Querida criança, sinto muito por você ter se sentido abandonada quando aos 3 anos sua irmã contraiu “varíola” e sua mamãe e ela entraram em quarentena se isolando por pelo menos 30 dias.
Papai precisava trabalhar e você ficou aos cuidados dos avós maternos, mesmo assim, convivendo com avós e tias você teve “estomatite” e com feridas na boca se recusava a comer. Penso que a dinâmica dessa doença seria: “não quero mais viver sem a mamãe e o papai”.
Nessa fase, não tinha desenvolvimento neurológico para entender o que estava acontecendo, mas percebia no ar que algo estava errado. Mesmo sendo um abandono imaginário, percebia a preocupação de todos a sua volta, principalmente a avózinha que já tinha passado pela situação da perda de um filhinho nessa idade.
E fico imaginando quantas mulheres de nosso sistema passaram por essa situação de perda de um ente querido sendo tão pequeno, penso que para uma mãe, a perda de um filho deve ser uma dor muito grande.
Porém, foi só um período difícil, e mamãe voltou com a irmã curada para casa.
Depois os anos escolares em que sendo uma criança tímida tinha medos e inseguranças próprias de algumas crianças, e que mesmo sendo problemas imaginários, contudo tão reais para um ser tão indefeso e, por isso, não deixam de ser sofrimentos, principalmente aprendizados que levamos para o resto da vida.
Só quero te dizer seja feliz com tudo que aprendeu até aqui e continue aprendendo sempre.