Módulo 3 - Relações Conjugais
O amor inocente, o amor da criança
Fichamento Aula 6
Sempre carreguei vocês em mim
Pai, Otávio, Mãe Zulma...
Como eu gostaria que vocês dois estivessem aqui juntos, mas Pai, tu fostes antes e Mãe, tu estás muito fragilizada, mas não menos forte!
Do pouco que sei sobre a infância de vocês, muito sinto na Alma, pois sou semente de vocês, sou fruto deste amor e desta árvore...
Mãe, a sétima filha de oito filhos, sempre tão sofrida por apanhar de relho da sua Mãe, como tu me contastes, tantas vezes.
Aos dois anos me contastes que sofrestes uma queimadura com leite, e que ficastes envolvida em gaze do pescoço aos pés.
Deves ter tido uma infância bem delicada.
O que me dizias, que tio Paulo, teu irmão te dizia que eras feia e tinhas nariz de papagaio... imagino, na tua infância ser tão tão taxada de uma criança sem perspectivas, sentindo tanta vergonha como me contastes.
Da tua relação com Vô, tua tinhas carinho, mas da tua Mãe, faltava...
O Pai, pouco sei da infância dele, pois ele partiu muito cedo, aos meus dez anos, mas ao que me dissestes, ele queria ser médico, mas acabou não conseguindo.
Ele era o caçula de mais dois irmãos, uma menina, e um menino. Ele reclamava sempre que usava as roupas usadas do irmão mais velho... interessante isso, pois comigo se deu o mesmo.
Me dou conta que cada um de vocês teve questões muito significativas em relação à falta de algo... Falta de acolhimento, e tinham suas feridas na alma também.
Sofrestes muito Mãe, eu vejo o quão sensível tu és e o quanto tu te dedicastes à nós, principalmente quando Pai faleceu.
Como abdicastes de reconstruir tua vida com alguém, para dedicares todos os esforços à nós!
Me dou conta de muitas coisas, sempre me dei conta, muito embora eu não elaborasse bem, as razões pelas quais tu sempre sofres tanto e mesmo nos momentos felizes, acabas não te permitindo muito.
Entendo que carregas muitas culpas, muitas vergonhas, muitos sentimentos de DOR e perdas!
Entendo que nosso alicerce parece ter sido marcado por perdas e por isto, quando Pai se foi deste mundo, tão cedo, estes sentimentos se agravaram.
Me dou conta que nosso Pai tinha sonhos que não cumpriu, por também não acreditar que merecia...
Me dou conta que vocês vieram, ambos, de famílias que também guardavam memórias embasadas nas perdas, no não merecimento...
Me recordo de minha infância e das preocupações de vocês dois com nosso sustento e hoje entendo porque quando engravidastes de mim, eu escutava uma frase: “Mais uma boca”...
Eu escutava esta frase e eu não queria ser um problema a mais, mas sei que vocês me amaram e amam, como eu os amo muito e sou eternamente grata pela VIDA que me concederam e abraço à criança de vocês também, dizendo que nossos avós, bisavós, Tataravós tiveram também que lidar com suas dificuldades e suas perdas e muitas vergonhas, escassez.
Tudo isso hoje, me faz ser alguém que busca fazer seu melhor e auxiliar melhor, dentro de meu propósito de vida.
Vocês ecoam dentro de mim e ecoam na eternidade!
À vocês, devo mais que possa aqui expressar... Devo A VIDA.
Esteja em PAZ PAI, Mãe, eu te abraço sempre, e ainda estamos as duas curtindo muito esta vida, onde te olhando, aos 94 anos, tendo acabado de perder uma filha acometida por câncer, com toda tua DOR, tu ainda consegues emanar esta FORTALEZA de Espírito e teu AMOR!
TE AMO MÃE!
TE AMO PAI