Queridos antepassados,
Eu não conheço a fundo a história de muitos de vocês. Sei que alguns vieram de outros países para se aventurarem em terras brasileiras. Pelo que me contam, sei que sou descendente de italianos, de judeus e de portugueses.
Imagino que o que passaram e tiveram que enfrentar, em terras desconhecidas, não foi fácil. Mas se eu cheguei até aqui, é porque vocês tiveram força e amor para passar a vida adiante. Sou muito grata e os honro por isso.
Também sinto em minhas veias - e não preciso ir muito longe para saber - um desejo imenso e um anseio por liberdade, pois cresci ouvindo e vendo as mulheres da família nessa busca. Busca por liberdade para serem quem são, liberdade para realizarem seus sonhos, liberdade para terem seu próprio dinheiro.
Ser livre! Está aí um grande desejo da minha alma. E eu sei que todas as minhas conquistas são sentidas por vocês. Vocês vivem através de mim.
Também sei e sinto que crenças a respeito do casamento, do dinheiro, do papel da mulher, me fizeram não enxergar, por um bom tempo, o quanto isso influenciava o meu comportamento, a minha vida, o meu trabalho, os meus relacionamentos.
Mas hoje eu entendo o sentimento que os levou a desenvolver comportamentos que estabeleceram essas crenças dentro do nosso sistema e respeito tudo o que vocês vivenciaram e que, mesmo assim, não os impediu de se relacionarem e de fazerem algo de bom com suas vidas. Eu sei que nos seus lugares, nas mesmas circunstâncias, eu não faria melhor.
Por causa de vocês eu vivo. Por causa de vocês eu tenho a oportunidade de, através do estudo e do trabalho, ter condições de desenvolver essa consciência e de tentar fazer um pouco diferente, em prol de todos nós.
Gratidão por existirem. Gratidão por tudo o que passou e por tudo o que foi experienciado. Gratidão pela vida dos meus pais e, assim, pela minha vida e pela de todos os que vieram e virão depois.