Em maio de 2022, a minha filha me ligou no sábado para
domingo do dia das mães, falando algumas coisas que eu não conseguia encaixar a
Jhei que sempre conversávamos com a Jhei que estava no telefone.
Aos poucos, ela e meu genro foram relatando que ela teve um
súbito, que ela não conseguia sair de casa, precisava ficar no quarto pois
tinham pessoas a perseguindo e ela precisava ficar no escuro.
De junho a outubro, fiquei na casa deles e foi o período que vivi
um estado de muita tensão, sofrimento e também muito amor, sabedoria e espiritualidade.
A minha filha teve uma dissociação de personalidade, isso
ocorreu por conta de um período de muita tensão, muito estresse que ela teve
por conta de estudo, trabalho e aperfeiçoamento do idioma do país onde ela mora.
Dissociação de personalidade é uma alteração da consciência que
distancia a pessoa da realidade, geralmente é uma reação a um trauma como forma
de ajudar a evitar memórias ruins. O diagnóstico foi de depressão por psicose.
Durante esses cinco meses, passamos por psiquiatras e psicólogos, dando assistência médica e psicológica.
No começo, a Jhei teve crises, teve momentos em que ela
queria fugir de madrugada, era um sofrimento e tanto para ela. Ela vivia em uma
outra realidade, pensava que estavam atrás dela, que os moradores da cidade
onde ela mora estavam contra ela, eles queriam prejudicá-la, ela tinha dúvida
se realmente ela tinha presenciado eventos como o velório da minha tia, se
realmente o meu pai tinha falecido, ela queria se separar do marido por conta que
achava que o casamento era forjado, entre outros eventos.
Ela se isolou de todos os amigos, familiares e conhecidos.
Pedi ajuda a um amigo psicólogo e ele foi me orientando em
como podíamos ajudá-la nesse processo.
Toda realidade diferente, que ela nos contava, ao que
estávamos vivendo, nós não negávamos, nós ouvíamos atentamente e procurávamos dar
segurança a ela, pois ela estava totalmente reativa naquele período.
Como tínhamos muito tempo juntas, fizemos programações, ela
estava aberta para isso e fizemos uma agenda, de manhã nós tínhamos atividades
e à tarde com o meu genro (depois que ele voltava do serviço).
Pintamos à guache, à lápis, fizemos bolo, bolachas, Qi Gong,
Yoga, leituras, caminhadas, etc... fizemos um planner com as atividades da
semana.
Depois de algumas semanas, inserimos a bicicleta. Foi aí que
não paramos mais. Andamos muito de bike, chegamos fazer em um dia 50 km.
No período em que não estava acompanhando-os, eu recebi um
insight e decidi fazer corações para cura da minha filha.
Lembrei de uma das mentorias da Profa. Olinda, lá fui atrás
de pano, linha, tesoura e comecei a fazer corações amarelos com bordas
laranjas e não parei mais.
Para mim foi um ritual, o fato de modelar, cortar, costurar
... foram sessões e sessões de agradecimentos, de memórias de quando ela era
pequena, de atitudes que deveria ter feito e não fiz, entre outros pensamentos.
Vou dizer que não parei só nos corações, fiz móbiles, fiz
travesseiro para o Theo (amável cachorrinho)... foi uma cura para mim.
Faltava a minha expressão materna, faltava eu tomar o papel
de mãe e achava que não tinha direito.
Esse período foi muito constelatório.
Dias após que ter chegado à casa deles, entrei em contato com a
Marcia Regina Valderamos, terapeuta sistêmica, minha colega da Escola Real, e pedi ajuda a ela, eu estava realmente muito vulnerável.
Ela me atendeu prontamente e indicou a Marisa de Souza, outra terapeuta da nossa Escola.
A Marisa fez a constelação no mesmo dia, isso porque tínhamos
um fuso horário, mas foi como a Marisa disse: "o Aparente do Aparente", tudo fluiu
para acontecer aquela constelação.
Agora me emocionei, revivi a constelação.
Depois da sessão, a Marisa me ensinou a fazer um exercício
sistêmico aos meus antepassados que foram para a guerra.
Todas as noites eu me deitava de barriga para o chão, com as
mãos estendidas e agradecia aos antepassados da família paterna.
Pedi a eles para nos liberassem daquela tensão, que a guerra
já tinha acabado, que tudo estava em paz.
Toda semana ia na igreja da região, acendia uma vela, orava
muito pela cura e discernimento da família. É como aquele versículo de Mateus:
"Pedí, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei e
abrir-se-vos-á.
Pois todo o que pede, recebe; e quem busca, acha; e ao que
bate, abrir-se-lhe-á." Mt. 7:7-8.
Antes de pegar o avião e voltar para casa, fiz uma carta
para minha filha, meu genro (meu filho do coração), relatando o período que
passamos juntos, coloquei corações e um móbile. Pedi que lessem quando
estivesse chegado em casa. Foi um ato totalmente sistêmico, todos estavam
emocionados.
Quando colocamos o sentir em nossos atos tudo se transforma,
há amor, presença, pertencimento e tudo entra em harmonia.
Retornei para casa há um mês e a minha filha já está muito
melhor, ela está consciente do que aconteceu, vive na realidade, se dispôs a retomar
o contato com a sociedade e hoje está me orientando a colocar em andamento as
mídias sociais quanto a minha profissão.
Agradeço a Deus, aos Anjos Marido, Profa. Olinda, Marcinha,
Marisa e a todos que me ajudaram nesse período.