Vivemos uma época em que os humanos estão cada dia mais solitários e carentes. Muitos preferem a convivência com animais em detrimento a outro homem, se cercando principalmente dos de estimação (cães e gatos) e outros se agrupam em famílias multiespécies onde há presença dos animais ativamente.
Neste contexto há uma tendência de humanização dos animais domésticos, sendo este um tema complexo e amplamente discutido principalmente pelos interesses econômicos de um mercado ávido. Contudo este é um assunto que não será abordado por aqui.
Gostaria de chamar a atenção para uma visão sistêmica nos nossos relacionamentos com os pets.
Será que estamos corretos em nos empenharmos neste processo de humanização deles?
Vou me atentar aos cães. Estes são conhecidos como os melhores amigos dos seres humanos e como prova da sua amizade verdadeira têm a lealdade como sentimento essencial.
Nós que convivemos com estes indivíduos, vivenciamos rotineiramente essa lealdade e há vários exemplos contados por Rupert Sheldrake no livro Sete Experimentos que podem mudar o mundo, do grande vínculo entre os cães e seus tutores.
Contudo, na minha experiência como veterinária clinica, detecto um certo exagero nesta relação homem x cão : desde festa de aniversário, casamento com cerimonias, alimentação altamente industrializada, pouca atividade física, excesso de higiene. Como consequência deste comportamento mimado, constato sequelas na saúde física (obesidade, diabetes, alergias, câncer) e destruição dos instintos de manada, fundamentais para a identidade com ser vivo. Desta forma há uma permissão que o animal adote comportamentos e até mesmo doenças como “integrante” da família que o adota.
Hoje estudando na Escola Real fui despertada sob orientação da mestra Olinda Guedes para uma visão sistêmica e isso tem impacto positivo na minha caminhada diária, nos meus relacionamentos pessoais e também profissionais.
E assim, passei a ampliar o meu olhar para aqueles animais que chegam para atendimento na nossa clínica.
Baseado na visão sistêmica, tenho aprendido que além dos desejos pessoais, há uma força coletiva do sistema que o indivíduo se encontra; e penso que o animal de estimação que vivencia naquela família está, também, a serviço daquele sistema e por lealdade pode desenvolver um sintoma como forma de compensar a desordem sistêmica daquele núcleo.
Fico imaginando que a constelação sistêmica pode atuar para harmonizar e gerar saúde aos animais permitindo que estes não sejam apenas representantes em constelações assistidas por animal e sim serem beneficiados pelas bênçãos das ordens do amor e dos movimentos sistêmicos que levam a cura, fazendo que o equilíbrio se faça presente na convivência.