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CARTA AOS MEUS ANTEPASSADOS

CARTA AOS MEUS ANTEPASSADOS
PATRICIA KELEM DE MACEDO SILVA
mai. 13 - 6 min de leitura
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Queridos antepassados por parte da minha Mãe,

Não sei muito da história de vocês.

O que sei é muito pouco, que seus familiares eram índios e a bisa da minha mãe foi pega a laço por seu marido, sei bem pouco mesmo. Sobre minha avó, sei que e a mais velha de vários filhos e que  perdeu a mãe bem nova, tendo que cuidar de suas irmãs; casou-se bem cedo com o irmão do seu padrasto, o qual a ajudou cuidar de suas irmãs.

Vida sofrida, perdeu vários filhos, queimado, afogado, muito sofrimento.

Meu avô, muito batalhador, nunca deixou faltar alimento em casa, muito esforçado, mas muito bruto, moraram na roça, vida muito sofrida. Minha bisa morava com meus avós, tenho pouca lembrança, mulher linda, um olho verde que ainda fica na minha lembrança.

Meu avô faleceu de câncer, sofreu muito. 

Minha avó, viva até hoje com um filho deficiente (como eu queria que ela tivesse deixado ele ter a oportunidade de ser tratado, um adulto com alma de criança; eu consigo enxergar um sofrimento no olhar dele, não queria, mas tenho um sentimento de dó dele), e um outro louco (assim que eu enxergo ele, sempre querendo prejudicar as pessoas, inclusive meu pai, um homem abusador, não respeita as pessoas, sem limites, queria muito não tê-lo em nossa família, os filhos dele são pessoas maravilhosas e batalhadoras).

Minha mãe, minha tia e meus dois tios muito batalhadores, graças a Deus bem sucedidos na vida lutaram muito, muito mesmo. Sempre que possível eles voltam à roça, aquele lugar parece mágico para eles, mas algo que me intriga e que um lugar que era para ser tão aconchegante se tornou um lugar de discórdia por causa de terras.

Hoje tem separações que eu posso enxergar.

Meu pai construiu uma casa, meu tio está construindo a dele e os dois mais novos estão na sede da fazenda. Minha avó uma mulher amargurada, posso ver no rosto dela isso. Tenho tentado entender porque nossa convivência e tão difícil, sendo que eu gosto dela, mas parece que a minha presença faz mal a ela.

Penso que eu e minha avó, nos duas, repelimos uma a outra. As vezes sinto saudades, mas não conseguimos conversar mais de 5 minutos no telefone. Vejo na minha mãe algumas atitudes da minha avó que eu não gosto. Minha mãe sofreu muito quando saiu da roça para vir para a cidade grande, ela batalhou muito, sofreu, ganhou café quente no rosto, apanhou. 

As vezes sinto minha mãe com um olhar triste.

Uma mãe maravilhosa, meu exemplo de guerreira, lutou por seu casamento e sua família com unhas e dentes. Minha mãe e uma fortaleza, quando olho para ela vejo a fortaleza e sinto que tenho que ser como ela, cuidar de todos e de tudo, eu preciso dar conta como ela da. Hoje entendo porque eu sou assim também.

Queridos antepassados por parte do meu pai,

Sei um pouco menos de vocês do que eu queria, sei que moraram na roça, vida sofrida, meu avô se casou três vezes, a minha avó foi dama de honra do segundo casamento do meu avô e quando a esposa faleceu eles se casaram.

Minha avó teve vários filhos, todos muito diferentes uns dos outros, tenho tios que amo e outros que prefiro não conviver. Meu avô era um homem alto e bonito, infelizmente eu só o conheci na cadeira de roda, eu o amava muito, mas ele se foi muito cedo, eu era bem nova mas lembro bem do amor dele por mim, sobre os pais dele não sei nada, ninguém nunca me contou.

Da minha avó sei pouco também, a mãe dela foi para o Pará com o tio do meu pai e lá brigaram por terras, o tio do meu pai militou pelos sem-terra. A família foi se separando. Minha avó era uma pessoa bem mesquinha ela era muito ligada a bens materiais, mas eu a amava, quando ela faleceu eu chorei de remorso.

Meu pai construiu uma casa grande para eles morarem com meus tios e quando ela resolveu sair dessa casa que já era do meu pai , ele teve que pagar uma indenização a ela. Difícil acreditar nisso.

Meus tios cada um para o seu lado, a família e um pouco desunida, tenho dois tios e duas tias que tentam unir a família. Meu pai um homem batalhador, de um coração imenso, desapegado das coisas, apesar que agora depois de velho está bem apegado a bens materiais e isso me incomoda.

Meu pai é meu exemplo de homem, sempre quis um casamento como o dos meus pais, sempre unidos, apesar do meu pai ter saído um pouco da curva com minha mãe, mas a minha mãe guerreira conduziu o trem para o trilho novamente.  Amo meus pais de todo o meu coração.

Hoje consigo enxergar na minha geração atual que temos que ser curados, vejo repetir coisas dos nossos antepassados. Brigas por terras, brigas entre irmãos.

Mas, creio que enquanto escrevo essa carta, posso enxergar um norte para o concerto da minha família.

 Essa carta aos meus antepassados me fez enxergar muita coisa.

Rindo aqui; acho que eu mesma acabei de me constelar. Acabo essa carta um lágrimas nos olhos e bem pensativa.

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