Querida tataravô paterna, quanta coragem ao decidir entrar em um navio e vir fugida da Alemanha em época de guerra, numa viagem que demorou 14 meses em um navio; deixando todos os familiares para trás, acreditando na sua intuição e na vida.
Querida avó materna; ao falecimento de sua mãe, você se viu sozinha a trabalhar, cuidar, alimentar todos os seus irmãos mais novos e ainda trabalhar na lavoura para ajudar nas despesas de casa, e ainda cuidou depois dos seus 11 filhos.
Uma mulher de muita fé, otimismo e que mesmo perdendo a visão por um acidente, nunca reclamou.
Queridos ancestrais avós paternos e maternos que trabalharam nas lavouras, a vários anos a sol quente, com todas as suas dificuldades da época por instrumentos braçais.
Gratidão avô paterno, por trazer a música e leveza para os dias e o espírito do trabalho em comunidade. Hoje também incluo todos as suas dificuldades com o novo. O senhor fez o seu melhor.
Hoje honro a Coragem, a força e perceber de quão longe a vida chega até nós.
Queridos antepassados que tiveram que lutar por sua sobrevivência e não puderam olhar para as suas dores emocionais. Quantos de vocês não tiveram a oportunidade de lutarem pelo que gostariam de fazer das suas vidas; da sua liberdade, não puderam expressar as suas verdades e vontades. Tiveram que esconder suas emoções; engolir seus choros.
Hoje eu incluo as emoções de raiva e tristeza de todos que viveram nos "seus cativeiros" emocionais. Eu vejo todos vocês.
Dou alguns passos para trás, olho para meu passado e vejo toda abundância, saúde, oportunidades, amor do meu sistema.
Hoje agradeço a minha vida; e em honra a vocês, vou construir uma nova história não maior ou melhor a de vocês, apenas diferente.
Olhar para essas grandes histórias me nutre de esperança, força e coragem para continuar nessa jornada.
Olhar pela história que já vivi até agora e com uma nova percepção, enxergar a história que mereço construir daqui p frente, pertencendo por amor ao sistema de homens e mulheres fortes, e que construíram história.