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AS NOITES ESCURAS DO MEU SISTEMA FAMILIAR

AS NOITES ESCURAS DO MEU SISTEMA FAMILIAR
Sarah Borges
jul. 28 - 7 min de leitura
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Para falar das noites escuras do meu sistema familiar, decidi começar comigo e incluir o tema que me trouxe às constelações familiares e sistêmicas que é minha compulsão alimentar. Nesta desordem, a comida acaba por ser o alento que alguém precisa para aliviar suas dores externas, emocionais e transgeracionais.

As compulsões geralmente podem estar associadas a memórias de medo dentro do sistema.

Neste sentido a compulsão chama a atenção para que se olhe as dinâmicas de ameaça à vida. Todo comportamento por natureza é uma forma de manter o corpo vivo.

Cada compulsão mostra a especificidade do trauma. Numa família onde houve morte por intoxicação, por envenenamento, o transtorno obsessivo compulsivo será por limpeza. Quando houve injustiças em relação à propriedade, a pessoa pode ter mania de comprar ou mania de roubar. Existem alguns tipos de transtornos obsessivos compulsivos que são movimentos corporais.

São memórias específicas de medo, daquilo que não só ameaçou, mas também daquilo que salvou. 

Um abuso sexual sofrido na infância por um pai, avô ou tio, até mesmo alguém da família com quem esta pessoa possa estar conectada em alma, honrando por amor e seguindo o mesmo destino. Ou seja, conectada a uma dor, a pessoa passará a comer por ela e pela outra pessoa. Trata-se da chamada autoproteção, através de camadas de gordura, para não ser mais alvo de abuso. Ao engordar cogita-se não mais ser incomodada ou, não ser mais abusada.

Isso não é uma escolha consciente e sim da força do inconsciente, para a proteção de todas as memórias do sistema.

Observa-se também uma desconexão amorosa entre o obeso e os pais, ou os pais dos pais. Ao não receber o devido amor dos pais, o indivíduo não se sente nutrido, assim, esse fluxo amoroso fica interrompido, fazendo com que a pessoa coma compulsivamente para saciar uma outra espécie de fome: a afetividade.

Inconscientemente sinto que nada é capaz de compensar essa fome. Meu consumo é desproporcional à minha fome: sinto saciada e ainda como mais um pouco, e logo a fome volta, e o ciclo recomeça. Há um vazio, um vazio da alma, compensado por comida. Na desconexão amorosa dos pais existe o sentimento de estar sozinho. Ela desperta o pensamento de ter de se cuidar sozinha. Então passamos a comer mais e mais, em razão de suprir a falta desse amor, e o vazio acaba se tornando uma compulsão.

No momento da comida, sente-se um grande alívio, mas logo ele é interrompido, e a vontade de comer novamente aparece. O comer alivia a falta (amor), é como um vazio. Comer alivia momentaneamente esse vazio da existência e quando passa o sentimento de preenchimento, volta-se a comer, e vira um círculo vicioso.

Portanto, compulsão e os transtornos obsessivos compulsivos têm cura, à medida que a memória traumática for acessada dentro de um contexto terapêutico para que se possa informar ao sistema que já passou, que tudo já está bem agora. Ao vivenciar de forma terapêutica o efeito traumático, todo o organismo, todo o sistema reorganiza todas essas memórias como passado.

Só o que é passado, passa. O que está congelado, fica presente. O que é experienciado pode tornar-se passado. Haverá uma resolução dos problemas passados, o que influenciava diretamente na dinâmica compulsiva, ou seja, a causa do problema será tratada.

A cura só se opera por meio do amor. Em todo trauma, o indivíduo passa por um momento de solidão, sente-se desprotegido. Todo esse quadro são memórias traumáticas transgeracionais de identificação com a vítima, exatamente durante o processo de quase morte.

Estes movimentos que chamamos de síndrome do corpo inquieto, inclui as pernas inquietas, os braços e ombros, a cabeça, todo o corpo fica inquieto.

É fato que pertencemos a um sistema familiar e que este sistema irá se conectar a outros sistemas que são comunidades de destino. Isto salva muitas vidas. A manada salva... quando a família coloca em risco, a manada salva. Quem carrega de maneira intensa as memórias de orfandade, precisa encontrar uma comunidade.

E é a partir dos sintomas que carregamos, das experiências, das memórias traumáticas, que nós prosseguimos. Assim como percebemos pessoas que aparentam ser céu, ainda como crianças, uma vez que o seu sistema anterior já trabalhou tanto, tanto, que esta pessoa já está livre, outras pessoas ainda fazem tanto pelos seus sistemas, que algumas vezes elas têm a sensação de que não vão suportar as noites escuras.

A maioria de nós estamos ali, porque na maioria dos sistemas nós somos a primeira geração consciente, às vezes no máximo a terceira e ainda existe um tanto que ainda estão aquém de nós nos presídios, nas psicoses, nas favelas, em grandes comunidades de destino.

Nasce uma criança, nasce uma esperança.

Descendentes de sistemas com mortes precoces e trágicas, cujos antepassados tiveram como destino morrer de fome e depressão, apesar de toda luta, representam milagres de cura que tornam o incompleto completo. Talvez esse mesmo descendente apresente sobrepeso, mas isso não é nada perante todas as coisas incríveis que ele faz. E lá atrás aquele trisavô sorri feliz dizendo: “finalmente”, e este descendente diz: “querido antepassado, grato por tudo, o essencial vocês nos deram e agora tudo o mais nós podemos fazer, inclusive recuperar a prosperidade. ”

Deste modo é possível que um relacionamento entre pais e filhos dê certo quando os pais sabem e trabalham os seus medos de modo que eles não tenham medo. De modo que eles possam dizer até mesmo muito antes de gestar: “você é o filho certo para nós. ”

E então, milagres incríveis acontecem. Às vezes começam dentro do ventre.

A inclusão faz milagres e os geneticistas sabem que muitos diagnósticos em vida intrauterina vão totalmente abaixo, depois que os bebês nascem, às vezes até antes de nascer. Eles chamam isso de emissão espontânea ou erros de diagnóstico, mas nós chamamos de milagres. Milagres são sempre a exceção à regra.

O único modo que nós temos de ajudar nossos filhos a realizar as suas histórias, a cumprirem os seus destinos é dizer: "Eu os tomo, exatamente como são, com tudo o que carregam". Quando decidimos ter um filho, nós enfrentamos todos os nossos medos, um filho muda as nossas vidas.

O fato de um adulto de um sistema ter qualquer sintoma não significa absolutamente nada perante as tarefas que nossos filhos carregarão.

A cada um de nós é dado um destino e aqueles que carregam sofrimento foram sorteados com uma configuração de tarefas que ainda estão em aberto no sistema. Por isso é um traço de pessoas superdotadas, a empatia e o senso de justiça social.

E nós sabemos que todos somos livres acerca do plantio e do cultivo, mas não sobre os frutos, não sobre a colheita.

#mod07

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