Meu pai Paulo Roberto nasceu em 1955, em Ituporanga/SC, com descendência portuguesa e italiana (Emília Nascimento, professora e Paulo Fernandes de Souza, agricultor) e minha mãe Marlene em Rancho Queimado/SC, em 1959, filha de Olivia Heinz e Adolfo Neuhaus, ambos agricultores (com descendência italiana e alemã).
Meus pais se conheciam desde criança, estudaram na mesma escola, a minha avó paterna era professora deles.
Minha mãe era a filha caçula, só teve um irmão. Sempre dizia sentir falta de uma irmã. Meu avô materno faleceu quando eu tinha 4 anos, mas guardo boas lembranças dele, era alegre, engraçado. Minha avó materna faleceu há 3 anos, ficou viúva muitos anos, assim como sua mãe e também a minha mãe.
Olívia era a vovó doce, amorosa, ainda me lembro do cheirinho dela, do sorriso, da voz, do permanente no cabelo, do salame pendurado na cozinha, da carne guardada na banha de porco, sua casa tinha muito azul, nas paredes, nos móveis, nas flores.
Lembro da casa dela como um dos lugares mais felizes da minha vida, tinha um sótão, cheio de coisas antigas, uma casinha embaixo da escada, onde nos escondíamos. Se ficávamos doentes, se nos machucássemos, era pra casa dela que a gente ia, e quando os pais brigavam também, colocávamos roupas numa fronha de travesseiro e fugíamos pra lá, era nosso lugar seguro, mas quando eu tinha 10 anos meus pais vieram morar no MS e a vovó ficou lá, na casinha azul, sozinha.
Meu pai é de uma grande família, eram dez irmãos, ele era o segundo. Meus avós paternos foram casados e se divorciaram, meu avô se casou novamente e teve outras três filhas. Faleceu em 2009, ele e meu pai ficaram uns 15 anos sem se falar, ele pediu ao meu tio que ligasse pro meu pai, pra ir visita-lo, meu pai foi até meu vô e no outro dia ele faleceu. Esse afastamento causava grande dor no meu pai.
Na família paterna todos os irmãos se divorciaram do primeiro casamento, só meu pai permaneceu casado com minha mãe, numa relação muito conflituosa. O irmão da minha mãe também se divorciou. Na família materna era difícil para as mulheres honrar o masculino.
Minha avó paterna tinha voz e cabelo de anjo, era muito rezadeira, uma mulher de muita fé, depois de mais velha teve problemas de saúde, em 2008 faleceu. Lembro que meu pai ficou muito triste. Ela era muito especial, se dividia entre os filhos e netos, uma vez fui visita-la, ela já estava na cadeira de rodas, mas fez questão de cozinhar pra todos nós. Eu era pequena quando ela e meu avô se divorciaram, ela foi morar na cidade e não tínhamos muito contato, por isso não tenho tantas lembranças como da avó materna.
Meus pais namoraram por dois anos e em 1976 se casaram, ele com 20 e ela com 17 anos. Tiveram seis filhos, o primeiro não nasceu, depois uma menina, comigo veio um gemelar (que só descobri recentemente), mais uma menina e por fim o meu irmão caçula, que sempre foi esperado, e sempre foi chamado de João Batista (por devoção a São João).
Até 1990 vivemos em SC e depois disso, em busca de melhores condições de vida, viemos morar aqui no MS, longe de tudo e todos que conhecíamos, num tempo que não tinha rede social, nem telefone em casa. Eu sentia muita falta de primos, tios, tias, avós...Mas aos poucos fui agregando figuras semelhantes à minha vida, até hoje tenho uma vó emprestada aqui, com cabelo e voz de anjo.
Faz 4 anos que meu pai faleceu, seu coração parou de bater, meu luto foi muito doloroso, estava emaranhada e a constelação me ajudou muito nesse processo.
Conheci meu parceiro em 1999, depois de 5 anos nos reencontramos e começamos a namorar, passamos a morar junto dois anos depois, casamos no civil quando engravidei da primeira filha, sempre quis casar na igreja, mas ele não, então, ficamos só no civil.
Depois do nascimento da segunda filha tive uma grande crise, demorou, mas me percebi fazendo com meu marido igualzinho minha mãe fazia com meu pai. Era uma lealdade, agia de forma inconsciente, por amor cego.
Desde 2019 estou estudando as constelações e isso tem feito muita diferença na minha vida, tanto pessoal quanto profissional. Hoje eu vejo, honro e agradeço a tudo como foi.