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Viver no amor

Viver no amor
Eleonora de Góes  Miranda
ago. 26 - 4 min de leitura
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Ao longo da vida, as cordas que mais intensamente vibram dentro das pessoas são, sem dúvida, as do amor e do desamor, as do apego e da perda, as dos movimentos expansivos do coração e seus contrários de retração. Dançando ao som de seus compassos, experimentamos a plenitude ou o vazio, a enorme felicidade ou o gelo do desânimo e da destemperança. Assim somos: mamíferos, ou seja, necessitados e gregários.

Um anseio nem sempre completamente satisfeitos e persistentes nos seres humanos é viver no amor com outras pessoas significativas, ou melhor, com muitas pessoas significativas. Quando crianças, nossos pais, irmãos, tios, avós e demais parentes; quando adultos, nosso (a) companheiro (a) e nossos filhos, especialmente. Também, claro, outros familiares, amigos, sócios, professores, alunos, amantes, colegas de certos trechos do caminho... É impossível imaginar castigo maior para um ser humano que é a solidão e o desamor. Schopenhauer afirmava que a maior crueldade e o maior castigo concebíveis para o homem seria ser invisível e imortal ao mesmo tempo. Isso parece terrível e desumano.

Nós precisamos espantar “a trêmula solidão” e viver em comunidades significativas, por isso estamos sempre dispostos a investir no milagre do encontro real com outro ser humano, nessa centelha de vida na qual o outro se ilumina e nós com ele; na qual se obtém a troca verdadeira entre dar e tomar; na qual, por fim e com sorte, nosso coração se abre e sentimos a experiência de ser um, da genuína intimidade e de nos transformarmos em destino um para o outro. Assim acontece às vezes nos relacionamentos, e isso é experimentado como felicidade.

Buscamos a unidade, perdida em algum lugar da nossa mente quando, ainda crianças, começamos a partir da realidade em pedaços de pensamentos e lhes damos nomes, afastando-nos do ser puro e essencial que fomos e pelo qual continuamos ansiando. E buscamos essa unidade, com acerto ou desacerto, no outro. Ansiamos reencontrar o silêncio interior ao repousar em nossa presença real e na do outro. Olhamos constantemente nos olhos do irmão eterno para captar a plenitude da vida, como explica o relato de Stefan Zweig de mesmo nome, o que significa que no encontro verdadeiro e amoroso com o outro conseguimos reconhecer profundamente a nós mesmos: se eu olho para você e vejo que você também sou eu, algo na essencialidade de acalma. De modo que um ingrediente da felicidade terrena que certamente podemos experimentar nesta vida acontece quando nos sentimos unidos e temos relacionamentos ricos, férteis, irmanados, cooperativos e amorosos.

Sejamos sinceros: certamente, nenhum âmbito da vida está tão cheio de expectativas e promessas como o do amor no relacionamento (se excetuarmos, talvez, outros falsos graais, como a riqueza, o poder ou o desejo de notoriedade), e é provável que seja porque lhe atribuímos a potencialidade de nos fazer voltar ao paraíso perdido da unidade original com os pais, ou de nos levar à terra prometida, cheia de abundância, onde nossos temores se diluirão e nossa solidão existencial se tornará menos fria e abismal, ou até desaparecerá.

E, sem dúvida, o relacionamento afetivo nos dá um pouco disso. Mas pode nos fazer felizes ou infelizes?

LIVRO -  O AMOR QUE NOS FAZ BEM - JOAN GARRIGA

 


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