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CONSTELAÇÕES ÉPICAS – O LEITO DE PROCUSTO, A RÉGUA DE LESBOS E O FIO DE ARIADNE

CONSTELAÇÕES ÉPICAS – O LEITO DE PROCUSTO, A RÉGUA DE LESBOS E O FIO DE ARIADNE
Márcia Campos
fev. 12 - 6 min de leitura
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O termo épico é usado para adjetivar um feito memorável, extraordinário, algo forte e intenso. E é considerado épico o amor cuja intensidade e grandiosidade permite superar todos os obstáculos e até a passagem do tempo.

A professora Olinda Guedes, da Escola Real, costuma dizer que o amor não cansa nem descansa e sempre está disponível para tornar completo.

No passado, em verso e em prosa, a narração épica foi abundante na exposição dos dramáticos feitos de heróis e suas trágicas existências, muitas das quais ainda são, inconsciente e cotidianamente, vivenciadas pelo homem comum sem título heroico.

Astrônomos da antiguidade, para registrar os movimentos estelares, criaram um sistema de identificação destes através de desenhos surgidos da ligação dos pontos correspondentes às posições das estrelas, que se tornaram conhecidos pelo nome de constelações.

Sendo que, na astronomia científica contemporânea, uma constelação é uma área da esfera celeste conforme definida em convenção pela União Astronômica Internacional de 1922, delimitada uma das outras por arcos de ascensão reta e declinações. (Wikipedia em 15/11/2021)

A constelação familiar, na abordagem terapêutica fenomenológica, mostra a posição que cada elemento dela ocupa naquele sistema e as correlações existentes entre todos, formando uma imagem que é o ponto inicial para a busca do conhecimento das forças que nele atuam.

O precursor dessa abordagem sistêmica, Bert Hellinger, além de identificar as leis que regulam os relacionamentos humanos e organizacionais, de deduzir dinâmicas relacionadas à aplicação destas e de propor movimentos para possível solução ou cura de relacionamentos em desarmonia com estas, estabeleceu limite para a atuação do terapeuta nas chamadas constelações familiares, permanecendo o seu legado indeclinável orientação válida e segura para quem deseja servir à vida nessa área de atuação.

Ocorre que, conforme o próprio mestre Hellinger reconheceu, cada constelação familiar é única porque tem o seu próprio contexto e porque é um fenômeno particularizado cujas percepções nele havidas não devem ser tomadas de forma rígida nem universalizadas como verdade exclusiva. Tanto é que ele próprio reconsiderou posturas pessoais diante de percepções ulteriores.

Isto é citado porque, no âmbito da ajuda, há um entendimento parcialmente diferente daquele preconizado pelo dedicado pesquisador alemão, ora defendido e sustentado de forma prática pela igualmente dedicada estudiosa, Olinda Guedes, a qual cunhou o termo épico para uma nova abordagem terapêutica, fundamentada nas constelações familiares.

Conforme a professora esclarece em suas aulas na Escola Real, as Constelações Épicas tem um passo a mais que as constelações familiares, representado este por uma abordagem terapêutica mais ampla que olha para o desejo do cliente e se dedica ao atendimento disso, havendo flexibilização no processo terapêutico que pode se estender além dos contornos da constelação propriamente dita.

O que difere do modelo de Hellinger, que estabelece um limite predeterminado para a atuação do terapeuta, devendo, na sua opinião, após a constelação, ser entregue a questão do cliente à atuação de seu campo morfogenético (alma, na linguagem bertiniana), sem intervenção posterior do terapeuta.

Na constelação épica, portanto, junto à atuação do campo se terá a coparticipação direta do cliente, auxiliado pelo terapeuta que o acompanhará na busca de solução ou cura, através de intervenções suplementares, aplicadas de forma sistêmica.

Guedes esclarece ainda que as constelações épicas se destinam a temas mais desafiantes tais, por exemplo, não nascidos, abortos espontâneos e ou provocados, filhos excluídos ou ignorados, gêmeos evanescentes e gestações gemelares de prazo de até dois anos antes ou depois do nascimento do outro gêmeo.

Questões que, talvez, o mestre alemão escolheu não abordar ou não quis se aprofundar.

Destaca-se que nas constelações épicas é permitido ao terapeuta conversar com o cliente após a constelação, propor-lhe exercícios sistêmicos e a realização de tarefas no sentido de fomentar a busca de solução para a sua queixa, podendo o mesmo, se assim quiser, reapresentar o tema para nova constelação porquanto Olinda informa que as premissas das constelações épicas são empenho e dedicação, e, recorda ela, que a própria natureza demonstra que nela há investimento de tempo e de trabalho para tudo acontecer.

Entendendo, assim, que é indispensável haver continuidade e insistência no trabalho terapêutico, afastando-se a ideia de que se deve aguardar pacientemente que o campo atue no sentido de solucionar a questão.

Sobre paciência, Olinda costuma dizer que quando se dedica e se persevera com confiança não se precisa de tanta paciência, porque o resultado almejado aparece.

Retomando o início deste texto sobre o significado do termo épico, pode-se inferir que as constelações sempre se reportam a um feito memorável, cuja intensidade e grandiosidade exigem que sejam superados todos os obstáculos e até a passagem do tempo.

Por quê o título deste artigo invoca o leito de Procusto, a régua de Lesbos e o fio de Ariadne?

Resposta: porque Procusto simboliza a rigidez de padrões de conduta e de pensamento, a régua de Lesbos representa a flexibilidade na medição de algo considerando as suas singularidades, e o fio de Ariadne materializa a via de acesso com possibilidade de saída ao mesmo tempo.

Nesta reflexão o leito de Procusto simboliza o limite preestabelecido para a atuação do terapeuta (Bert Hellinger), a régua de Lesbos representa a flexibilidade do limite de atuação do terapeuta (Olinda Guedes), e o fio de Ariadne materializa o ir além proposto pelas constelações épicas que, concomitantemente, pode ser o caminho de volta para quem estava perdido.

O amor sempre traz de volta. (Olinda Guedes)

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