóstico me colocou num lugar desconhecido por mim. Um lugar, de silêncio e isolamento. Eu costumo dizer que sentia que estava dentro de uma bolha.

Somente eu seria capaz de compreender o que se passava na minha cabeça com aquela notícia. A possibilidade de ter minha vida brutalmente interrompida por uma doença agressiva. 

Eu não sabia o que estaria prestes a enfrentar. 

Por quase três meses, escondi da minha família que estava fazendo a investigação e contei à minha família apenas após a biópsia, porque naquela altura eu já tinha uma quase certeza.

A vida de todas as pessoas ao meu entorno também tiveram que se readaptar.

Minha mãe passou a viajar muito mais para Curitiba. Minha amiga, cedeu por vezes a própria cama para me acolher de maneira ímpar em sua casa, junto com suas duas filhas e seu esposo. Meu filho, precisou por vezes, ficar longe de mim porque eu não dava conta dos meu sintomas, não queria que ele me visse por vezes chorar de dores insuportáveis que não passavam com Tramal e morfina. 

Nossa vida precisou de um ajuste que ninguém esperava e ninguém queria. 

Eu, desenvolvi uma resiliência que não sabia que eu tinha. Mas aprendi que quando existe uma situação que não depende de mim eu preciso concordar com ela e esperar pacientemente com muita fé. 

Quantas vezes eu quis cuidar do meu filho e não conseguia levantar da cama. Quantas vezes quis cuidar da minha casa e não conseguia, quis sair de casa e não conseguia. Quis sair da cama e não tinha força nem para tomar banho em pé! Por meses tomei banho sentada, não suportava sustentar as pernas.

Mas uma coisa era muito certa! Eu queria ficar viva! Queria ver meu filho crescer! E para isso eu faria o que fosse necessário! 

Era quimioterapia? Então farei! Era tomar remédio, deixar de me alimentar com certos alimentos, ou precisar ficar horas no HC investigando sintomas adjacentes? Então farei!

Precisa usar máscara? Então eu usava!

Tudo isso eu fiz! 

Aprendi que se eu precisava passar por aquilo, passaria sem reclamar.

Agora diante do Covid-19 me faz lembrar disso tudo! 

Não é o contexto ideal e esperado. Mas precisamos respeitar o tempo das coisas. 

Precisamos enfrentar a situação da maneira que o contexto pede! 

Acaso estamos dispostos a sobreviver? Ou preferimos morrer?

Eu escolho a primeira opção! Minha opinião não mudou, nem para evitar a morte em decorrência do câncer nem em decorrência do Covid-19.

Se alguém me pedisse um conselho eu diria, respeite o grupo de risco (eu faço parte dele) mas não é por mim, apenas. Um dia, você pode estar nele! Ou alguém que você ama pode estar. 

Eu não esperava tem câncer! E do dia para noite tive um diagnóstico. Essas coisas sempre parece que acontece com os outros! Comigo não! Com minha família não!

Eu, quero meus amados vivos! 

E você? O que deseja? Quantos amados você quer vivo? 

A minha vida precisou ser interrompida por algo que foi tão difícil de enfrentar. Talvez seja por isso que estou bem em paz com o isolamento social. Porque sei, que em outro momento eu tive que ficar em casa por uma razão bem pior (pelo menos no contexto da minha vida).

Confesso que está sendo muito mais fácil agora! 🙌🏻🙌🏻🙌🏻

E nesse momento vivemos essa interrupção global. Que possamos desenvolver ainda mais nossa resiliência e empatia.

#ficaemcasa

#respeito

#empatia

 

 

 


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