Mais uma aula onde um filme passou em minha cabeça, mais um módulo que serviu como uma luva para mim. Eu, que resolvi trocar de profissão de forma efetiva um pouco antes da pandemia e que passou por alguns surtos de insegurança devido algumas crenças, saio deste módulo com a cabeça zonza, mas infinitamente grata.
Desde criança desejei ser professora.
Ficava sozinha em casa após a aula e transformava uma parede lateral da casa em um grande quadro, dentro de uma sala imaginária com 30 alunos imaginários. Corrigia provas e tudo mais. Com o tempo fui assumindo rótulos e vontades que não eram minhas, mas acreditava que aquela escolha baseado na fala da melhor amiga de rua era mais plausível.
Em resumo eu era uma Maria vai com as outras.
Desisti do meu plano de ser professora e tomei a decisão de que seria uma funcionária do departamento de recursos humanos, sem saber nem o que faziam, mas achava que era parecido com o escritório que montava na área de casa com um computador de caixa de sapato.
Enfim no ensino médio, decido retomar minha carreira em licenciatura, mas as responsabilidades de casa decidem que não era naquele momento novamente e então, inicia a jornada profissional da Natália:
Aos 17 anos inicio um estágio em um escritório de Contabilidade, pois estava me formando no curso técnico ao qual eu odiava, então a alegria no trabalho não existia. Nele precisei sair da zona de guriazinha e me aventurar nas ruas de Porto Alegre, trazendo a tona meus receios infantis.
Até hoje não gosto da Avenida Benjamin Constant.
Aos 18, já formada e decidida a não voltar para a Contabilidade, mas precisando trabalhar, inicio como caixa numa grande rede de mercados. Pedi para não passar no contrato de três meses. Entrava em estados de choro como uma criança ao perceber que não estava sendo capaz de lidar com o dinheiro alheio mesmo o gerente acreditando e me afirmando que eu era uma ótima funcionária.
Aos 19 eu entrei em um limbo profissional, onde precisava de um emprego, mas não tinha experiência. Resolvi então iniciar como promotora de vendas de uma empresa de revistas. Odiei novamente, claro, mas desta vez de forma muito adulta, pois entendia que não queria enganar as pessoas com o trabalho que eles praticavam e ali descobri que vendas seria um grande desafio da minha vida.
Aos 20 me candidato para uma outra vaga de promotora de vendas para a época da Páscoa, mas com atividades bem diferentes da última. Na entrevista a responsável por elas me indica para trabalhar no escritório da empresa com a seguinte frase: “Com esta formação aqui é para tu estar no escritório”. Santa coordenadora de RH. Nesta distribuidora de chocolates fiquei lindos e maravilhosos dois anos.
Aos 22 o padrão sobe um pouco e inicio em um escritório de advocacia em Porto Alegre como recepcionista. Lá eu aprendi o que é disciplina e aprendi que é bom ficar no seu lugar, já que me atrevi por diversas vezes enfrentar a hierarquia. Também nesta época decidi que iniciaria meus estudos em licenciatura em Matemática na UFRGS e sai deste escritório após um ano para ser bolsista na própria faculdade.
Aos 23, trabalhei por alguns meses dentro da faculdade de veterinária como bolsista. Amava o ambiente acadêmico e até hoje eu me sinto em casa quando visito ou estou em um.
Aos 23 começo a trabalhar em uma indústria de balanças rodoviárias como Assistente Administrativo na área técnica e comercial. Eu tenho muitas saudades de lá, das pessoas, das atividades e até mesmo dos “rolos” que aconteciam. Fiquei por 3 anos no quadro de funcionários e eu aprendi muito, surtei muito, ativei padrões de personalidade inimagináveis, cresci, movimentei e, mesmo sabendo de todos problemas gerenciais que lá existiam, eu sinto saudades.
Saí de lá por me ver injustiçada por estar sendo sobrecarregada com atividades além do meu setor (com vendas) e sem nenhum adicional em minha remuneração. Nesta empresa precisei buscar meus direitos na justiça, já que eles estavam bastante endividados e demitindo funcionários sem pagar os direitos que lhes cabiam como forma de salvação.
Um mês após sair desta indústria e fui abençoada com uma vaga no centro de Porto Alegre. Trabalhei por dois anos como secretária em um escritório de advocacia que me permitiu realizar muitas coisas como financiar meu apartamento! Um local onde eu aprendi muito e eu abracei com todo amor todo conhecimento que ia além das minhas atividades. Me desliguei desta empresa com a intenção de iniciar minha vida na área terapêutica.
Aqui chegamos, após tanta fala e tanta empolgação por este módulo. Em janeiro de 2020 abracei de forma integral a carreira como psicoterapeuta. Engatinhando, sendo apoiada por meu marido e parceiro de negócio, tive altos e baixos até o final do trimestre deste ano.
Me perdi nos meus ideais colocando na minha cabeça que deveria voltar ao mercado de trabalho, pois não servia como terapeuta e precisava de algo seguro mensalmente. Após alguns currículos enviados, algumas entrevistas feitas e vários nãos, resolvi parar e olhar para mim, para meus movimentos sistêmicos e demais ferramentas que poderia utilizar pra isso e, me descobri uma amante das terapias.
Assumi isso em mim e para mim a tal ponto que fechei um mês gratificante em relação a remuneração financeira e também ao desenvolvimento dos meus assistidos.
Encerro este grande depoimento com uma infinita gratidão a mim, por me permitir, a Bert Hellinger, por ser um dos canais deste conhecimento Sistêmico e à Olinda por transmitir isso de forma linda e amorosa.
Somos seres com tanta história para contar que faltam palavras e tempo para contar tudo o que vivenciamos, mas posso resumir tudo isso em:
"Sou grata! Sou grata! Sou grata!"