Carta aos meus descendentes,
Queridos!
Aprendi uma coisa ontem com minha mestra, Olinda Guedes, que usarei por toda vida: - “Se der paz, faz! Na dúvida, não faz.”
A intuição, acho que dá para chamar assim, está dentro de cada um de nós.
- Sabiam que passa de geração em geração? Somos únicos, somos uno!
Então, vou contar para vocês algumas das coisas que aprendi com os nossos antepassados: - Fé é acreditar no invisível com os acontecimentos visíveis!
A vó benzia a água, dava para eu beber e tudo ficava bem, acabava as dores! Tia Alice faz o mesmo para dor de cabeça, ela lava o copo bem devagar, coloca água e dá fim à dor de cabeça!
Aprender a colher fruta no pé e ficar alegre com a cor na fruteira, são coisas da tia Terezinha. Foi com ela, também, que aprendi a deixar de fazer xixi na cama.
Com a tia Sirley aprendi a fazer uma linguiça escaldada e frita, que é uma maravilha! Com a mãe aprendi a fazer cozido, cozinhar tudo separado, aproveitar a água do cozimento para dar mais sabor.
- Quanta panela suja e quanta conversa gostosa na cozinha! Minha mãe tinha paciência de ensinar, ouvir e acreditar no outro. Eu achava sempre um recadinho nas minhas coisas, palavras de carinho e confiança que aqueciam meu coração.
-Tenho algumas até hoje!
O Vô, para mim, era sempre uma surpresa, sempre sisudo! Levava a gente para missa de domingo e ficávamos brincando nos pés dele, mas ele olhava de cara feia, quando fazíamos barulho.
- Que olhar, que medo! Quando chegava em casa, fritava um bife com caldinho e cebola para comer com o pão. No pagamento, era dia de guaraná e pão com mortadela para o lanche na escola. Já o carnaval era para pular, e ele fazia questão das fantasias. Mas na hora do Jornal Nacional, silêncio total, se não era castigo na certa!
- Saudade! Quanta saudade!!
Aqueles que não me lembro, sinto muito, mas peço as bênçãos para que a orfandade que tenho cesse em mim!
Lucymar Aparecida da Silva Rodrigues Lima Ferreira de Jesus