Começamos pelo meu PAI:
Meu pai foi criado no interior, minha avó paterna, morreu cedo, morreu três meses antes de eu ter nascido, uma doença que meu pai chamava de "barriga de água", que depois de adulta eu entendi melhor, procurei e descobri que era esquistossomose.
A criação de meu pai foi muito simples, meu avô era um pouco duro, exigia respeito dos filhos. Uma vez meu pai respondeu meu avó e ele deu um tiro de espingarda nos pés do meu pai, não acertou, talvez ele nem queria assustar apenas deixar claro quem mandava.
Meu pai saiu de casa cedo, foi trabalhar nas empresas, em firmas, correndo várias cidades. Ele era assim: considerado namorador, safado, um boêmio eu acho.
Minha mãe:
Também do interior, vida sofrida, tinha que cuidar dos irmãos mais novos, trabalhar na roça, não recebeu muito amor e carinho.
Conta ela que de uma páscoa todos os irmãos mais novos ganharam chocolates e ela por ser a mais velha ganhou apenas três balinhas.
Minha mãe conta que minha avó a enviou com nove anos para ir morar com um tio, que a deixava sozinha e saia à noite, e que ela passou muito medo.
Também conta que com treze anos saiu de casa, e foi trabalhar de babá e costureira, que recebia o salário e levava para meu avô.
Eu:
Meus pais se conheciam desde crianças, também naquele interior, todo mundo conhecia todo mundo.
Acho que meu pai foi o grande amor da vida da minha mãe, ela saiu do interior e foi para Curitiba atrás dele, engravidou e eu nasci. No meu registro ainda consta: FILHA DE PAIS SOLTEIROS, tinha essa frase na época.
Já minha mãe não sei se foi o grande amor do meu pai, como falei ele era namorador, mulherengo. Ouvi dizer mas não tenho como confirmar que tenho uma irmã, que tem praticamente a mesma idade que eu, segundo uma tia minha meu pai engravidou outra moça e minha mãe ao mesmo tempo, e teve que ficar com minha mãe, as famílias eram amigas e a outra família quando percebeu que meu pai não ia assumir a criança, retirou a moça da cidade. Dizem que era uma família com posses e que cuidaram bem da menina e da criança.
Não posso remexer nisso porque causaria muita dor e sofrimento em casa, minha mãe é ciumenta, possessiva e controladora, muito controladora com tudo e todos.
A amo e a respeito do fundo do coração, eu sou pequena e ela grande, mas estou apenas relatando fatos aqui.
Como estava dizendo, minha mãe é controladora, amargurada e monopolizadora de conversas, sabe tudo, entende tudo.
Antes tinha muita dificuldade de relacionamento com ela, mas depois das constelações eu entendo, aceito e respeito as escolhas delas, agora a conversa flui melhor.
Mas desde criança, muito pequena presenciei muitas brigas, traições e falta de respeito entre ela meu pai.
Eu, uma criança magrinha, feinha, ouvi muito isso! Tem coisas que aconteceram que não consigo escrever aqui...
Nossa, quando estava escrevendo sobre minha mãe, lembrei de um momento em que fomos comprar presentes de Natal eu acho, e eu lembro que queria tanto uma boneca, tanto e ela não me deu porque não poderia comprar duas, uma para minha irmã e outra para mim, mas lembro que minha irmã nem queria, nem entendia, acho que ela somente repetiu o padrão que aprendeu.
Eu sempre fui muito carente, me acho feia, desengonçada, burra, luto constantemente com pensamentos assim.
Meu primeiro casamento acabou porque meu marido era grosso, estúpido, nada romântico.
Namorei uma pessoa que nossa parecia minha alma gêmea, ficamos três anos juntos, mentiu pra mim. Me traiu, não tenho certeza, mas a mentira já dizia tudo. Terminei.
Voltei para meu primeiro marido e pai do meu filho, o grosso, que agora só é grosso às vezes, que agora só é estúpido às vezes e só é romântico às vezes. E meu filho, nosso filho, usuário de maconha, o motivo pelo qual procurei as constelações e pelo qual estou aqui tentando aprender. Me culpo tanto!
Mas com isso tudo estou tentando lidar aqui, ainda não é o fim, não sei nem se é o meio, pois estou aprendendo tantas coisas com as constelações.
Ainda tenho muito que trabalhar, que constelar.