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CARTA AOS ANTEPASSADOS

CARTA AOS ANTEPASSADOS
Zelia Bicalho
mar. 24 - 5 min de leitura
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Meus queridos antepassados.

Eu vivo aqui e agora, graças a vocês.

Gostaria de lhes contar um pouco sobre como percebo vocês, minhas descobertas e minhas intuições sobre como tudo aconteceu e minha gratidão para que eu pudesse estar  aqui.

Com o objetivo de saber mais sobre vocês, pesquisei sua história e genealogia com os parentes mais antigos que conheci, inclusive em arquivos históricos em diversas cidades.

Do lado paterno de meu pai, consegui conhecer um pouco até a sétima geração. Até onde eu sei, os ascendentes de meu pai, pelo lado paterno eram portugueses e pelo lado materno eram espanhóis.

Os ascendentes de minha mãe também eram portugueses.

Sei que todos vocês eram pessoas de bem, integras, honestas, muito religiosas e empreendedoras, trabalhadoras ousadas, pioneiras, ambiciosas, corajosas. 

Vocês estão no meu DNA. Vieram da Europa para o Brasil, entre 1700 e 1800, provavelmente de navio, deixando para trás sua história, parentes, amigos e, quem sabe, até suas famílias.

Passaram por todo tipo de privações, sofrimentos e dores na esperança de dias melhores. Chegando aqui sei que passaram por muitas necessidades até que conseguirem se fixar em algum lugar para se manterem.

Pelo que eu sei, foi a corrida do ouro que os motivaram.

Alguns, meus ascendentes mais diretos se fixaram na região e arredores de Pará de Minas - MG.

Depois se dispersaram para outras regiões tidas como mais promissoras e alguns, antes do ano de 1900, vislumbraram na região de São Gotardo, um futuro mais próspero e esperançoso.

Se firmaram ali, adquiriram posses e lá construíram sua imensa prole, à qual pertenço.

Sei também que tiveram muitos desafios e sofrimentos.

Muitas perdas de entes queridos e financeiras. A maioria de vocês plantava de cana de açúcar, fazia rapadura e cachaça.

Sei também que cultivam café e criavam gado, faziam queijos, doces e outros derivados do leite para suas despesas e, o que sobrava, era comercializado para comprarem o que faltava.

Descobri isso em seus inventários e testamentos.

E entre vocês havia muito amor e respeito.

Sempre soube disso.

Sei que vocês vivenciaram muitas dores, que reverberam em todo nosso sistema, devido a vossa lealdade.

Sei também de muitas dores e tragédias, inclusive familiares, destinos difíceis.

Especialmente a sensação de orfandade muito intensa em quase todas as gerações.

Por exemplo, meu trisavô Gabriel Rodrigues Ribeiro, ficou órfão de pai aos dois anos e de mãe aos seis anos de idade.

Essa orfandade se repetiu com meu pai com as mesmas idades.

E o que dizer dos ganhos a partir das perdas?

E o sofrimento pelos filhos natimortos e os não nascidos?

 Um exemplo disso é que meu pai só pode nascer porque a primeira esposa do meu avô faleceu no parto, sem conseguir dar a luz a seu último filho.

Agora entendo porque a sobrevivência de meu pai foi tão difícil.

Também minha bisavó materna faleceu no parto com a criança, na roça, sem assistência médica.

O médico só chegou a tempo de dizer:

- Tragam uma vela, vocês demoraram muito a me chamar.

Eu vejo vocês e todas as suas dores e os acolho no meu coração. Apesar das dificuldades, queridos antepassados, vocês conseguiram e passaram a vida adiante chegando até mim.

Sinto muito por tudo que vocês vivenciaram e sofreram. 

Para homenagear vocês, já coletamos mais de 250 páginas de dados genealógicos e de resgate histórico de sua passagem pela vida terrena, com a colaboração de muitos primos.

Pesquisamos, em diversas paróquias e cartórios, os livros de registros de nascimentos, batismos, casamentos e óbitos de vocês. De minha parte, eu me incluía dentro daquele cenário, participando de suas alegrias e dores.

Eu até dizia que eu fui aos casamentos de vocês.

Sim, eu estava lá.

Enquanto fazia as anotações ou fotos dos livros eu me sentia muito feliz por estar ali naquele ambiente sagrado.

Imaginem!

Encontrei até o assentamento de Batismo da minha hexavó materna, Margarida Vieira de Assunção, em 04/09/1732, em perfeito estado de conservação.

Muito lindo e emocionante esse achado!

Honro a todos com minhas reverencias e abraços de gratidão pela vida que chegou até mim, do jeito que foi e do jeito que pode ser.

Eu vejo todos vocês.

E deixo com vocês aquilo que é de vocês e eu tentava carregar.

Deixo com vocês porque vocês são os grandes e conseguem.

Eu sou pequena, apenas uma descendente de vocês.

 Sou apenas sua filha, queridos pais e antepassados.

Agora, queridos antepassados, eu cresci, casei, passei a vida adiante, constituindo uma bonita família e já tenho muitos netos.

Graças a vocês posso seguir meu próprio destino.

Reverencio vocês, acolho todos em meu coração e agradeço a todos vocês.

Eu os libero de todos de todos seus sonhos não realizados e desejos não cumpridos.

Eu os libero para seguirem o seu caminho em paz.

Peço que liberem a mim e meus descendentes de qualquer expectativa de vocês com relação a nós, para que possamos também seguir nosso caminho com a bênção de vocês. 

E cada um de nós segue o seu destino.

Eu fico em paz. Eu fico em paz.

Por vocês, só tenho amor e gratidão eternizados com muito amor e carinho.

Gratidão, gratidão, gratidão!

Sua descendente.

Zélia Maria Silva Bicalho

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