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CARTA AOS MEUS ANTEPASSADOS

CARTA AOS MEUS ANTEPASSADOS
Ana Lucia Felicio
jul. 8 - 8 min de leitura
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                             ...“Felicidade brilha no ar, como uma estrela que não está lá”...

Queridas e Queridos Antepassados do meu Sistema Familiar, a partir de hoje, quero olhar para as inúmeras estrelinhas, brilhantes lá nas alturas, e visualizar na imensidão do azul celeste a imagem de tantas vidas doadas e vividas no anonimato.

Embora, os pássaros cantem tão suavemente em cada amanhecer, um “nó” em minha garganta e o aperto no coração insiste em dizer-me: tu és uma prisioneira. Então, vejo que há muitas memórias em minhas células que foram tecidas no intenso campo de batalha travado na dor, no sofrimento,  no temor, nas inúmeras perdas, na fome, nas lágrimas derramadas e no silêncio das palavras não ditas… quando muitos de vocês atravessaram o oceano para sempre… e também, quando muitos antepassados meus que viviam em sua cultura de origem foram capturados e escravizados para satisfazer os interesses de alguns devotados à ganância e inconsequentes à vida humana. 

 Caríssimos antepassados, hoje quero recordar-lhes que sou a filha de L. Pimenta e de J.  Felício. 

Portanto, tenho em minha raiz materna a origem da família Pimenta. Portugueses e seus descendentes que  viveram suas lutas diárias em meio às exigências de duros trabalhos nas lavouras de café, na moagem da cana de açúcar e nos demais trabalhos realizados na zona rural da região Sul mineira, por muitos e longos anos.

Posteriormente, em decorrência das dificuldades inerentes à própria sobrevivência, meus avós maternos desvincularam-se de sua Colônia e migraram para a região Centro-Oeste do Brasil. Onde então, segundo minha mãe, ela encontrou aquele que seria o amor de sua vida, meu pai. 

Papai, tão querido e simples, um camponês, filho de pais afro-indìgena e também europeu, talvez.

Enfim, querida mamãe e querido papai eu os amo e agradeço por tanto amor e cuidado para com os filhos e essa tua filha. Eu sei que a vida de vocês foi tecida na insegurança, na luta, nas mudanças constantes, nos traumas e desafios.  Entretanto, vocês conseguiram manter-se sempre juntos e convictos de que só a morte iria separá-los, e isso se cumpriu.

Com tantas limitações, devido em partes, à tua deficiência auditiva papai, nunca obtivemos uma casa própria. Ao longo de vários anos continuamos migrando de casa em casa: ora alugada, ora emprestada, mas, sobrevivemos. 

Nos últimos 8 anos de vida, além da audição papai, o senhor  perdeu também tua visão física. No entanto, o teu amor papai à minha mamãe e, ao Divino Pai Eterno, foi a sublime força, luz e herança que recebi de ti. Papai, eu sei que tudo  foi  pesado para o senhor! Só mesmo, a fé no INVISÍVEL lhe deu força para enfrentar o inaudível e invisível nesse mundo, não é papai? Hoje, eu vejo, ouço e compreendo você! Tua luz brilha e resplandece sinalizando-me que vale lutar sempre. Tudo nesse mundo é transitório.

Só o amor permanece eternamente.

Da minha  mamãe, com sua simplicidade e sabedoria de camponesa,  recebi forças e inúmeras lições. Embora o teu latente sonho de ir à escola nunca tenha sido realizado, reconheço hoje mamãe que você nunca mediu esforços para alimentar bem a seus filhos, a mim tua filha e a todas as visitas que constantemente apareciam à sua volta. Parecia até que a senhora tinha a doçura do néctar das flores. E tinha sim, através  das várias  ervas medicinais que a senhora tão bem sabia cultivar e distribuir para os vizinhos curar seus males e dores.

Teu legado  mamãe  foi o teu amor concreto devotado à família, aos amigos, aos conhecidos, aos desconhecidos e ao Sagrado Coração de Jesus.  

Gratidão Mamãe, Gratidão Papai! Com vocês aprendi a persistir e buscar sempre o caminho da vida, do bem e da Luz!

*Gratidão minha irmãzinha gêmea, que recentemente descobri. Agora posso “ver” e sentir  você. Sei  que você é um anjinho. Se permites-me quero chamá-la de Angélica. Brilhe pequenina Angélica, brilhe, brilhe muito. Tu és uma Estrelinha que ilumina e aquece o meu coração, o qual durante tanto tempo sentiu tua falta, e por isso,  meu corpo doía por inteiro. No momento, sabendo sobre você, sinto mais leveza e a vida, sem tanta dor.

Gratidão SEMPRE!

Gratidão aos meus avós. Nossa convivência foi por pouco tempo.  Mas, o suficiente para saber que herdei algo bom de ambos os lados.

Em especial, da minha vovó paterna vem-me a alegria em trabalhar com os fios de tecer… sei que hoje encontro linhas industrializadas e prontas para a confecção de vários trabalhos. No seu tempo vovó, e no  trabalho que a senhora realizava tudo era diferente,  desde colher algodão até chegar ao tear, tuas mãos trabalhavam incansavelmente. Quanta originalidade e vida doada... Além de tudo isso, ainda,  quantos foram  os bebês que a senhora ajudou a nascer?

Certamente só o teu coração soube contar e guardá-los em tuas memórias. Agradeço-a por tudo!

À senhora, minha vovó materna agradeço pelos lindos presentinhos que da senhora eu recebi. Dentre esses e além dos mesmos, quase sempre  podíamos também apreciar  deliciosos pedaços de bolos ou doces...Humm, que maravilha! Tudo era muito bem feito. Feito com amor.  Além dessa lembrança, recordo-me das lindas colchas de retalhos que a senhora costurava para enfeitar as camas e para que todos pudessem agasalhar e dormir bem quentinhos. Quanto calor humano a senhora distribuía à tua família!  

Meu vovó paterno, eu sei que não o conheci, mas, soube através das histórias de minha mamãe, que, ela gostava de conversar com o senhor, e que o senhor muito sofreu quando teve sua perna amputada. Vovô hoje quero dizer-lhe que o senhor  tem um lugar no meu coração. Fique em Paz! 

Quanto ao senhor vovô materno, eu o vi poucas vezes. Lembro-me que, à tardinha, às vezes,  mamãe e eu íamos a tua casa para visitá-lo, então o senhor  gentilmente enquanto conversava com as demais pessoas sempre  proporcionava bons momentos de lazer, alegria e felicidade a mim e a minha priminha. Depois disso, e pelas histórias que  ouvi a teu respeito, sei que o senhor tinha firmeza em tuas palavras e atitudes. Um dos adjetivos que os teus filhos e filhas utilizavam para descrever-lhe era a simplicidade. Certamente, o senhor buscava fazer jus ao nome que o senhor recebeu dos teus antepassados, o nome do  “Santo de Assis”. 

  Aos meus titios, titias, primos e primas minha gratidão. Sempre aprendi e continuo aprendendo muito com cada um e cada uma de vocês, até mesmo quando as nossas ideias e pensamentos nos afastam.

Aos meus manos, nascidos e não nascidos minha unidade e gratidão! Somos parte de uma mesma história!

Enfim, meu Afeto e Gratidão SEMPRE a todos aqueles e aquelas que antecederam-me na vida e que de uma forma ou outra contribuíram para que eu também chegasse aqui.         

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“Os meninos à volta da fogueira Vão aprender coisas de sonho e de verdade Vão aprender como se ganha uma bandeira Vão saber o que custou a liberdade”...

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“Irmãos, minhas irmãs… vamos cantar nesta manhã. Pois renasceu mais uma vez a criação nas mãos de Deus”.

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