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A FORÇA DA VIDA

A FORÇA DA VIDA
Jucelia Sena de Souza
jun. 16 - 8 min de leitura
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BONECAS DE PANO

Como as bonecas de pano entraram na minha existência?

Para compreender é preciso voltar um pouquinho no tempo, sim, muito tempo, compreender a força da vida, a ânsia por trás da existência.

Foi em 1947 que a minha mãe nasceu, mas o que isso tem a ver com a pergunta acima?

Nesse dia, uma prima do meu pai, veio da zona rural para visitar minha mãe, aquela tradição natural da época de visitar os bebês que seguem aos dias atuais.

Essa prima ficou hospedada na casa da tia, minha avó paterna, meu pai estava com 4 anos na época. Para sair, essa prima teve que sair escondido, pois pensa numa numa criança esperta. Ao chegar na casa da minha avó materna, ela se deparou com meu pai puxando as cobertas da minha mãe recém nascida, logo ela começou a se despedir falando que provavelmente meu pai havia seguido até aqui, minha avó materna até tentou dizer que tudo bem que era coisa de criança.

O tempo passou e minha avó materna ficou sabendo que minha avó paterna estava vendendo uma propriedade, foi logo fazer uma visita, ela sempre foi ótima para negócios e expandir seus rendimentos. “Coisa de filme mesmo”, resolveu levar minha mãe que já estava com 7 anos.

Ao chegar lá minha avó paterna estava costurando, costurava muito bem e devido ter ficado viúva muito cedo costurava para fora para conseguir criar meu pai que era filho único. Deste modo talvez seja por isso que escolheu minha mãe para ser sua companheira.

Minha mãe desde cedo apaixonada por retalhos, bonecas de pano, bordado e afins.

Ao chegar lá, as minhas avós foram conversar e minha mãe perguntou se podia pegar uns retalhos, minha vó paterna respondeu que os que estavam no chão podia.

Então enquanto minha mãe recolhia os retalhos, meu pai chegou de supetão e foi logo empurrando-a, ela deu um grito e quando elas vieram, meu pai logo disse que ela estava mexendo nas coisas da mãe dele. Minha mãe conta que assustou na hora, estava lá sonhando com seus retalhos.

O tempo passou e mais uma vez eles se encontram, tiveram seus encontros e desencontros.

Então resolveram se casar.

Como presente de noivado, meu pai deu para minha mãe uma boneca, que ela guardou por muito tempo, até ela sumir misteriosamente depois que nasci.

Minha avó paterna foi morar com eles, a vida seguiu.

 Veio o primeiro filho Jivago, a segunda Jivanice, o terceiro Janildo, o quarto e o quinto, os gêmeos Josenildo e Joselito.

Bem no dia que os gêmeos nasceram, aconteceu algum tipo de contos de fada.

Naquele dia, essa prima lá do começo da história, veio visitar minha mãe. 

Ela sempre nos acompanhou, uma fada madrinha, mas na realidade era madrinha do meu irmão Josenildo; mas todos nós a chamávamos de madrinha.

A primeira pergunta que ela fez foi se mãe havia feito a ligadura das trompas e devido estar muito debilitada pelo parto, respondeu que não.

Então a fada madrinha falou: Graças a Deus, pois ainda virá uma menina, será companheira da Jivanice no meio de tantos homens e se parecerá com essa boneca (mostrou o presente de noivado).

 Foi uma discussão, pois minha avó havia comentado sobre já ter muitos filhos e as condições financeiras eram difíceis naquela época.

Pra ela ficar feliz, a fada madrinha falou que esta menina teria o nome das duas avós “Josefina Flor de Maio”.

Quando eu nasci, dois anos depois, ficou Jucélia, nome que meu pai escolheu.

A vida segue... minha mãe costurando, os retalhos caindo, eu recolhendo os que podia.

Construía sonhos, cortava o tecido.

De repente olhava para céu, os retalhos viravam borboletas coloridas, era fascinante, eu corria descalça, bailava, cantava, vivia. Quando ficava tonta, extasiada e maravilhada descansava na goiabeira.

Nas noites quentes, minha avó forrava um pano no quintal sentava na cadeira e contava história, eu ficava absorta com elas, mas uma em especial mexeu com meu coração: a história da menina pobre que a mãe faz uma boneca de pano com enchimento de semente de arroz, toda linda, feita com muito amor, mas uma outra menina rouba a boneca e enterra no jardim da praça; resumindo a história, a menina que pegou é descoberta porque no lugar nasce arroz no formato da boneca, então as mães se encontram e a menina ganha uma boneca nova.

Eu ficava imaginando como seria essa boneca, ficava horas viajando nos meus desejos e fantasias.

Minha avó faleceu, eu tinha apenas 7 anos e foi muito triste, devido morar com a gente ficamos muito próximas.

Um belo dia, uma amiga da minha avó materna foi visitar minha mãe, lembraram que ela tinha dado uma boneca de pano para minha mãe quando criança e de repente tirou algo de uma sacola” minha boneca de pano, feita a mão “.

O mais surpreendente foi perceber que a boneca se parecia com a minha avó. Eu dormia abraçadinha com ela, fazia roupinha, muita alegria naqueles dias, onde a vida era difícil para os adultos e mágica para as crianças.

Na entrada da adolescência, meu querido pai fez sua passagem. Fiquei desolada e muito triste, é difícil compreender a vida quando ainda somos crianças.

A vida segue... a gente cresce e a nossa criança apenas fica mais velha.

Comecei a trabalhar como professora da educação infantil, busquei a independência, viver sonhos... encontrei um companheiro, meu amor.

Depois de dois anos veio o nascimento da nossa Maria, foi bem nesse momento que procurei minha mãe desesperada. Não sei costurar? E agora? Quero fazer bonecas de pano; entramos num acordo, ela costurava e eu fazia o acabamento, dupla perfeita, ficaram lindas.

Mas aí de repente vem a notícia, eu e a minha família íamos para Goiás.

Nesse momento eu percebi que tinha que sair do emprego, ficar longe de familiares e amigos. Mas e se por acaso eu querer fazer uma boneca? Socorro?

Foi aí que como nos contos de fada cheguei para minha mãe e não pedi amuleto, joia, dote ou outra coisa, pedi que nesse pouco tempo me ensinasse a costurar na máquina.

Nesse momento aproveitei e contei um segredo que agora posso revelar: com 5 anos de idade, mexendo na máquina de costura, furei meu dedo e por isso adormeci no sono profundo do medo.

O tempo era curto e conseguimos pelo menos aprender costura reta e arrematar. Chegando lá comecei a criar.

A vida segue.

Nasceu o nosso José Gabriel, posso dizer que Minas é minha raiz e Goiás a minha evolução como ser humano.

Hoje eu posso compreender que por trás de tudo existe uma força maior que nos impulsionam na vida, “ a grande alma” que nos leva pela água por caminhos que talvez não entendamos o enredo no momento, mas que sempre vai para o mais, para a vida.

O sim em comunhão com o destino.

Gratidão a Deus pelo universo, aos meu pais pelo presente mais precioso” a vida” e tudo que posso ainda fazer dela.

A todos os ancestrais que vieram antes, que fizeram o que podiam para que hoje a vida chegasse aqui.

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