Belém, 02 de maio de 2021
Queridos Antepassados,
É com muita alegria que escrevo a vocês meus queridos, a quem devo a minha vida.
Herdei de minha avó paterna, Hortência, traços indígenas, avó essa que infelizmente não conheci, assim como não conheci meu avó paterno, do qual não sei nem o nome.
Convivi muito com os meus avós maternos, Benedito e Maria Sebastiana, duas pessoas maravilhosas, de uma simplicidade e de um amor muito grande para com os netos.
Cresci numa família formada de meu pai, Francisco, mãe Maria Avelina e uma tia, irmã de meu pai, Harriette, que era irmã de criação de meu pai, mas que tinha um amor muito grande por nós, como se fôssemos seus filhos; ela ajudou muito na minha criação e dos meus irmãos, sendo uma tia por quem tenho muita gratidão.
Tive uma infância muito boa e alegre, brincava muito com as crianças da minha rua, do grupo escolar onde estudei do jardim de infância até o primário .
Quando tinha um ano lembro que tinha muito medo de dormir no escuro, e quando a energia faltava em casa eu não conseguia dormir e chorava muito.
E quando acontecia isso a minha mãe me colocava no colo e me embalava até eu adormecer. Esse medo me acompanhou até a idade adulta; hoje faço terapia para entender o que acontece comigo.
Imagino,meus queridos, que a vida de vocês não deve ter sido muito fácil; devem ter passado por situações de medo, de escuridão, de angústia, de perdas. Mas, quero lhes dizer que hoje essas situações não existem mais e que vocês podem ficar em paz aonde estiverem; estamos todos bem e seguros aqui.
Tenho muita gratidão e reconhecimento por vocês, meus queridos. Gratidão.