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CONSTELAÇÕES ÉPICAS lll: A MATERNIDADE E O MERGULHO NAS MEMÓRIAS DO SISTEMA

CONSTELAÇÕES ÉPICAS lll: A MATERNIDADE E O MERGULHO NAS MEMÓRIAS DO SISTEMA
Paula Azevedo
mai. 6 - 5 min de leitura
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Ter filhos transforma nossas vidas. Por mais clichê que possa parecer, é verdade.

Entretanto, essa transformação só acontece à medida que lhe damos a devida permissão.

Os relacionamentos com os filhos são oportunidades valiosíssimas de curar nossas feridas.

É uma pena que muitos pais ainda não tenham se despertado para este fato.

Os relacionamentos com os filhos são oportunidades de curar nossas infâncias e pavimentar a infância das gerações futuras.

Quando não estamos atentos a estas oportunidades, perpetuamos um ciclo de dor e sofrimento que existe em nosso sistema.

Ter filhos é ousar a ver sua imagem refletida em um espelho, por isso, que em muitos momentos, o relacionamento com eles se torna tão difícil.

Aquele comportamento que o filho ou filha apresenta e que tanto incomoda, sintomas como: coceira, infecções respiratórias, a enurese noturna, as dificuldades de aprendizagem, as fobias, a rebeldia, a agressividade, a violência; tudo isso aponta para ajustes que precisamos fazer em nossas próprias vidas.

Os filhos trabalham para os pais. 

Se você tem filhos, não despreze este presente que a vida lhe concedeu.

Levou tempo até que eu estivesse pronta para a maternidade. Minha primeira gestação aconteceu quando eu já tinha 35 anos, aos 10 anos de casamento.

O primeiro filho da minha avó materna chegou quando ela tinha 13 anos.

 O da minha avó paterna chegou quando ela tinha 20 anos.

 Eu, a primeira da minha mãe, cheguei quando ela tinha 21.

O meu chegou quando estava prestes a completar 36 anos...

Claro que a vida mudou muito para as mulheres nas últimas décadas, mas eu sentia medo.

Para mim, tornar-me mãe, era muito difícil , porque instintivamente eu sabia que acessaria muitas memórias do meu sistema. Memórias de dor, memórias de perda, memórias de morte e separação.

O processo de me abrir para a maternidade me exige que eu me reconcilie com as mães do meu sistema.

A maternidade é uma experiência que nos transforma, afirmo mais uma vez!

A maternidade nos transforma , porque possibilita um mergulho nas memórias pessoais e transgeracionais.

Há um ditado africano que diz: para se criar uma criança é preciso uma aldeia.

A Olinda disse que uma mãe, ainda mais uma mãe recente, nunca deve estar sozinha, mas rodeada de pessoas.

O nascimento do meu filho foi dramático, felizmente após 15 dias de UTI ele já estava em casa.

Eu e ele passávamos muito tempo sozinhos.

Eu sozinha e angustiada no novo papel.

Sou daquelas pessoas que o mundo está se acabando, mas dou uma de durona. A vida do meu marido, das amigas, das irmãs, da mãe seguia; todos tinham que trabalhar e o meu trabalho era ser mãe daquele pequeno ser... O maior peso era estar sozinha.

Ao longo dos meses, meu filho passou a ter infecções respiratórias, resfriados, bronqueolites.

Na época eu nem me dava conta de que meu filho expressava minhas tristezas, a dor da minha solidão, minha angústia, as dúvidas por não saber se daria conta de tudo, a pressão para “ser perfeita” e minha mãe mais uma vez indisponível para mim (pelo menos era dessa forma que eu a percebia).

Eu carregava dentro de mim muita raiva, viver a maternidade ativou minhas memórias de abandono, de orfandade.

Eu sentia muita, muita raiva e consequentemente me distanciava internamente da minha mãe, mesmo desejando, mesmo necessitando tanto dela.

Meu filho, era um bebê muito grudado, mostrando a necessidade que eu, sua mãe, também tinha de muito colo. Do colo da minha mãe, das minhas avós que já tinham partido, das amigas que estavam ocupadas, das irmãs...

Querida mamãe, eu senti muito, muito a sua falta.

Eu não senti o seu amor, pelo contrário, senti a sua indisponibilidade como indiferença.

Dizer sim para a vida, equivalia a sentir indiferença e rejeição mais uma vez, por isso, me mantive nas sombras por tanto tempo.

Mas o amor prevaleceu e hoje eu estou aqui de posse do amor que vê.

Ainda que hoje eu não veja plenamente, começo a ver, a  perceber novas formas e imagens.

Agora eu sei que as circunstâncias da minha infância não tinham nada a ver comigo, agora não as julgo como pessoal.

Eu não posso mudar o passado, é improdutivo desejar um outro desfecho.

Eu sinto muito, mas digo sim a tudo como aconteceu.

E tomo a vida do jeito que foi, com tudo que lhe custou e com tudo que me custa.

Aceito este presente!

 

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