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AOS PÉS DOS ANDES

AOS PÉS DOS ANDES
Rosane Huergo
mai. 9 - 4 min de leitura
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Tudo começou com uma meditação guiada. Sou Terapeuta Energética e é isso que faço, metade do meu tempo. E nessa meditação, que acabou se transformando em um renascimento, na hora do meu parto induzido, verifiquei que não estava sozinha.

            Isso não foi novidade. A minha vida inteira, me chamaram de Rosana ao invés de Rosane, e, há alguns anos, numa meditação, me veio a confirmação. Sim, eu era gêmea. Perguntei imediatamente à minha mãe se ela sabia algo a respeito, e ela disse que não, mas que havia sangrado muito até o quarto mês de gravidez, razão pela qual, quando teve a notícia de que eu estaria chegando, teve um susto.

            Na minha primeira sessão de renascimento, também vi a minha irmã. A diferença, dessa vez, estava em que, ao romper a bolsa intrauterina, a primeira visão que tive, foi a de uma múmia andina, emergindo dela, com os braços cruzados sobre o peito, uma expressão de dor no rosto e a boca aberta como se tivesse acabado de soltar um grito. Confesso que fiquei chocada num primeiro momento. Podia sentir a sua dor e foi como se tivesse seus olhos me perfurando. Ela passava tanto desespero que não consegui esquecer dela até agora.

            Quando me acalmei, procurei pensar que talvez pudesse se tratar da Rosana. Repeti para ela várias frases sistêmicas, eu disse: “Eu vejo você, sinto muito”, chamei-a de Rosana, mas não surtiu qualquer efeito. Então apelei para o Arcanjo Miguel, a quem confio e amo muito. E foi com muito custo que a visão da múmia foi se apagando devagar do meu campo e se dissolvendo e virando pó, e assim foi encaminhada para descansar na terra em paz. Um quadro lindo de muitos lírios brancos brotando da sua tumba e seu aroma doce me trouxeram paz e uma sensação de dever cumprido por toda a tarde.

            Mas, sabe aquela sensação de ficar com uma pulga atrás da orelha? Pois é. Alguma coisa não estava certa. Faltava ver alguma coisa naquela imagem. Resolvi mergulhar na imagem do corpo de dor que ela me passava e foi aí que me transportei para a região dos Andes com seus montes coloridos, e fui parar em Jujuy, Argentina, cidade de morada temporária dos meus bisavós maternos.

Eles vieram da Espanha fugindo da guerra, e passaram pela Argentina, antes de virem para o Brasil.

            Nesse momento tomei consciência de que aquela múmia andina seria de uma antepassada, mulher ou amante de meu bisavô Hilário, excluída, abandonada, sozinha e grávida.

Sempre senti que haviam segredos rondando a vinda dos antepassados saídos da Espanha, passando pela Argentina e a sua chegada ao Rio de Janeiro. Tudo era escondido, ninguém sabia de nada, pouco se falava dessa época ou da Terra Natal.

            Mas, qual a relação dessa antepassada, à quem dei o nome de Sara ou Sarita, em castelhano, com o meu parto?

Creio que a minha irmã não nascida Rosana estava identificada com ela, e trazia essa memória transgeracional em seu DNA. Sendo assim, compreendi que devia haver a inclusão da Sara e um período de luto a ser cumprido. Comecei a dizer a ela:

“Querida Sara, eu vejo você. Eu vejo você, Querida Sara! Eu vejo todo o seu sofrimento. Reconheço a sua coragem e bravura. Apesar de ter sido abandonada, você não desistiu. Você honrou a raça, a garra e a força dos seus ancestrais. E por amor ao seu filho você não fraquejou um minuto sequer. Às vezes é preciso demonstrar coragem ao aceitar o Destino que nos é imposto. Eu sinto muito, Querida Sara. Eu sinto muito. Agora eu sei. Eu vejo você.”

Enquanto esse quebra-cabeças é montado em minha mente, sinto um vento gelado envolver o meu corpo, e me vem a imagem de uma mulher grávida subindo um monte de terra vermelha, gelada, seus cabelos ao vento e ela cansada, sozinha, se curva sobre o próprio ventre, sentindo as contrações de um parto, que nunca chegou a acontecer.

            Nesse momento, meu peito se aqueceu e preencheu com o exalar de um suspiro profundo.

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