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A NOSSA INFÂNCIA

A NOSSA INFÂNCIA
Rita Mileni de Souza Lima
mai. 15 - 6 min de leitura
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Das poucas informações que tenho sobre a infância dos meus avós maternos:

Francisco Pedro e Maria Veneranda e paterno Geraldo (que não conheci) e Maria Rosa posso afirmar que eles pouco tempo tiveram para brincar livremente, para estudar e desfrutar da fase de vivencia escolar.

Eles muito cedo precisaram trabalhar em casa, na roça ou na caatinga e as brincadeiras eram entre as roupas sendo lavadas no rio, enquanto cavalgava tocando o gado, descalço na lida na caatinga, carregando água, cuidando dos irmãos.

A comida era muitas vezes limitada outras vezes farta, havia para algum a sede e a fome, já preocupações de homem da casa ou pela ausência do papai e a tristeza da mamãe.

Hoje eu me curvo diante os senhores simbolicamente e sou grata por tudo que a vida lhe custou para que chegasse até mim, eu sinto muito pelos dias difíceis. Sinto muito pelos relacionamentos que não foram vividos de forma saudável e feliz e pelas noites escuras e talvez pela ausência do amor de graça.

A infância da minha mãe Auxiliadora e meu pai José Ribamar, foi para ambos uma infância de muito trabalho, minha mãe cedo cuidava dos irmãos, viu a mãe tomar a decisão de viajar por dois estados saindo do Ceará de avião até Belém e depois de navio até o Manaus com sete crianças ao reencontro do seu pai.

Cresceu cuidando da casa e dos irmãos menores pois era a terceira de doze irmãos. Trabalhou na roça após a escola que era e regime bem rígido deixou a insegurança do falar em público, inventava seus brinquedos e se divertia com irmãos no roçado e com as amigas aos domingos caso se comportasse bem durante a semana.

Muitas coisas do universo feminino, aprendeu com as amigas mais velhas e observando a movimentação a casa quando nascia mais um irmão. A infância do meu pai foi também de muito trabalho, na carvoaria, vendendo, carregando água para a mãe lavar roupas, aos 11 anos foi trabalhar nos correios, tinha uma letra bonita, estudou seguindo os passos o irmão mais velho, sofria vendo a mãe ser abandonada, viu o pai ir e vir várias vezes e a mãe assim sofrer até decidir seguir em frente em busca de um novo amor que nunca se concretizou.

Assim. Ambos com suas vivencias e carências se encontraram e aos 19 e 20 anos permitiram que a via chegasse até mim.  

A minha infância teve nos primeiros dois anos muito amor de toda família, mas tive que ser retirada do seio aos cinco meses de idade porque diziam que minha mamãe não podia me amamentar grávida, ai tivemos um ciclo de amor interrompido. Nos próximos anos, os fatos marcantes lembro-me da partida para o céu da minha avó Rosa e do meu avô Francisco.

Diferente dos meus avós e pais brinquei bastante na rua da minha casa e na casa da minha avó no interior, brincávamos e manja (pega pega), bola, subíamos em arvores, comíamos frutas nos pé das arvores ou penduradas nelas, tomávamos banho e rio, escorregamos no barranco de barro até o rio,  banho nos igarapés de Manaus, fazíamos piqueniques com a mamãe no quintal de casa, os brinquedos da televisão não estava ao nosso alcance como uma bicicleta ou patins mas aprendemos andar, a escola era um local muito bom e que rendeu amizades duradouras.

Das semelhanças com a infância e relacionamentos dos meus antepassados tenho o sentimento de abandono do meu pai que foi embora assim como meu bisavô, avô (por morte) e por um longo ano a ausência da minha mãe que teve que trabalhar em outra cidade e aos fins de semana estava conosco mas ia embora no domingo e agora tive o insight da razão das tardes de domingo me parecerem tão melancólicas.

Tenho as lembranças da violência sofrida pela minha mãe, da nossa casa sendo toda quebrada em outras tardes de domingo pelo meu pai, da dor de vê-lo ir embora e de crescer em um ambiente onde os “homens não prestam” e não são confiáveis.

Com o coração palpitando acelerado hoje olho para essas dores através dos ensinamentos da Escola reais e aceitas tudo como foi, sem querer mudar o passado, sou grata ao meu pai por ter me dado a vida e pela boneca que um dia ele me presenteou após ler minha cartinha aos seis anos para o papai Noel.

Sou grata pela vida que ele me deu e sinto muito por tudo, sou grata pelos meus irmãos que vieram dele. Eu sou muito grata a minha mãe por tudo que ela passou, pela permitir que a vida chegasse até mim, por garantir que eu recebe uma educação de qualidade e por todo amor entregue a mim a e minha irmã.

Ao todo amor a nós dado de graça e sinto muito por todo sofrimento vivido na busca de um relacionamento feliz e saudável. Hoje peço permissão a todos para fazer diferente quando necessário e fazer o de melhor com a vida que recebi.

Gratidão queridos, eu vejo com amor e respeito à infância de todos vocês e agradeço a infância que recebi e me fez hoje está escrevendo essas linhas que percorrem meu sistema.

 

#MOD03

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