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COMO ME SENTIA E ME SINTO AINDA SENDO MÃE DE GÊMEOS

COMO ME SENTIA E ME SINTO AINDA SENDO MÃE DE GÊMEOS
Marisane dos santos
mai. 30 - 5 min de leitura
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Há vinte anos fui agraciada com a oportunidade de ser mãe de gêmeos. De cara logo uma surpresa e tanto, e uma pergunta que nunca saia da minha cabeça: “por que eu”? Realmente na época não conseguia compreender o que deus estava planejando para mim.

Na mesma época, minha prima lutava para salvar a vida de seu filho de uma doença incurável e acabou perdendo o seu filho. Outra vizinha da minha irmã perdeu seu menino num acidente, isso doía muito em mim. Como Deus poderia me dar dois filhos e tirar a vida de outras crianças? Ver o sofrimento daquelas mães me machucava muito.

Pensava por que eu? Logo eu que nunca quis ter filhos, ver o sofrimento delas me fazia me sentir culpada por ser abençoada com aquelas vidas.

Se pudesse na época eu daria para cada uma delas uma criança, assim não me sentiria tão culpada quando olhassem para minhas crianças com tanta dor de saudades de seus filhos.

Mas, o tempo foi passando e o vazio continuava dentro de mim, não conseguia sentir o amor de mãe, olhava para eles e chorava sem entender o porquê não conseguia manter um vínculo forte como muitas mães tem com seus filhos.

Eles eram muito queridos, lindos e se ajudavam durante o tempo que eu estava numa fase depressiva, onde a única coisa que queria era ir embora, mesmo sem saber para onde.

Com o passar dos anos e depois de dois anos de tratamento, tudo foi mudando, assim consegui assumir meu lugar de mãe e dar o necessário para eles viverem, hoje entendo tudo o que passei. Carregava dores que não eram minhas, eram memórias de mulheres da família que também sentiram a mesma coisa.

Agora sei que o essencial eu fiz, que foi dar a vida para eles, de bônus receberam uma boa educação, quem sabe até um pouco rígida, mas que os fez se tornarem bons homens. Tiveram cuidados básicos, proteção e amor do meu jeito, afinal ninguém consegue dar o que não tem.

E se faltou amor naquela época, todo amor do mundo ainda posso dar.

Senti a dor e o amor de mãe bater tão forte no peito quando meu filho Carlos Eduardo quase morreu devido a complicações de uma cirurgia de apêndice e quando o médico falou da possibilidade do João Victor ter um tumor cerebral. Graças a deus tudo isso já passou e agradeço a deus todos os dias por eles.

Ser mãe de gêmeos é não saber quem você socorre primeiro no desespero, quem você alimenta primeiro.

É não lembrar de quem você trocou a fralda, quem você medicou, quem é quem. É trocar os nomes, trocar as roupas, trocar até a própria identidade.

Ser mãe de gêmeos é pôr para dormir um e acordar o outro. É tratar um com algum sintoma e aguardar dias depois o outro adoecer. É ouvir as comparações das pessoas das semelhanças e diferenças.

É fazer comida em dobro, gastar em dobro, receber elogios em dobro, receber amor de filho em dobro.

Ser mãe de gêmeos, é aprender a desenvolver habilidades extras, agilidade e rapidez, manter-se mais atenta a tudo.

Coisas que lembro da infância deles é que, quando bebês, sempre apareciam engatinhando no chão da casa, mas nunca descobríamos por onde saiam da cama, pois era alta e toda fechada. Então, certo dia flagramos um erguendo o colchão para o outro afastar as tabuinhas da cama e sair por baixo da cama.

Certa vez também flagramos eles com um ano de idade abrindo o fogão a gás, onde um assegurava a porta e o outro se esticava para pegar o pão caseiro, depois levavam o pão no chão e começavam a comer. Isso não era por falta de comida, pois comiam muito e de tudo.

Lembro de ver um deles tossindo e outro ir bater nas costinhas.

Um dia eles foram atravessar uma cerca de arame farpado e um cortou a perna, quando fomos procurá-los, um estava fazendo curativo na perna do outro com a caixa de primeiros socorros, eles tinham uns três anos de idade, ficaram com medo, pois, o corte era profundo e estava sangrando.

Em um domingo, eles estavam brincando, um era o boi, o outro era o dono do boi; o dono do boi deu pasto para o boi, o pasto foi folhas de “comigo ninguém pode”. Quando o João comeu, começou a passar mal e precisou ser hospitalizado.

Muitas histórias como essas fazem parte da vida deles, a principal é que apesar de terem vinte anos, ainda não conseguem viver longe um do outro.

Eu os amo do fundo do meu coração e sou muito grata por essa oportunidade que tive de aprender como amar amando.

 

 

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