As pessoas que amam querem ajudar as pessoas amadas: família, parceiros, amigos e pessoas por quem temos grandes empatias, portanto intrinsecamente no amor de vê-las bem.
Essa necessidade de ajudar diz respeito a eu ficar bem, pois para eu ficar bem o outro deve estar bem, isso é do ser humano. Mas, esse esforço de tentar ajudar as pessoas só traz mais conflitos de fracasso e impotência na maioria das vezes.
Quando eu tento salvar a pessoa daquela circunstância a primeira reação que o outro tem é de afastar o outro e se negar a aceitar a ajuda.
A pessoa não se sente vista e respeitada na sua dor como se o ajudante não tivesse paciência de acolhê-la, de apoiá-la naquele momento tão difícil de sua vida.
Devemos aceitar que o outro está passando por um momento difícil sem tentar tirar dele isso, seja em qual âmbito, nos sintomas ou doenças. Aquilo é importante para ele! Faz parte de um processo de aprendizado e ele não pode se esquivar, seja por perdas, dificuldades ou crises.
Temos que olhar para essa pessoa, aceitar o que ela está vivendo e lembrar que na maioria das vezes, nós não sabemos por quê acontece isso e nem a própria pessoa sabe, mas por algum motivo está certo e não nos cabe ter julgamentos a respeito.
Compreender que para ajudar nas relações afetivas, antes de qualquer coisa, temos que respeitar a crise do outro como algo positivo que irá trazer mudanças para transmutar algo velho para surgir um novo.
Temos que entender que, quando olhamos para o outro, olhamos para nós mesmos, para a nossa própria necessidade. Todos nós temos necessidades de dar algo, pois na medida em que dou já tomo algo automaticamente. Muitas vezes, queremos um retorno daquela pessoa que não é justo porque já recebemos esse retorno.
Não devemos nunca tirar do outro a possibilidade de que ele faça por si só para não se sentir um coitado dentro de sua história, pois isso o enfraquece e também a quem o ajuda. Devemos respeitar o destino do outro e, dentro desse campo de circunstância, tratar o outro como adulto.
Aí vem o respeito profundo de tomar o outro como ele é. Tomar sua família e seu sistema. Não é por acaso que o nosso sistema cruzou com o dele. Não foi mera coincidência; existe um movimento oculto para aceitar aquilo que é e não como eu quero que seja.