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CARTA A MINHA CRIANÇA INTERIOR

CARTA A MINHA CRIANÇA INTERIOR
Maria da Salete Ximenes Cavalcante
nov. 6 - 11 min de leitura
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Falar de criança interior requer uma breve reflexão por ser um conteúdo que fala de muita dor, mais de muita resiliência também.

“Todos temos uma criança interior. A criança é o nosso canal para o divino. É ela que mantém a chama de vida acesa, iluminando em nós qualidades como entusiasmo, leveza, curiosidade, humor e espontaneidade. ”

Segundo Louise Hay: criança interior é uma parte da nossa mente que experimentou a vida e se adaptou a certos comportamentos e padrões para viver. É uma parte inconsciente de nossa mente, onde carregamos nossas necessidades não satisfeitas, emoções reprimidas da infância, nossa criatividade, intuição e capacidade de brincar.

A criança interior é aquela que se manifesta em nós e cujas experiências ainda não “foram embora”. Várias vezes, vemos ainda o mundo através dos olhos de nossa criança.

 Carl Gustav Jung (1875-196) “Em todo adulto espreita uma criança - uma criança eterna, algo que está sempre vindo a ser, que nunca está completo, e que solicita, atenção e educação incessantes. Essa é a parte da personalidade humana que quer desenvolver-se e tornar-se completa.

O relacionamento que tivemos com nossos pais em nossa infância molda cada relacionamento que temos na fase adulta. Quando crianças devemos aprender a nos expressar, dizendo como nos sentimos.

Segundo nossa mestra Olinda Guedes, ás vezes precisamos de uma figura adulta para nos guiar em meio às “grandes emoções” vivenciadas nessa fase, um tio, um padrinho, Jesus, mamãe do céu, alguém que você ame e lhe inspire confiança.

Queremos e precisamos muito ser vistos e ouvidos pelos nossos pais. No entanto, grande parte de nós nasceu de pais que carregam seus próprios traumas não resolvidos, herdados de seus próprios pais e antepassados. Sendo também difícil para eles saber como regular suas próprias emoções e, portanto, não conseguem lidar bem com as nossas.

Queremos lidar com essa realidade, adaptando-nos, a agradar nossos pais, de forma a tornarmos o que eles querem que sejamos, por exemplo, boazinha, uma boa menina, menino.

Nessa busca para agradar aos nossos pais, nos comportamos da maneira que eles valorizam e veem como “boas” e rejeitamos as partes de nós, que são vistas por eles como vergonhosas ou “más”.

Pequenas versões de nós mesmos estão lá, esperando para serem integradas, aceitas, amadas, impulsionadas em direção a uma vida adulta que lhes dê acolhimento e proteção.

A criança feliz, a criança curiosa, a criança sonhadora, a criança indefesa, a criança insegura, a criança medrosa, a criança mandona que acredita que o mundo gira ao seu redor, a criança criativa capaz de inventar histórias e brincadeiras as mais diversas.

Às vezes acordo com saudades de mim mesma. O resgate de nossa criança é parte fundamental de nosso despertar. Sem a criança não há vida espontânea, não há alegria, não há esperança. Quem não sente saudades da criança que foi, de vez em quando?

Dos dias em que a vida se resumia em escolher que brincadeiras, desenhos iriamos fazer, qual o dia da próxima comidinha no domingo, das brincadeiras de roda nas noites enluaradas, de recitar versos nas brincadeiras de meu lado direito está desocupado, do anelzinho que andou, andou em qual mão ficou?  De jogar bola, ou de simplesmente, formar palavras com nomes de frutas, de flores, de objetos, de ver TV, Filmes, jogos.

O excesso de seriedade deve ser deixado de lado, queira brincar mais e experienciar essa leveza divina que torna a existência possível.

“Sejamos leves, a vida chega a ser cruel com os adultos. Deixe de ser adulto chato que não sabe ter a doçura no olhar e a ingenuidade necessária para bem viver. ”

Importante acolhermos criança interior na sua totalidade, tudo o que ela traz, tanto suas tendências boas como ruins, que estejamos livres para, expressar nossa verdadeira essência que existe dentro de nós.

Quando a criança interior estar desperta em nós de forma saudável ela nos traz coragem, entusiasmo e equilíbrio. Assim sendo, podemos nos tornar mais capazes de transmitir amor à nós e a nossa família.

                               

                                  Querida e amada criança

Olhando você agora, vejo como foi sofrido seu crescimento e desenvolvimento interior.

Venha até a mim e, seja carinhosamente abraçada e aconchegada, sinta o meu amor. Somente depois de vários anos em busca do autoconhecimento, pude compreender que meus traumas iniciaram em você, mas entendo também, que você é minha cura. Meus anseios e sonhos foram carregados por você.

Os meus referenciais familiares foram carregados de muitos sofrimentos, principalmente pela carência financeira, afetiva, doenças graves familiares, traições de meu pai para com mãe, pouca ou quase nenhuma liberdade para expressar meus sentimentos e desejos de brincar com colegas, e amigas que foram poucas, (para o papai nossa companhia bastava), muitas obrigações a  cumprir como,  nossa tarefa escolar, de aprendizados de fazer crochê, bordados manuais, costurar, trabalhos domésticos e espiritualidade antes de dormir.

O dia era cronometrado, ás dezenove horas já deveria estar no quarto rezando com minha tia Tindú e depois dormir; ás seis horas da manhã era para estar no banheiro para depois tomar café e ir para escola, era um bom lugar para mim, sempre me relacionei bem com minhas professoras e colegas.  

Olhando o sofrimento de minha mãe, com olhar perdido, triste, sofrendo, criei uma profunda necessidade de ser amada, cuidada e vista, hoje eu entendo a importância do Agora eu sei! Eu vejo você! Tudo passou! A guerra acabou! Eu acolho você! Eu te amo! Benditos termos trabalhados conosco pela nossa mestra Olinda nas constelações familiares sistêmicas.

Hoje eu sou uma adulta que precisa de integração comigo mesma, e com outras pessoas também.

Agora posso dizer: " Mamãe, eu estou aqui! O que está aconteceu? Me ame por favor!" Eu vejo medo e tristeza nos seus olhos e no peito, o mesmo medo que a senhora sentiu, pela perda de seu papai com apenas dois aninhos e, que papai chorava pelo falecimento de sua mamãe, também com dois anos, não conheceram se quer suas faces, tinham apenas uma imagem interna, criadas pelo relato da vovó Antônia e do papai vovô Raimundo.

Eu carrego sua crença nos relacionamentos em que senti pela necessidade de agradar por medo da rejeição. Foram várias pela carência e nenhuma por mim mesma.

Para mim, é muito triste e doloroso escrever sobre sonhos que quase nenhum vivi. Eu sei do abismo que houve com a morte da vovó e do vovô e o quanto isso dilacerou suas capacidades de amar. Foram tantos desejos frustrados e vocês eram apenas duas criancinhas crescendo na busca de serem acolhidas, amadas e felizes.

Querida e amada criança, agora eu sei, venha aqui. Nesse lugar escuro e frio, sou eu. Não vou te deixar aí. Prometo me conectar sempre com você e juntas, vamos transformar em alegria, esse olhar triste e melancólico que sempre vivenciei.

Confie em mim amada criança, nunca mais vou te abandonar. Você não está mais sozinha, amada menininha, que quase não experienciou o brincar, o sorrir, o cantar, o imitar, o simbolizar, o amar.

Menininha do meu coração, desculpa por não ter proporcionado antes, os seus sonhos, por ter vivido nessa fuga de mim mesma, nessa solidão mesmo convivendo com muitas pessoas, não me achava merecedora desse amor por ninguém, dessa atenção, dessa escuta, hoje entendo os motivos de minhas dores da alma, físicas, e psicológicas, uma tristeza que doía, minha fé era o meu escudo e meu pilar de ferro.

Eu me tornei uma pessoa forte, estudiosa, resiliente, proativa, trabalhadora, buscadora do autoconhecimento; sem ele não tinha me tornado a pessoa que hoje sou, fui para selva muito cedo, sai de casa aos dez anos para estudar na capital, em um pensionato familiar, minha maior escola, encontrei dois benfeitores, oro por eles até hoje.

Mas agora estou aqui, amada criança, para te pôr no colo, no teu lugar, para te abraçar e aconchegar no meu peito cheio de energia amorosa, para brincar contigo de tudo que você quiser e nós escolhermos, rolar no chão, pular, correr, pintar, agora estou livre para te escutar, olhar nos seus olhos com alegria e leveza desejo lhe acolher e te amar, para sermos felizes e vivenciar nossas possibilidades.

Venha, não tenha medo, sou sua melhor amiga, vamos brincarmos, eu trouxe essa linda boneca para você, logo, logo comprarei uma para mim, abraça-me forte, vamos brincar num lindo jardim, onde tem arvores para subirmos! Pássaros cantando, flores lindas e perfumadas, grama para corrermos. De hoje em diante, eu vou te proteger e vou te mostrar as coisas lindas que eu conheci, porque embora haja dor, há muita cor e beleza nesse mundo!

Gratidão por me esperar tanto tempo! Você é a minha maior gratidão! Obrigada por seu amor generoso e por não me abandonar! Você é mais forte do que eu imaginava e fez o melhor que pode para sobreviver. Não se culpe mais.

“Sinto muito. Por favor me perdoe! Eu te amo! Obrigada! ”.

 Encerro minha carta a criança interior com esse poema tão lindo e doce em homenagem as nossas crianças interiores, de todos nós da Escola Real, que talvez conheceram tão pouco dessa liberdade, de saltitar com as palavras, com o corpinho com leveza, alegria e felicidade e responsabilidade. "Ser  Criança é acreditar no momento presente com tudo o que oferece. "É aprender a existir, é se sentir amada, pertencente, é poder acreditar que há futuro”.

Agora eu vejo você! Eu lhe acolho e lhe amo amada criança!

                                  

                                                             

Poema Ser Criança é . . .
Fonte: Pesquisa livre na internet
Blog Saltitando com as Palavras

 

 Agora eu vejo você! Eu lhe acolho e lhe amo amada criança!

               #Módulo 01  

                           

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