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CONCLUSÃO DO MÓDULO III MEUS PAIS AMADOS

CONCLUSÃO DO MÓDULO III MEUS PAIS AMADOS
JAMILE SOUZA VILLA-FLOR
mai. 9 - 13 min de leitura
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Meu pai, filho e neto de portugueses por parte de pai e por parte de mãe eu não sei a origem, meu pai também não sabe explicar.

A família paterna do meu pai era de pessoas bem-sucedidas, mas por parte de mãe eram humildes, eu quase não sei nada a respeito da família da minha avó, mas sinto que além de negros minha avó também era descendentes de índios. Meu pai teve uma vida simples, pescava com os irmãos, amigos e com o meu avô, estudava, sempre foi esforçado em seus propósitos.

Ele me conta que meu avô tinha um emprego mediano, mas que já teve épocas de escassez.

Meu avô faleceu jovem, com apenas 56 anos vítima de um câncer na garganta, ele era fumante, inclusive a empresa em que ele trabalhava fabricava cigarros. Eu nem sonhava nascer nessa época. Meu pai tinha 7 irmãos, 3 mulheres e 4 homens. Uma das mulheres faleceu há muitos anos do mesmo destino do meu avô, ela também era fumante, e outros dois tios, mas não sei a causa.

A família de meu pai como tios, primos é espalhada pelo Brasil. Conheci alguns por parte de pai e por parte de mãe um dos primos dele se casou com a irmã da minha mãe.

Minha mãe, filha de descendente de um alemão com uma francesa, origem dos meus bisavós e origem paterna sei muito pouco, mas pelas características do meu avô, tinha descendência africana e indígena também. Minha mãe é filha caçula de 4 irmãos, uma mulher e 3 homens.

Um dos filhos homens foi fruto do primeiro casamento da minha avó, do qual ela ficou viúva.

Nesse primeiro casamento a minha avó perdeu 2 filhos já nascidos, por enfermidades. Minha mãe também me contou de 2 abortos espontâneos que a minha avó teve.

Meu avô também teve o primeiro casamento, acho que também ficou viúvo, segundo a minha mãe teve 2 filhos, mas não sabemos o que aconteceu, não se ouviu falar mais nesses tios.

Minha mãe é a caçula, então não se lembra de muitas coisas, e os mais velhos não gostavam de ficar tocando nestes assuntos. Minha mãe tinha uma vida simples, mas organizada segundo o que ela conta, tinha amigas, algumas até hoje se encontram, moram próximas, de vez em quando se batem.

Começou a namorar o meu pai ainda na adolescência, foi o primeiro e único homem na vida dela. Se conheceram desde a infância. Namoraram, noivaram e casaram, já estão juntos há mais de 60 anos.

Meus pais se conheceram ainda criança. As famílias eram amigas. Meu pai sempre foi muito trabalhador, dedicado aos estudos, pescava com o meu avô e ajudava a família em casa.

Logo meu pai foi para o exército, foi convidado a seguir carreira, mas ele não quis seguir no exército, não se identificava com a profissão, então tomou outros rumos, nessa época já estava namorando a minha mãe.

Antes da minha mãe, ele teve outra namorada, mas não foi aprovado pela família da moça por ser humilde, então fizeram a moça terminar com ele de uma forma bem cruel.

Segundo ele me contou, um dia quando foi fazer uma visita a moça, chegando lá na casa dela, a mesma já estava com outro namorado, escolhido por sua mãe. Foi uma decepção para o meu pai, mas que bom, se não fosse desse jeito ele nunca teria se encantado por minha mãe.

Quando ele começou a namorar as escondidas com a minha mãe, porque o meu avô era bem desconfiado e bravo, ela deveria ter em torno de uns 14 anos e o meu pai uns 19 anos, quem ajudava o namoro era a minha tia, a irmã mais velha dele. Essa minha tia era muito amiga da família da minha mãe, tanto que se casou com um dos irmãos dela.

Interessante, a irmã do meu pai se casou com o irmão da minha mãe. O nome da irmã do meu pai é o mesmo que da irmã da minha mãe. E o nome da minha mãe é igual ao de uma outra tia irmã de meu pai. Ficou confuso não é?


Bem, logo meu pai foi pedir a mão da minha mãe ao meu avô para cortejá-la, como minha tia irmã do meu pai já namorava com o irmão da minha mãe, então eles ajudaram bastante para que o meu avô permitisse o namoro.

E assim, o meu pai conseguiu o que tanto queria.

Namoraram, noivaram, fizeram enxoval, foi quando o meu pai conseguiu passar em um concurso na empresa Petrobrás que sempre foi uma empresa de nome, passou a ganhar muito bem e isso ajudou a agilizar o casamento dos dois.

Nesse meio tempo advinha quem apareceu arrependida por ter deixado o meu pai? Pois é, aquela primeira namorada dele que o abandonou por que era pobre, mas agora já era tarde e o meu pai já estava de casamento marcado com a minha mãe. E ela ficou chupando dedo, como diz o ditado.

Depois que o meu pai ficou bem financeiramente ela o quis de volta.

Aos 16 anos a minha mãe se casou com o meu pai, foi um casamentão, minha avó materna amava uma festa e muita fartura.


Mas nem tudo são apenas rosas, tem os espinhos também. Segundo o meu pai, após o casamento, a minha mãe disse a ele que tinha se arrependido de ter se casado com ele. Até hoje não consigo assimilar isso direito, a pesar de saber que não devemos nos meter no relacionamento dos nossos pais.

Mas quando meu pai me contou isso foi muito duro de ouvir. Na verdade, eu sempre senti isso no comportamento da minha mãe em relação ao meu pai. Mas não sei explicar porque ele conviveu com isso a vida toda. Na verdade eu sei, foi por causa do amor que ele sente por ela e pelos filhos, ele sempre foi muito família.

Um pai maravilhoso, presente, fiel, companheiro, não tenho nem palavras para descrever suas qualidades, mas sei que foi por isso que ele ficou, por causa do amor. Até hoje aos 80 anos de idade e 57 anos de casados, ele sempre fala que se houvesse outra vida ele casaria com minha mãe novamente. É muito amor mesmo.
Agora muitas coisas se esclarecem para mim. Na verdade aquela mulher que disse ao meu pai que havia se arrependido de ter casado não era a minha mãe, mas a sua criança ferida.

Por muito tempo quem assumiu o comando do casamento foi a criança da minha mãe. Meu pai assumia sem saber um lugar que não era dele, lugar de pai ou mãe da minha mãe.

Relação de dependente e codependente. Até hoje depois de 58 anos de casados fora os anos de namora e noivado a minha mãe ainda tem uns comportamentos infantis. Mas hoje eu sei distinguir quando é a minha mãe e quando é um ser humano com a criança ferida.

No início tentava ajudar, dar conselhos e até sermões nos dois. Mas hoje os respeito, e procuro não me envolver mais, porque eu sou apenas filha, eu sou pequena e eles são grandes. Mas apesar de tudo foram bons pais, mesmo com a criança no comando minha mãe deu conta dos 4 filhos nascidos.

Souberam nos educar, nunca faltou nada em nossa casa, sempre tivemos conforto, fartura, minha mãe sempre foi caridosa, ela ajudava a todos os que precisavam e que buscavam a sua ajuda. Já criou sobrinhos que ficaram órfãos, criou como filhos dando tudo o que dava para nós que éramos filhos de sangue, nunca discriminou a quem quer que fosse. Qualquer um que chegasse em nossa casa era acolhido e ajudado.

Acho que é até por isso que não sobrava muito tempo para mim, "resto de parto" sou a mais nova da casa, a caçulinha, ou seja, a mais nova nascida, não sei se houve algum não nascido depois de mim.

Quando eu nasci o meu irmão mais velho nascido já tinha 15 anos, o do meio 13 anos e a mais nova antes de mim tinha 10 anos. Não sei se nesse intervalo minha mãe teve mais alguma gravidez, segundo ela, não teve, eu já andei perguntando. Mas desconfio que sim, já apareceu em algumas constelações que fiz, mas não ficou confirmado a quantidade.

Recentemente descobri que fui gemelar através de sintomas que foram confirmados através de uma constelação. Mas não sei como foi, se junto de mim como gêmeos, ou alguns anos antes de eu nascer, como ficou um intervalo grande entre mim e a minha irmã com 10 anos de diferença de repente pode ter sido nesse período, mas independente de como foi eu já fiz a inclusão porque agora eu vejo.

E não posso esquecer de falar da minha irmã primogênita não nascida Mônica, parto prematuro com 5 meses de vida então deu para ver o sexo.

Minha mãe conta que levou um susto, logo começou a ter sangramento e a minha irmãzinha faleceu. O meu pai também já me contou um fato sobre o meu nascimento segundo ele quando a minha mãe descobriu que estava grávida de mim ela não queria a gravidez, mas meu pai não permitiu que ela me tirasse. Então eu nasci. Sei que não deve ter sido fácil, depois de 3 filhos crescidos e um bocado de gente para ajudar e cuidar, aí vem mais uma, deve ter sido complicado mesmo.

Bom, pensar assim é o que me trás conforto. Mas não condeno a minha mãe por isso, apesar de tudo o que houve, eu nasci, estou aqui criada e bem sucedida. Ela me deu o que tinha e agora eu entendo e aceito tudo como foi. Ela também passou pelos traumas dela e deu conta de tudo. A vida dela não foi perfeita, mesmo que ela não enxergue. Eu também vivia nesse mundo de ilusão, mas eu via tudo, só não queria acreditar. Sempre fui a rebelde da casa, aquela que contesta, que enfrenta, que fala, que foge as regras, a que protesta, questiona, mas, ao mesmo tempo, eu recuava pois queria ser aceita, fazer parte.

Então sempre vivi em conflito comigo mesmo por pensar diferente, mas tinha que fazer igual para não me sentir excluída. Fui assim desse jeito em vários ambientes, por muito tempo, sempre enxergando de uma forma e tendo que fazer de outra maneira para agradar e ser aceita. Dessa forma colecionei várias doenças e sintomas de enfermidades.

Eu mudei muito, mas as vezes ainda caio em algumas armadilhas.

Estou em uma jornada de autoconhecimento e de cura, a cada dia sou uma nova pessoa, uma nova mulher, mas sei que se não fosse tudo o que eu passei não chegaria aonde estou, por isso a minha gratidão aos meus genitores e pais que apesar de tudo me criaram com muito amor e até hoje me tratam como a menininha deles que ainda não cresceu.

Eu sempre digo a minha mãe, “eu já tenho 40 anos, não precisa se preocupar comigo eu sei me cuidar”, mas não adianta nada, na mente dela eu ainda sou a caçulinha da casa que precisa de cuidados. Mas eu os amo muito com tudo o que são, independente do que tenha acontecido, sem nenhuma expectativa.

Meus pais são pessoas maravilhosas, quem os conhece sabe, eles são os pais certos para mim.

Eu agradeço por fazer parte do mesmo sistema deles, por Deus ter permitido que eu fosse criada e amada por pessoas tão especiais como eles. Minha eterna gratidão a Deus, a minha janjan e ao meu lindão. É dessa forma que eu chamo eles.

Meus amores!

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