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CARTA À MINHA CRIANÇA

CARTA À MINHA CRIANÇA
Talita M. M. Yokoyama
out. 24 - 3 min de leitura
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Querido avô Pedro, sinto sua falta, o carinho e atenção que o senhor dispunha a nos dar. Muito carinhoso comigo, dizem que eu fui sua neta preferida, porque não era perfeita, porque era uma “menina moleca”, delicada, doce, meiga e arteira rsrsrs. Senti muito sua partida precoce, por muito tempo tive raiva da minha avó por tê-lo deixado partir, não compreendia que em um acidente não havia um culpado.

Hoje sei que não foi culpa dela e sei também que para ela foi muito difícil viver sem sua companhia, sem suas brincadeiras e assim perdeu a alegria e seu sorriso. Hoje compreendo o quanto vó Josefa precisou ser forte para sobreviver sem sua presença, tornando-a mais rígida e dura. Sofri calada, me fechei para as pessoas, tive medo de gostar, de amar, de me aproximar demais das pessoas e elas partirem, e me deixarem só novamente.

Querida vó Alcinda, tão doce e encantadora! Tive medo do mundo quando a senhora partiu. Senti falta de minhas tarde com a senhora, de pentear seus lindos cabelos pretos. Sua calma e serenidade fizeram falta em minha vida. Nossas conversas diárias, a rosa que colocava em seus cabelos ainda posso senti-la. Vovó me senti culpada por não conseguir chorar em sua partida, por não chorar sua morte. Me senti uma péssima neta, uma péssima pessoa e mais uma vez me fechei, me reservei e decidi que não poderia mais amar.

Me lembro como hoje quando em seu velório todos choravam e eu não compreendia porque não era capaz de expressar minha dor como tantos faziam, me senti perdida sem tê-la presente. Hoje me sinto segura para dizer que os amei e os cuidei enquanto estavam vivos, percebi que não me permiti ser alegre, feliz e interagir com as pessoas, pois não queria continuar sem vocês, não me sentia digna por não ter demonstrado o meu sofrimento em vossas partidas.  

Me anulei perante as pessoas, pois não me permitia apegar-me a ninguém. A partir dos meus 10 anos, “fugi do convívio social”, decidi que deveria ser autossuficiente e não receber ajuda de ninguém, pois sentia que não poderia confiar em ninguém, pois me deixariam só pelo caminho.

Mas hoje sei que demonstrei todo o meu amor enquanto viviam, estive pertinho o quanto pude, dediquei todo o tempo que tivemos juntos com carinhos e cuidados e tenho boas memórias junto a vocês.

Sou grata por tudo o que vivemos e tudo o que pude aprender com a vivência que tivemos.

Se hoje sou um tanto mais carinhosa, cuidadosa e dedicada a meus pais e aos idosos próximo a mim, tenho muito a agradecer a minhas memórias junto a vocês.

Trago junto de mim cada um de vocês. Hoje eu sei que os tenho bem pertinho de mim, que sempre estarão comigo e que trazê-los mais próximos sem que quiser. Tenho a força e a determinação dos meus avós Pedro e Avelino, a serenidade e a calma de minha avó Alcinda, e a determinação, a valentia e a fé de minha avó Josefa.

Peço-lhes que me abençoem para que, com o que há de vocês em mim, eu saiba utilizar para o bem para tantos outros avós que eu encontrar.

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