Os processos terapêuticos e a guerra são situações opostas, entretanto num estudo teórico e comparativo podemos descobrir conexões e reflexões interessantes.
Nesse sentido, e por definição, de modo geral, os processos terapêuticos sistêmicos consistem em desvendar os conflitos e dores que causam sofrimento nas pessoas e no seu sistema familiar.
Com a terapia e os processos terapêuticos o indivíduo encontra a possibilidade de ampliar seu campo de visão e encontrar soluções precisas frente às circunstâncias que o acorrenta às dificuldades e problemas vividos.
Ao inverso do processo terapêutico, a guerra traz os sofrimentos, os conflitos e as lutas entre as nações, partidos políticos ou etnias, a fim de impor a sua preponderância para resguardar interesses “materiais ou ideológicos”, atingindo assim, inúmeras pessoas e suas famílias: deixando-as vulneráveis e em sofrimentos imensuráveis em todos os cenários da vida.
Sabemos que existem diversos tipos de terapia, assim como existem diversas situações que terminam em guerras. Se pensarmos, por exemplo, a guerra como algo que experimentamos cotidianamente.
Ressaltamos aqui a terapia sistêmica, por ser essa uma terapia que se ocupa com as regras de funcionamento do sistema social e familiar num todo, em busca de cura e reparação dos males causados direta ou indiretamente pelos traumas da “guerra”.
Quando observamos certas situações e lemos algo sobre as guerrilhas, percebemos que a comunicação e a organização entre os membros, o treinamento, os recursos e a luta com o adversário tem importância fundamental.
Nas terapias e processos terapêuticos sistêmicos, para que haja mudança no contexto apresentado, é necessário, às vezes, uma reorganização da comunicação entre os membros da família. Para isso é importante “revisitar os acordos” (lealdades), as crenças e as dinâmicas existentes dentro do sistema.
Durante o processo terapêutico, tanto o terapeuta, o ajudante no caso, quanto o cliente, aquele que é o ajudado, siga os passos ou plano de ação elaborado, a fim de que, o processo transcorra de modo seguro para ambas as partes. Para que os bons resultados sejam alcançados.
Conforme a indicação de leitura, da Mestra Olinda, no livro “A Arte da Guerra", obra literária escrita pelo pensador chinês Sun Tzu, aproximadamente 500 anos a.C., descobrimos vários ensinamentos e orientações de como lidar com situações de conflitos e como planejar e executar as tarefas necessárias diante da realidade que nos cerca.
Segundo esse livro, para obter sucesso e vitória é necessário obedecer e cumprir as ordens e os seguintes princípios: a doutrina, o tempo, o espaço, o comando e a disciplina.
Com os escritos e saberes contidos nessa obra havemos de concordar que os ensinamentos ali expressos podem ser aplicados em diferentes áreas e contextos, inclusive nos estudos e processos terapêuticos.
Ao tratar da questão terapêutica, vemos na obra de Bert Hellinger, “A Ordem da Ajuda”, preciosas dicas, orientações e também princípios, de como o terapeuta pode contribuir e conduzir os exercícios e terapias sistêmicas. Para ajudar profissionalmente a uma pessoa é importante saber e observar que:
“…só podemos: dar o que temos, pedir e tomar o que necessitamos; permanecermos humildes, dentro dos contextos; agirmos de forma adulta, pois, a ajuda só é possível entre adultos equiparados; Incluirmos todo o sistema do cliente; amar o ser humano, sem julgamento”.
Com os dizeres acima podemos perceber que tanto as orientações para os processos terapêuticos, dentro da dinâmica sistêmica, quanto os escritos e orientações de estratégias da arte da guerra, por exemplo, seguem normas precisas. Em ambos os casos é necessário avaliação, conhecimento e clareza sobre o território, ou seja, a realidade em seu contexto.
É preciso conhecer e saber utilizar bem as ferramentas, reconhecer os próprios limites, ter foco e atenção naquilo que realmente precisa, estudar e verificar se há a possibilidade da questão apresentada ser resolvida, caso contrário, recuar e buscar recursos adequados e seguros.
Portanto, os processos terapêuticos com a Ordem da Ajuda de Bert Hellinger são também uma arte que envolve a capacidade de avaliação, comando, disposição, alerta constante, compreensão e empatia para saber acolher, tratar e dissipar todos os obstáculos, sejam eles internos ou externos.
Com esse sentido, a Ordem da Ajuda serve tanto para o cliente quanto para o próprio terapeuta. Incorrer nos princípios da Ordem é entrar em campo minado, ou seja, entrar na desordem. Nesse espaço não há ajuda possível e sim paralisia do processo e impossibilidade de levar a vida adiante.
Enfim, a arte da guerra se expressa nas suas estratégias e táticas de combate. A arte da ajuda nos processos terapêuticos envolve conhecimento, aprendizado, exercícios, prática e vivência dos valores e princípios sistêmicos, pois o que possibilita a solução dos conflitos é o avanço no processo de cura,
Segundo Hellinger, é a conexão de “uma alma que nos abrange. Nessa alma, o terapeuta abrange o cliente e vice-versa. Nessa alma em comum nós nos reconhecemos. Essa alma é extensa, não apenas em relação ao espaço, mas também em relação ao tempo".
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