Minha mãe, Carmelita Crevelin Rinaldi, casada com meu pai, Rogério Rinaldi, tiveram 9 filhos, sendo eu a mais nova. Meu pai ainda vivi conosco até hoje, com 99 anos, e minha mãe foi para uma nova dimensão aos 76 anos.
Faz 17 anos que ela foi morar com Deus.
Esta carta é para a senhora minha mãe!
Quantas lembranças trago em minha memória, de como a senhora foi uma mãe exemplar. Como eu vejo a senhora com o seu avental todos os dias cuidando de nós, esse avental que tinha várias funções para a senhora e para nós.
Quantas vezes ele serviu para enxugar as suas lágrimas e as nossas, né mamãe?
Me lembro que ao entardecer, lá no sítio onde morávamos, a senhora saía para andar no quintal, então eu via a senhora vindo com o avental cheio de ovos de galinha que apanhava nos ninhos, eu corria ao seu encontro e queria ver se tinha ovos azuis.
Que saudade mãe! Da senhora sentada em uma cadeira na beira do fogão penteando meus cabelos, pra eu ir para a escola. Que saudade da época do milho verde, onde nós ajudávamos a senhora a limpar e ralar o milho para fazer aquele curau delicioso. Nós ficávamos sentados todos na mesa, esperando a senhora colocar aquela concha de curau no prato de cada um, que sabor delicioso.
Há mãe! E o natal... novamente eu vejo a senhora com o avental que tinha tantas serventias, mais uma vez vindo do pomar com o avental cheio de figos para a sobremesa do natal, o doce de abóbora, que delícia... o dia de natal!
Que lindo!... que mágico... a senhora levantava cedo e começava os preparativos, os filhos e filhas que já eram casados vinham juntamente com os netos, e a senhora se preocupava em atender a todos.
O prato principal do Natal era o Nhoque, que a senhora mesmo arrancava a mandioca, cozinhava e fazia o delicioso Nhoque. A única vez no ano que comíamos nhoque era no Natal.
Mãe por mais que eu capriche na receita, não é o mesmo mãe, não tem o mesmo sabor... tinha também aquele refrigerante de garrafinha que só nessa época que tomávamos... a senhora fazia um furo com um prego na tampa da garrafa de refrigerante e era por ali que bebíamos a tão esperada bebida do Natal.
Nosso pai tirava água fresca do poço, enchia o tanque dessa água e colocava os refrigerantes para ficar com o frescor natural da água, que delícia, que dia esperado que era o Natal.
Eu vejo a senhora costurando em sua máquina de costura, e eu e minha irmã Ivone ficávamos sentadas no chão do quartinho onde a senhora costurava, esperando um pedaço de retalho para brincar de boneca...então a senhora separava os pedacinhos e nos ensinava a fazer as toquinhas de boneca e a mantinha, nos ensinava a enrolar as bonequinhas de espiga de milho e sabugo... ensinava-nos a rezar, quando íamos para catequese já sabíamos todas as orações.
Quantas vezes mãe, ao anoitecer, eu não a encontrava dentro de casa, então saía no quintal à sua procura e te encontrava atrás da casa de joelhos e mãos erguidas, clamando a Deus pela vida e saúde de cada um. Lembro do quanto a senhora amava rosas... nosso jardim tinha muitas roseiras lindas, que a senhora cultivava.
Como sou grata pelo privilégio de ser sua filha! Escrever esta carta está sendo uma das experiências mais linda da minha vida... contar quão grande mulher, mãe e companheira, a senhora foi pra mim é uma dádiva. Como eu te amo mãe, a senhora é a rosa mais linda do jardim da vida que eu já conheci.
Gratidão mãe por tudo, gratidão por muito.
Te amo!