Saber Sistêmico - Comunidade da Constelação Familiar Sistêmica
Saber Sistêmico - Comunidade da Constelação Familiar Sistêmica
Você procura por
  • em Publicações
  • em Grupos
  • em Usuários
Constelações SistêmicasVOLTAR

CONSTELAÇÕES ÉPICAS

CONSTELAÇÕES ÉPICAS
Caroline Castro de Mello
out. 2 - 6 min de leitura
010

"O não julgamento é a forma humana possível de perdão" fala a mestra Olinda, na aula sobre Constelações Épicas, da formação real. Isso me lembra muito a dificuldade que se tem de entender a postura de Bert Hellinger quando fala das constelações de âmbito maior, de conflitos planetários, como as expressadas no livro Conflito e Paz.

Apesar dele ter se expressado que perdão é algo de Deus, e que por, isso cabe a nós, humanos, apenas desculpar, entendo que também podemos perceber essa questão como uma questão da ordem da percepção de mundo.

Digo isso pois, praticamente todos nós, ocidentais, temos uma percepção de mundo baseada nos princípios católicos cristãos que recebemos, e que, nem sempre, estão realmente alinhados com o que poderia ter sido a mensagem do mestre Cristo. Nesse âmbito, falo aqui sobre a ligação direta que estabelecemos entre perdão e pecado. 

Fomos levados a pensar e a ver um mundo a partir do pecado. Ouvimos essa história, de que Adão e Eva pecaram e por isso foram expulsos do paraíso, e assim, a humanidade se fez. 

Afinal, se Eva não tivesse “pecado”, com seu parceiro Adão, a humanidade não existiria...(segundo esse mito de criação) e, que sentido teria no julgamento negativo de tal ato, se ele trouxe a vida de uma humanidade inteira? E ainda, o que fez com que Eva se percebesse amaldiçoada?

Afinal, se ela foi disruptiva e comeu o fruto proibido, o que fazia com que Eva não tivesse condições de negar também a maldição que foi jogada sobre ela? Dores do parto, trabalhos multiplicados e sangue menstrual, tudo visto como consequência do pecado original.

Faço aqui fazer também um exercício de pensar como poderia ser um mundo sem pecados?

Não um mundo sem nada que levasse ao sofrimento, mas um mundo sem pecados. SE conseguimos fazer esse exercício podemos perceber que a abertura para a entrada do perdão divino em nosso coração quem sabe possa ser uma mudança de percepção.

Eu vejo um mundo sem pecados.

Pois, somente desse lugar é possível conseguir tocar o perdão divino em nosso coração. Quando eu elimino o pecado de meu olhar, e vejo senão, as ações humanas, tais como são, sabendo que, por maioria das vezes são ações provenientes de mecanismos de defesa e repetição de traumas,e por isso, são ações danosas a si a ao outro.

Um mundo sem pecados é também um mundo onde posso ver o aprendizado acontecer. Enquanto coloco o pecado a frente de meus olhos, nenhum aprendizado é possível, pois o julgamento já deu conta de apresentar o que é certo e o que é errado. O caminho já está posto, não é necessário caminhar em direção ao aprendizado. Quando você está olhando para o céu mas foca seu olhar apenas na núvem escura que nele se encontra, não percebe que o céu ali permanece, independente do vai e vem das nvUens. 

Uma história me chega agora, sobre dois templos tântricos que existem na Índia, Khajuraho e Konarak, que nos trazem a mensagem de que não existe distinção entre sagrado e profano, o que existe é uma relação de continuidade - do amor humano para o amor divino, um processo de aprendizagem. Segundo Osho, em sue livro, "Tantra: o caminho da aceitação", esses dois templos possuem em suas paredes externas esculturas de todos os tipos de posições e posturas sexuais. Quem os visita apenas por fora, tende a ficar chocado e nem fazer o movimento de querer se aproximar para entrar.

Porém, na medida em que a pessoa vai entrando, as cenas vão ficando cada vez mais suaves, esparsas, até que, no centro dos templos, você encontra um vazio, nenhuma imagem. A parte externa é um verdadeiro palco de obscenidades e o interior um nada, nem ao menos a figura de Deus.

Esses templos trazem em ensinamento a mensagem: se destruímos as paredes externas, destruimos também o santuário interior. Na manifestação humana, um não existe sem o outro. 

Nesse sentido, o aprendizado se dá quando suportamos passear pelo templo, vendo todas as imagens que ali se encontram e, continuar caminhando...rumo ao centro. Se você se deslumbra com elas, paralisado fica; se se aterroriza e foge, paralisado fica. 

Um dia me disseram que esse mundo surgiu do pecado mas hoje, escolho ver um mundo que surgiu do encontro. Escolho ver o ser humano como um ser da relação, que só existe na relação e somente nela que está o aprendizado.

Quando me defendo das relações, criando barreiras entre meu ser e o do outros, seja por alcançado o que considero ser mais iluminado ou por medo, deixo também ao longe a possibilidade de aprender com essa relação.

A vida é um sopro divino, nós somos vida, nosso corpo é movido pelo sopro de Deus e, algo que ouvi nessas andanças pela Igreja e que realmente acredito: "Nenhuma folha cai do pé sem o consentimento dele". Acredito que Deus, Deusa, a força divina criadora, ou como quisermos chamar, é benevolente e é pura compaixão e amor.

E, também acredito que somos feitos a sua imagem e semelhança, logo, esssa luz está aqui, onde também há sombras, se assim quisermos ver, em perspectiva dualista. 

As constelações épicas nos convidam a experimentar um pouco desse sopro divino e nos sentirmos pequeninos diante do poder da vida, que também é o poder da morte.

Nos convidam a imaginar que olhamos tudo isso a partir de um satélite que circunda o planeta Terra, e, de lá de cima, vê o quanto essa história de pecado e julgamentos é tão pequena diante da beleza da Terra e do infinito que é o universo.

 

Participe do grupo Constelações Sistêmicas e receba novidades todas as semanas.


Denunciar publicação
    010

    Indicados para você


    Saber Sistêmico - Comunidade da Constelação Familiar Sistêmica

    Verifique as políticas de Privacidade e Termos de uso

    A Squid é uma empresa LWSA.
    Todos os direitos reservados.