Meditando sobre a frase da nossa mestra Olinda: “Tudo que toca o nosso coração constela”, sinto que tudo, exatamente tudo, para fazer sentido, passa pelo nosso coração. Até porque nosso coração é altar de Deus. Assim, nada passa despercebido ou sem propósito.
E constelar é isso, buscar dentro de nós o entendimento de tudo que se passa do lado de fora, seja um fato no presente, ou algo que transcende a nossa existência, mas que faz parte de quem somos e de quem queremos nos tornar.
À medida que vamos nos familiarizando com esse “olhar”, como se tudo fizesse parte de uma grande engrenagem, onde acolhemos o fato, olhamos para ele sem julgamento, buscando também, compreender a visão do outro em relação ao mesmo e em relação a nós, levamos tudo ao coração e esperamos a resposta ressoar em nós.
Mas, e se a resposta não chegar? Se eu não a ouvir? Então, cabe mais um questionamento antes de prosseguir. Como está o meu coração?
No livro: Jesus, o Filho do Homem, é narrada a seguinte passagem:
Efraim de Jericó iria casar o seu filho e convida Jesus, para a festa. Jesus diz que já esteve antes em um casamento, mas não iria a outro. Efraim continua a insistir. Jesus pergunta se tem vinho suficiente, e ele responde que sim. Ele suplica que Jesus compareça ao casamento. Então Jesus lhe diz:
- “Quem sabe? Posso ir, posso certamente ir se seu coração for um altar em seu templo.”
O dia chegou e Efraim esperou ansioso, mas Jesus não compareceu. Para ele a festa não aconteceu, era como se ninguém tivesse comparecido. Então ele mesmo se questiona e diz:
- “Talvez meu coração não fosse um altar quando O convidei. Talvez eu desejasse outro milagre.”
Quando passamos a compreender que constelação é um modo de viver, aprendemos que o nosso coração precisa realmente ser um altar dentro do templo que é nosso corpo. Um lugar de acolhimento, de amor, de perdão, de respeito e de entrega. Não posso esperar que tudo chegue ali e simplesmente aconteça “um milagre” e num passe de mágica tudo se resolva.
Efraim esperava que Jesus fosse à festa achando que assim, tudo estaria bem e não percebe que o milagre é interno. O que trago dentro de mim muda tudo ao meu redor. E então devemos nos perguntar:
"Do que meu coração está cheio? O que esperar? Qual movimento preciso fazer?"
Acredito que na constelação também é assim. A busca por essas repostas depende de uma ação individual. O coração deve estar receptivo e transbordante, para assim tudo acontecer com equilíbrio de troca, onde ofereço meu melhor, para receber o melhor e assim fazer o milagre acontecer.
Nem sempre é fácil. Somos muito imediatistas, esperamos soluções milagrosas e às vezes o que recebemos ao nosso ver, não é o que esperávamos, mas, talvez o que precisávamos.
Como Efraim, que não teve seu pedido aceito, com isso não aproveitou um momento especial na sua vida, mas isso o fez perceber, o que precisava ser transformado no seu coração.
Quando estamos em contato com nosso Eu, no nosso silêncio é possível ouvir todas as respostas. Porque elas estão todas dentro de nós, basta crer. Porque “Tudo que toca o nosso coração constela”, e assim vamos fazendo do constelar um modo de viver em todas as suas ordens: pertencendo, equilibrando, dando lugar, olhando, mas principalmente nos curando. E essa cura ressoa em todo nosso sistema.
Como consteladores, que possamos sempre olhar o outro com acolhimento, amor e sem julgamento. Que possamos auxilia-lo em suas buscas, com o nosso “saber” ao mesmo tempo que, a cada atendimento também estejamos apreendendo, numa troca constante em dar e receber.