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AS ORDENS DA AJUDA

AS ORDENS DA AJUDA
Paula Azevedo
mai. 22 - 7 min de leitura
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Reflexões para se tornar um ajudante eficaz a partir do livro: "As Ordens da Ajuda", de Bert Hellinger

Primeira ordem: Dar apenas o que se tem e somente esperar e tomar o que se necessita

Isto significa que você só pode ser um agente de reconciliação, se estiver sido reconciliado. Só pode conduzir à paz, à cura e à felicidade, se estiver aplicado estes princípios em sua própria vida.

Só podemos oferecer aos outros àquilo que já conquistamos.

Portanto, a primeira desordem da ajuda começa quando uma pessoa quer dar o que não tem, e a outra quer tomar algo que não precisa... Existem limites no dar e tomar os quais precisamos respeitar e nos submeter.

 

Nem sempre aquele que sofre deseja realmente ser ajudado, muitas vezes, o cliente tem outros planos em mente, tais como modificar o comportamento daqueles que vivem com ele, a quem ele julga serem os verdadeiros causadores de problemas da sua vida. Outros querem apenas lamentar e permanecer paralisados em suas posições de vítima. Apresentando cenários que inviabilizam qualquer solução. É preciso perceber o coração e as intenções daquelas pessoas que chegam até nós.

 

Segunda ordem: Devemos nos submeter às circunstâncias e somente interferir e apoiar à medida que elas o permitirem.

Esta ordem tem a ver com suportar o destino do cliente e não querer mudá-lo. Está relacionado principalmente com destinos difíceis que envolvam morte ou outras situações na qual o ajudante quer evitar e de certo modo “salvar” o cliente.

Sobre esta ordem Hellinger afirma que existe uma ideia bastante difundida de que quando alguém faz uma formação como psicoterapeuta, assistente social ou professor sente que foi chamado, que tem direito e que também precisa ser capaz de interferir nos destinos e mudar as suas vidas de acordo suas próprias ideias de como a realidade deveria ser. É o complexo de mártir, de salvador, que não salva a ninguém e só adoece os ajudantes.

 

Portanto, a desordem da ajuda, seria negarmos ou encobrirmos as circunstâncias ao invés de olhá-las junto com o cliente.

 

Terceira Ordem: O ajudante deve se colocar como adulto perante o cliente, um adulto que procura ajuda.

Em seu livro “A ordem da ajuda” Hellinger é bastante enfático no que diz respeito à esta ordem. Segundo ele, a tradição da Psicoterapia é baseada na relação de transferência e contra-transferência entre terapeuta e cliente. Segundo a Filosofia Hellingeriana, o ajudante precisar ir além da relação terapêutica e se chamar o cliente para sua postura de adulto, frustrando-o muitas vezes.

Para desenvolver uma ajuda que seja eficaz, isto é, que produza bons efeitos, devemos evitar ou impedir a relação terapêutica. Isto é, quando o cliente se apresenta como frágil e necessitado e o terapeuta se apresenta como o pai ou a mãe dele. Hellinger propõe que desenvolvamos uma relação entre adultos, entre iguais que procuram juntos uma solução e que agem.

Bert ainda aponta que quem entra numa transferência, ou numa relação terapêutica com seu cliente, também permanece como criança, pois além de se oferecer como pai ou mãe do cliente, arroga-se perante seu próprio pai e sua própria mãe, pensando que pode ajudá-los ou salvá-los. A arrogância da criança diante dos pais, continua na arrogância do ajudante perante o cliente.

A desordem da ajuda é permitir que o cliente se comporte perante ao ajudante como uma criança diante dos pais e que este o trate como criança enfraquecendo-o e retirando de si suas responsabilidades e consequências.

 

Quarta ordem: A empatia do ajudante deve ser sobretudo sistêmica

Não devemos olhar o cliente de forma isolada, pois ele faz parte de uma família, não leve em consideração apenas a queixa do cliente, mas todo o contexto...

É preciso trabalhar com profundo respeito pelo sistema do cliente, pelas suas histórias e “Colocar-se ao lado de quem, contra quem se tem uma queixa” nas palavras de Olinda Guedes ou nos colocarmos ao lado dos excluídos. Quando nos colocamos ao lado dos excluídos, o trabalho sistêmico ganha força e aponta para a solução.

A desordem da ajuda é permanecer excluindo, as personagens não vistas e não honradas do sistema do cliente.

 

Quinta Ordem: O amor a cada um, como ele é...

Quem ajuda, não julga.

Esta ordem da ajuda, fala do princípio do não julgamento, de abrir o coração para qualquer destino, seja até aqueles moralmente reprováveis.

É importante aqui que o ajudante saiba reconhecer seus próprios limites e saber em qual circunstâncias não é possível dar lugar a algo no coração...

Todos nós temos nossos pontos sensíveis, logo, o que não está reconciliado em nosso coração, e em nosso sistema, não podemos reconciliar no coração de mais ninguém.

 

Para terminar, quero afirmar que tenho aprendido que ser ajudante é um exercício de constante humildade. Hellinger afirma que “A grande arte da ajuda é encontrar o lugar certo, o lugar de força. Entretanto, lá se tem pouco a fazer”. Pois perdemos a importância. Devemos ajudar partindo de baixo.

O ajudante profissional é aquele que tem como ofício ajudar seres humanos a crescerem e se desenvolverem. Hellinger argumenta que a ajuda que oferecemos não pode ser uma espécie de muleta, pois este tipo de ajuda enfraquece o cliente, ele declara que “Ajudar de forma que o outro se exponha à sua vida e ao seu destino mesmo que seja difícil é ajudar profissionalmente. Quando alguém se encontra em dificuldades, nos colocamos muito facilmente na posição de pai ou mãe. Nesse momento o outro se torna criança e não encara mais o seu próprio destino. Essa ajuda é agradável para o ajudante e terrível para aquele a quem é oferecido esse tipo de ajuda”.

O ajudante é uma pedra bruta que precisa ser polida, quanto mais polido, mais trabalhado, mais eficaz se torna a sua ajuda. Não há outra forma de polimento para um ajudante do que se abrir às experiências, histórias e destinos dos seus clientes. “Todo encontro com outros seres humanos fica sendo mais do que um simples encontro entre ele e mim. Torna-se um encontro de destinos...” aos quais devemos reverenciar e nos curvar.

 

 

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