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CONSTELAÇÕES MOD 04

CONSTELAÇÕES MOD 04
Solange Gapski
dez. 19 - 4 min de leitura
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A noite escura da alma.

O meu pai sempre foi muito saudável, apesar do seu trabalho ser pesado pois ele trabalhava no seu último emprego no DER departamento de estradas e rodagem. Sua função era abrir estradas e também a parte das sinalizações. As viagens eram constantes, até a aposentadoria enfim sair.

Lembro muito bem que o seu maior hobby era pescar, então abriu a temporada de pesca. Graças a Deus que foram algumas, porque logo uma tristeza muito grande foi tomando conta do meu pai, ele queria ficar mais deitado assistindo televisão dentro de casa.

Minha mãe começou a se preocupar, pois nem pescar,  coisa que ele tanto gostava o animava. Algumas vezes minha mãe até falou que ele estava ficando preguiçoso, mas logo ela se arrependeu porque quando resolvemos levá-lo ao médico para fazer um checkup, o diagnóstico surpreendeu toda a família.

Ele estava como síndrome do pânico.

Como assim um homem calmo, tranquilo, sereno e dono de uma paciência que impressionava a todos?

Aos poucos os sintomas foram ficando mais acentuados e graves. Fechava toda a casa. Tinha medo de tudo e de todos, inclusive das filhas mulheres. Somente confiava no meu irmão que era homem.

Aquilo era inacreditável, parecia uma cena de novela, filme ou um pesadelo que queria acordar logo. Meu Pai protetor, cuidadoso e forte não parecia o meu super homem.

Fomos todos os filhos e a minha mãe conversar com o médico.  

O Dr. Ismael explicou que na cabeça dele havia criado uma história que estava correndo risco de vida e se sentia perseguido. Eles quem? Não sabemos. Segundo o médico, era fruto de sua imaginação e neste caso corria o risco tanto de tirar a vida ou tentar contra a vida da minha mãe por achar que era uma inimiga.

O dr. Ismael aconselhou a interná-lo até que o medicamento começasse a fazer efeito.

Segunda noite escura e meu pai se recusava a sair de casa porque ao sair eles iriam perseguir o carro e matariam a todos. Essa história não saia da cabeça dele. E nós recusávamos a tirar ele a força. Isto seria muito terrível para a minha mãe assistir. Foi quando o meu irmão foi conversar com o Coronel Éveron Puchetti , amigo da família e ele nos explicou que conversaria com o meu pai de uniforme para passar a confiança que ele tanto buscava.

Então o Coronel chegou em minha casa e falou a seguinte estória para o meu pai: Seu Vicente, eu e seu filho o levaremos para um esconderijo secreto. A proposta foi aceita desde que fosse na viatura da polícia aonde o Èveron tentou argumentar que bandido iria em carro de polícia, mas o um homem distinto igual o meu pai não precisava. Ele estava com tanto medo e disse que o carro do meu irmão reconheceria os que o perseguiam.  

Veja a estratégia que este ser de luz o Coronel Èveron usou: trouxe duas viaturas e também os vidros do carro do meu irmão com insulfilm o mais escuro possível para o meu pai se sentir protegido. Foi assim que em uma noite escura, o carro do meu irmão foi escoltado até Munícipio Almirante Tamandaré na clínica do Lago onde foi internado.

Ver o meu pai sair de dentro de sua casa, onde tinha morado 48 anos no bairro que ele tanto amava, naquela rua que todos os vizinhos já tinham virado uma grande família. Neste dia vivemos uma noite escura coletiva, eu minha mãe meus irmãos e nossos amigos.

Vou fazer uma constelação na água para ver o que reverbera esta noite escura ainda na minha vida.

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