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A INFÂNCIA E O RELACIONAMENTO DOS MEUS PAIS

A INFÂNCIA E O RELACIONAMENTO DOS MEUS PAIS
Joelma Aparecida Vieira Busanello
abr. 8 - 5 min de leitura
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Enquanto minha mãe contava sobre sua infância meu coração se enchia de alegria ao saber que teve uma infância feliz, com pais cuidadosos e amorosos que mesmo diante das dificuldades e desafios  conseguiram criar nove dos onze (dois faleceram quando bebê)  filhos  que tiveram.

São muitas lembranças saudáveis que minha mãe tem de sua infância, disse que a única coisa que não conseguiu fazer foi estudar, pois além de morar distante da escola, meu avô não via os estudos como algo importante, principalmente para as filhas, pois para ele mulher precisava se preparar para os afazeres doméstico e para o casamento.

Minha mãe também me contou um pouco o que sabia sobre a infância de meu pai e, conforme ela ia relatando alguns fatos, pude entender o porquê meu pai era uma pessoa que sempre demonstrava revolta por quase tudo. Não tinha muita paciência e quando ficava nervoso quebrava o que via pela frente. Nunca agrediu fisicamente minha mãe, mas em muitas ocasiões eles discutiam muito.  Ele tinha muita dificuldade em conversar e expressar seus sentimentos.

Meu pai teve uma infância marcada por privações, violência doméstica e orfandade.  Meus avós tiveram 16 filhos sendo que 7 morreram quando criança.

Meu avô trabalhava na lavoura de café, e o pouco que ganhava mal dava para o sustento da família, e além da extrema pobreza  material meu avô era alcoólatra e em muitas ocasiões agredia fisicamente minha avó.

Meu avô faleceu quando meu pai tinha 9 anos, e de certa forma a situação ficou pior, pois meu tio mais velho teve que assumir a responsabilidade  pela família e, sendo ainda muito jovem teve dificuldades para conseguir emprego. Minha avó era dona de casa e não podia trabalhar fora por causa dos filhos pequenos. Meu pai era o terceiro filho.

Quando meus pais se casaram minha mãe tinha 16  e meu pai 26 anos. 

Foi no interior de São Paulo, numa fazenda de café que meus pais se conheceram. Minha avó materna e minha avó paterna  viraram comadres e meu avô gostava muito de meu pai.

Meu pai demonstrou interesse por minha mãe logo que a conheceu. Minha mãe na ocasião “paquerava” um jovem de sua idade o qual ela gostava muito, mas não era do gosto de seus pais. Ela deu graças quando meu pai teve que ir trabalhar em outra cidade, assim não pegava no pé dela.

Dois anos mais tarde ele voltou e a pediu em namoro. A princípio não quis, mas por influência do meu avô ela resolveu aceitar o namoro.  Namoraram dois meses e combinaram fugir, só que na noite que planejaram a fuga minha mãe não conseguiu acordar na hora combinada. No outro dia cedo meu pai foi até a casa dela para reclamar e meu avô ouviu a conversa e disse que deveriam se casar.

Meu pai aceitou a sugestão do meu avô e no mesmo dia foram ao cartório para agendar a data do casamento. Minha mãe não gostou, mas para não dar “desgosto” para seus pais aceitou se casar.

Meu pai quando sentiu que minha mãe não  tinha afeição por ele começou a tratá-la de forma grosseira. Era muito ciumento  e controlador fazendo com que minha mãe se anulasse e ficasse submissa a ele.

Dos 16 aos 23 anos minha mãe teve quatro filhas e se dedicou  a cuidar da casa e da família  enquanto meu pai trabalhava. Quando tiveram a última filha, cinco anos depois, minha mãe começou a trabalhar para ajudar no sustento da casa e só parou depois que as filhas, já adultas, começaram a trabalhar.  

Logo que começou a vir os netos meu pai adoeceu e faleceu em 2004 com 60 anos.  Com a morte de meu pai minha mãe tomou novos rumos, vendeu tudo, mudou para outro estado e hoje, aposentada, vive muito bem com minhas irmãs.

Meus pais conviveram maritalmente por 34 anos, e no decorrer desta jornada regada de alegrias e tristezas minha mãe aprendeu a amar meu pai,  pois viu que apesar de ser um homem rude tinha um ótimo coração e sempre fez de tudo para prover uma vida digna a sua família.

Hoje, diante da história de meus pais, consigo perceber que mesmo carregando tantos sofrimentos, dores e decepções, por amor a família, eles fizeram o que puderam para nos proporcionar uma vida melhor. 

A eles todo meu amor e minha eterna gratidão por me darem a vida.

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