A história que transcrevo a seguir foi escrita por Hunter Beaumont e está no capítulo introdutório do livro A simetria oculta do amor: por que o amor faz os relacionamentos darem certo.
Um jovem sentou-se à margem de um rio e pôs-se a observar-lhe os torvelinhos e ondas. Sentindo-se penetrar suavemente em seu espírito perguntou:
-De onde virá esse rio?
E foi em busca da fonte.
Seguiu o rio até encontrar um braço mais longo que o resto.
Mas, antes de poder comemorara a descoberta, começou a chover e surgiram regatos por toda a parte.
Procurou aqui, ali, até deparar-se com um braço que parecia mais longo que os outros.
Já se felicitava quando avistou um pássaro pousado numa árvore, com o bico e a cauda a escorrer água.
Estacou, voltou-se e olhou fixamente, o bico da ave estava um pouco acima da cauda. Então o jovem apressou-se a voltar para contar a sua descoberta final.
Já em casa, as pessoas pediam-lhe para repetir a história de sua jornada e descoberta.
Toda vez que a contava, eles se espantavam e admiravam a façanha.
Com o tempo a narrativa da aventura deixou-o tão fascinado que nunca mais voltou ao rio.
Um velho que o amava percebeu o perigo e correu em seu auxílio.
Com voz clara e afetuosa, disse:
-Eu gostaria de saber de onde vem a chuva?
E o jovem, em desespero:
-Onde acharei uma escada para subir ao céu e contar tantas gotas de chuva?
-Como acompanharei as nuvens?
Afastou-se e para esconder sua vergonha, mergulhou no rio e deixou que a corrente o arrastasse.
O velho pensou: Aí está uma boa resposta, meu filho.
Nade, sinta a corrente, deixe que o rio leve.
Ele quer voltar para casa, fluir para a fonte.
Amorosa e incansavelmente um mestre convida e, por vezes, empurra, seu discípulo para um mergulho no rio.
Quão bela e profunda é a experiência de buscar a fonte, mergulhando e nadando nela.
Entendendo que, assim como os rios, as nuvens, a chuva, os oceanos são fases de um sistema, nós também somos parte de um sistema, do nosso sistema familiar.
Como diz o autor, quando permitimos que a correnteza se insinue em nosso espírito, percebemos a mudança na permanência e o eterno retorno.
A constelação familiar é o instrumento que permite tornar visível a dinâmica dos relacionamentos dentro dos sistemas familiares.
É mergulhando em nosso sistema familiar, por meio da constelação, que identificaremos o que deve ser feito para que as ordens sistêmicas sejam restabelecidas e que a fluidez do amor e da gratidão perpasse seus membros e floresça.