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PAPAI+MAMÃE = EU

PAPAI+MAMÃE = EU
Margarida Maria Soares Matoso
jan. 25 - 5 min de leitura
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Meu pai é filho de imigrantes italianos que se instalaram em Silveira Martins no Rio Grande do Sul. Acredito que meus avós, para honrar a pátria mãe Itália e também o Brasil, deram a meu pai o nome de Ítalo Brasil.

Nada sei da infância de meu pai porque ele não costumava contar, mas sei que trabalhou com meus avós colhendo uva e fazendo vinho e também erva mate. Contava apenas de que foi soldado do exército e que era muito sofrido. 

Como conheceu minha mãe não sei, mas já morava em Santa Catarina. Casou-se com ela e passou a trabalhar na serraria de meu avô. Saiu da serraria quando comprou uma colônia como falavam na época  para plantar, vender e colher seu próprio sustento. Era um lugar muito lindo, porém longe de tudo. 

Meu pai tinha uma tristeza no olhar, uma espécie de melancolia, sempre era muito quieto, trabalhador, honesto e um pai muito bonzinho.

Foi difícil com todos os filhos pequenos trabalhando com enxada e arado para preparar a terra. Lembro quanta melancia colhia e trazia, além de muita uva, maçã e pêssego. Era muito bom. 

Um determinado dia recebeu uma carta de meu tio convidando-o para trabalhar em uma fábrica de papel e papelão. Papai conversou com minha mãe e aceitaram. 

Venderam a colônia e nos mudamos. Ali foi muito bom para ele, embora tenha ido trabalhar como caldeirista. Era pertinho de nossa casa, da escola, igreja e mercado tudo era a poucos passos.

Muito se orgulharia se pudesse ver que, assim como seus filhos e netos, até seus bisnetos estão trabalhando no mesmo local. Sofreu muito quando meu irmão faleceu no trabalho, vítima de um choque elétrico.  Mesmo assim ergueu a cabeça e continuou trabalhando.

Reunia os amigos aos domingos para jogar baralho e disfarçar um pouco a tristeza. Mas, como um dia todos temos que partir, chegou o dia dele.

MINHA MÃE ANGELINA

Minha mãe é filha de imigrantes italianos que se instalaram em Bento Gonçalves Rio Grande do Sul. Não contava muito de sua infância. Conta que sua mãe era muito boazinha, mas seu pai era bravo.

Casou-se cedo. Sou a quarta filha. Ela contava que quando eu tinha 10 meses fiquei muito doente e meu pai nos levou montados em um cavalo para o hospital, onde fiquei internada por alguns dias com difteria,  lá ela ficou comigo, mas só tinha berço para mim e uma cadeira para ela, porque o hospital ainda não estava equipado já que era novo.

Quando fomos morar na colônia ela tinha 6 filhos. Além de dar conta de cuidar dos filhos, da casa, lavar roupa longe de casa em um tanque de madeira, ainda ajudava meu pai na roça.

Quando saímos de lá foi que meu pai foi trabalhar na fábrica de papel. Sei que foi bom para todos pois para a mãe diminuindo o serviço dela e assim podia ter mais seu tempo livre, embora com 6 filhos.

Mamãe engravidou e para surpresa de todos vieram gêmeos, um menino e uma menina. Chegou aos seus oito filhos. Todos criados em fraldas de pano, cueiros, casaquinhos de pelúcia e cobertores feitos por ela mesmo.

Teve uma grande dor ao perder um dos filhos, vítima de um choque elétrico, mas foi mulher forte e guerreira, até que o Alzheimer fez com que ela não reconhecesse mais ninguém e além do Alzheimer surgiu um câncer que rapidamente a levou para outro plano. Partiu com 84 anos minha mãe, forte mulher guerreira.                             

EU

Agora me dou conta do porquê quando eu era pequena emtre os meus 4 a 5 anos de idade tivemos uma visita de um tio, que era irmão de minha mãe, de repente falou que eu tinha o mesmo olhar triste de quando eu era bebê. E assim conforme fui crescendo ouvi muitas vezes alguém dizer que meu olhar era triste. Sentia uma saudade sem saber o que era e de onde vinha, sentia um vazio em mim.

Fazendo o curso de constelação familiar sistêmica, agora eu sei e me dei conta de que esse olhar triste meu e de meu pai era a saudade dos que na pátria mãe ficaram e também dos que vieram e não puderam voltar. Sim, meu pai estava honrando seus antepassados e eu também.

Também quando meu marido diz para mim, “porque não para, sente um pouco” e me dou conta de que estou honrando a vida trabalhosa que mamãe teve ao cuidar de 8 filhos e eu me vejo metade pai e metade mãe. Como diz nossa mestra Olinda Guedes: "Os filhos são um tanto mãe e um tanto pai e um pouco mais."

Agora eu sei!

#mod03#conclusão

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