Queridos antepassados paternos e maternos, convido todos vocês para estarem junto de mim nesta jornada de vida. Concordo e aceito tudo que fizeram para que eu chegasse até aqui e peço a bênção para que possa fazer diferente.
Incluo todos que tiveram que atravessar o oceano, vejo a solidão, a tristeza e a saudade dos que ficaram nas suas terras natais. Vejo cada mulher, índia, francesa, portuguesa: as que foram laçadas, abusadas, as que tiveram seus bebês sozinhos e sem qualquer amparo.
As crianças, muitas delas, recebiam o nome das árvores que abrigavam suas mães.
Reverencio e incluo os primeiros Tatagiba do meu sistema desde a inquisição, e aos que chegaram ao Rio de Janeiro e aos que foram ao Espírito Santo.
Reverencio todos da família Pimentel, homens e mulheres de muita garra. Mulheres destemidas, sofridas e a frente de seus tempos. Lembro de minha amada e querida mãe contar que aos cinco anos de idade saía para vender sapatinhos de tricô feitos por suas irmãs mais velhas. Ela era a décima quarta filha e teve seus estudos de professora no Colégio Interno das Irmandade das Marcelina em Muriaé - MG, pago por uma das suas irmãs, minha tia, que já era formada, professora, e tinha cargo de destaque naquela época.
Uma educação completa.
Minha mãe ficava tempos sem ir ver a família, pois transporte era muito caro e a viagem levava uma semana num trajeto que hoje é feito em duas horas. Ela contava das dificuldades que passou com a rigidez do regime político da época.
Agradeço por eu ser um pouquinho de cada uma de vocês e terem contribuído para que eu chegasse até aqui.
Hoje eu vejo vocês, incluo e reverencio os patriarcas, matriarcas, jovens, crianças e bebês que contribuíram para nos deixar um legado de conhecimentos éticos para sermos gerações felizes e integradas à sociedade. Vejo também os não nascidos, incluo todos vocês, gratidão a cada um e a bênção de vocês para que possa viver diferente com prosperidade e abundância.