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COMO ERAM OS RELACIONAMENTOS NO MEU SISTEMA

COMO ERAM OS RELACIONAMENTOS NO MEU SISTEMA
Adriana Ghellere Slovinski
mar. 10 - 6 min de leitura
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Pensando e refletindo muito sobre as colocações da Mestra Olinda no módulo 3 aula 2, esse assunto me levou a sentimentos contraditórios em relação aos meus antepassados dentro dos seus relacionamentos, mas ao mesmo tempo percebo que tudo está interligado. Vou me expressar com o meu coração e os sentimentos que vierem a tona nesse momento.

As lembranças que eu tenho dos meus bisavós é apenas alguns comentários feitos pelos meus pais e avós. Pessoas que trabalhavam muito, com muitos filhos, mas a bebida atrapalhava a relação do casal. As mulheres cuidavam e educavam os filhos, faziam trabalhos manuais, mas não podiam comprar muitas coisas por conta do gasto nas bebidas. Sinto minhas bisavós tristes, caladas, tentado suprir a falta do pai na educação dos filhos. A opinião das mulheres não tinha muita importância.

Na família da minha mãe, é como se não tivessem existido os meus bisavós. Cada filho foi morar distante dos pais e irmãos, não tenho quase nenhuma informação sobre eles. 

Os meus avós paternos também seguem a mesma linha. Minha avó era muito calada, meu avô foi pioneiro na cidade onde morava, trouxe muitas famílias de Santa Catarina para morar no em São Miguel do Iguaçu, no Paraná e ela ficava muito tempo sozinha cuidando da casa e dos filhos. Meu pai foi o primeiro filho e minha avó engravidou antes do casamento, mas isso só foi revelado quando meus avós fizeram 50 anos de casados.

 Meu avó conseguiu adquirir muitas terras com esse serviço. Com o tempo decidiu que já tinha trabalhado muito e decidiu ficar mais com a família. Minha avó fazia muitas comidas, meu avó adorava comer e beber. Ele ficava sentado na porta da casa deles conversando com todos que passavam na rua. Os filhos eram muito ligados com os pais. Entre eles alguns desentendimentos eram frequentes. Eram 8 irmãos, e 2 deles se tornaram alcoólatras, brigavam muito. Não me lembro do meu avô ser carinhoso com minha avó.

Queria ser servido. Quando ela morreu, ele no leito de morte falou que iria arranjar outra esposa, isso me marcou muito.

Meu avô materno faleceu quando eu tinha 2 anos, não tenho lembranças dele, mas minha mãe conta que ele era um homem trabalhador. Alcoólatra ,quando chegava em casa os filhos tinham verdadeiro pavor, medo do seu comportamento. Pessoa muito fechada, não demonstrava afeto com minha avó. Minha mãe conta que ele era querido quando não bebia.

As irmãs da minha avó não se casaram, 2 foram para o convento e uma para uma casa de repouso, em cidades diferentes. A única que se casou mulher foi minha avó. Quando meu avô faleceu de cirrose e do pulmão, minha avó viveu  mais 30 anos indo toda semana no cemitério levar flores no túmulo. Minha mãe sempre ia junto com ela.

Meus pais casaram-se bem jovem, meu pai desistiu de ser padre e conheceu minha mãe quando voltou à cidade. O casamento deles era perfeito aos olhos da sociedade. Homem maravilhoso, trabalhador, companheiro, honesto, humilde, bom pai e querido por todos. Minha mãe não demonstrava muito afeto por ele, mas queria que ele fizesse tudo por ela, na hora que ela queria. E ele fazia. Minha mãe comprava muito, coisas que nem usava, mas meu pai não se importava , dava tudo do bom e do melhor para toda a família.

Amava os filhos e netos, dava a vida por eles. Ajudava financeiramente os filhos.

Eu era muito ligada a ele, eu sentia às vezes que ele gostaria de expressar suas insatisfações, mas não fazia para não criar conflito. Adorava uma festa, mas minha mãe nunca deixava ele beber, sempre falava para não beber, ela tem verdadeiro horror a bebida.

Ficaram 50 anos casados, e meu pai veio falecer repentinamente de um câncer no pâncreas e no fígado. Minha mãe nunca aceitou a sua morte, não suporta a ideia de ter que dormir sozinha, de não ter ninguém pra levar ela onde quer. Vive na igreja, muito religiosa, mas não aceita a morte do meu pai. Vai ao cemitério toda semana levar flores pra ele. Vive reclamando de tudo, o que os filhos fazem não é o suficiente, quer sumir como ela mesma diz o tempo todo.

Então a minha vida agora é:

Me casei com 18 anos, grávida da minha primeira filha. Sempre quis ser mãe de muitos filhos. Meu marido também tinha 18 anos e desde o primeiro momento ficou muito feliz com a gravidez, ele também queria muito ser pai e ter uma família. E assim começamos nossa família, com muitos obstáculos pela pouca idade, mas crescendo juntos.

Muitas brigas, porque eu queria que ele fizesse tudo o que o meu pai fazia. Sempre conversamos muito e a partir do momento que eu aceitei ele como ele era as coisas mudaram, os problemas ficaram menores, mais leve. Sou uma mãe leoa, amo meus 3 filhos de todo o meu coração. Eles são lindos, amorosos e saudáveis. Conversamos muito sobre tudo. 

Meu marido é caminhoneiro e sempre passou muito tempo fora depois que tivemos o segundo filho. Sofre muito sempre que tem que sair. Sofre porque quanto mais trabalha, menos dinheiro temos para pagar as contas do mês.

É carinhoso, mas tem alguns desentendimentos com os filhos meninos e eu fico entre eles, sabendo que ele quer o melhor, mas que poderia se expressar diferente. Me apoia em tudo, gosta que eu saia para conversar com as amigas, gosta de dançar, de viajar, de fazer comida é um companheiro de vida. Só o incomoda muito ter que ficar fora de casa. Também acompanho ele em tudo, conversamos muito, e no decorrer desses 26 anos, vejo que sou muito grata pela minha família.

 

 

 

 

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