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A CARTA: "NO AMOR EU VIVO, ME MOVO E EXISTO"

A CARTA: "NO AMOR EU VIVO, ME MOVO E EXISTO"
Igor da Silveira Berned
jun. 5 - 7 min de leitura
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Eu desejo começar esta carta, apresentando uma canção de Joe Hisaishi chamada  Mother Sea:

               Dentro do azul, os lírios do mar balançam,

               Falei com incontáveis ​​irmãos

               Na linguagem das bolhas

 

               Você se lembra?

               No passado distante, você e eu vivíamos juntos no mar azul

 

               As medusas, ouriços do mar, peixes e caranguejos

               Eram todos seus irmãos

Escutando essa canção descobri que tenho muito mais em comum com os peixes, lírios, as baleias, os golfinhos, as bolhas e toda sorte de seres marinhos. A grande descoberta ou a ficha que caiu é que essas espécies são meus ancestrais mais antigos. A vida veio de muito longe, muito longe mesmo, seja na distancia do tempo (Quando a vida no meu sistema começou?) e do espaço (Da onde partiu até chegar a mim?).

Do mar? Sim!

Nesse momento acredito realmente que sim. Milhares de anos depois até que os seres vivos saíssem do mar, muitas espécies surgiram, outras desapareceram, povos foram se constituindo em diversos lugares do mundo, guerras aconteceram, entre mortes e vidas, muitos encontros entre homens e mulheres aconteceram, migrações foram acontecendo, descentes nasceram, cresceram e encontraram outros descendestes de outros grupos familiares e do sexo complementar e, assim, outros tantos descendentes foram nascendo, crescendo, vivendo e gerando mais descentes, até que um dia a vida chegou até a mim, através da união do meu pai Yuri da Rosa Berned e da minha mãe Sônia Marli da Silveira Berned.

Eu reconheço que é um desafio escrever esta carta, escrever o que desejo escrever, afinal, foram tantos acontecimentos. No entanto, tenho caminhado muito durante a vida para, hoje, realmente reconhecer de uma forma extremamente respeitosa, amorosa a vida e a força que recebi de vocês, meus pais e ancestrais amados.

Eu estou aprendendo: tenho caminhado muito para curar todas as ilusões que tomei para mim sobre quem realmente são vocês. E também quem realmente eu sou. E assim, enxergá-los sem julgamentos, libertando-me da raiva ao assumir as feridas e buscando cicatriza-las, livre do amor cego. Reconhecendo que juntos vivemos situações maravilhosas, que pertenço ao meu grupo familiar, que há ordens, hierarquias e que recebi a vida e não tenho culpa e nem sou responsável pelas dores dos meus ancestrais. Sim, elas são muitas, mas, as deixo com vocês. Vocês são fortes o suficiente. Eu diante de vocês sou pequeno.

Eu tenho o costume de dar nome à elas. Descobri que assim é possível dar nomes aos sentimentos, emoções e se eles foram ruins, tenho o poder de transmutar a dor em alegria por meio das minhas atitudes e escolhas. Pois, sou o senhor da minha própria vida e diante dela sou grande, mas, diante dos meus ancestrais, sou muito pequeno.

Um dos importantes aprendizados que compreendi com as constelações familiares sistêmicas foi perceber que é fundamental para a minha vida saber o que fazer com o que ganhei dos meus pais e ancestrais. Ganhei o que é mais precioso para minha alma: um corpo, o qual a matéria e energia se uniram através do amor. Ganhei um corpo repleto pelo sopro da vida que é o amor.

Então, decidi que daqui para frente é no amor que eu vivo me movo e existo. Decidi transmutar as dores da infância e da adolescência buscando acessar as forças e as sabedorias que há nas situações dolorosas. Eu amo meus pais e ancestrais, mas, isso não significa que preciso ou tenho alguma obrigação de buscar viver ou estar juntos constantemente.

Não sou mais obrigado a nada.

É muito bom visitá-los e demonstrar o meu amor, mas, não há amor maior que respeitar a mim mesmo, aos meus filhos e companheira e honrar a vida e a força que recebi caminhando para frente, vencendo os desafios e aprendendo com as dificuldades e, assim, seguir construindo uma vida repleta de sonhos e desejos de realizá-los livre de emaranhados e dores.

Eu amo estar com as pessoas e percebo que para ser feliz é necessário também estar próximos delas e ter amigos e amigas. Mas, é bom encontrá-los quando realmente se está a fim de se aproximar. É muito bom tomar a consciência dos limites da convivência e do respeito para que o amor siga fluindo, falar e se expressar quando há os conflitos e não teme-los, pois, o medo de ser excluído não assola mais meu coração. E isso me machucou muito durante muito tempo.

O medo é cruel com o amor.

Os conflitos me ensinaram que não é preciso ter vencedores e perdedores e nem silenciamentos, mas, acima de tudo, o que pode haver nos conflitos são oportunidades de conhecer a verdade, as necessidades que há em mim e na outra pessoa, e com o dialogo descobrir como podemos nos aproximar ao nos reconhecer livres do desrespeito e dos gritos. Se há silenciamentos, gritos e desrespeito, o amor não flui e muito menos transborda.  

 Eu amo muito meus pais, eu não consigo mensurar o tamanho e a forma desse amor, aprendi muito sobre mim mesmo nas nossas relações, nos meus conflitos com eles, e também nas situações alegres, temos muitos aspectos em comum e que aprendi com eles. Desejamos ser felizes; ter saúde; acreditamos na existência de outras dimensões e forças que chamamos de espiritualidade, eu acredito no trabalho e na força que ele possui para transformar a vida, que a educação pode vir a proporcionar melhores condições de vida.

Eu reconheço que meus pais são muito trabalhadores, amorosos, batalhadores, são empáticos com as dores alheias e tudo isso influencia diretamente as minhas escolhas profissionais e também nos valores que estou ensinando meus filhos e compartilho e aprendo com minha companheira Caroline.

Na imagem de capa que escolhi, eu decidi colocar o encontro entre meus filhos (meus descendentes) e o mar (o ambiente em que estão meus ancestrais mais antigos), algo que em emociona muito e me faz sorrir. Aos meus amados pais tenho uma profunda gratidão a vida, a minha mãe por ter me recebido em seus ventre e me possibilitado ter o corpo que tenho, e ao meu pai, eu sou grato por todo esforço que fez para me ajudar, a ensinar a nutrir e mostrar o caminho profissional.   

Eles estão no meu coração.  

Eu decidi deixar um presente para quem leu essa carta, está o link da música que iniciou essa carta para escutar em sua casa está no minuto 33. A orquestra e suas músicas são lindas.

 

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