A experiência da percepção que o dia se vai e a noite se aproxima ocorre basicamente porque a nossa visão não capta mais a luz de modo suficiente. O mundo perde a nitidez, as superfícies parecem disformes e o sentido do tato procura por referências de espaços. Os nossos sentidos se alteram, ocorre um estado de alerta que abre portas, talvez indesejadas, na percepção do mundo.
Caminhar na escuridão proporciona medos, tropeços físicos e dores do dia a dia, mas também encontros com nossas limitações humanas e sofrimentos da alma. A noite escura mostra o escondido das nossas imperfeições, limites, e mesmo revela as misérias secretas que povoam e perturbam nosso sistema.
Nessa condição, é preciso aprender a lidar com temores, abandonos, inquietudes, revelações, desprezos, egoísmos, culpas, que impedem a alegria de viver. Assim, encarar que também pertencemos às sombras, experimentamos fatalidades e carregamos raízes de traumas ancestrais em suas incompletudes.
O olhar sistêmico permite conhecer, curar as feridas e seguir em direção à luz, integrando-se com gratidão a ela.
A noite escura é parte do mistério da alma humana que almeja a luz. A tarefa vital de seguir a luz Divina impõe a humildade de olhar-se na dualidade de ser sombra e luz, persistindo apesar das dificuldades, pois esse conhecimento cria novas trilhas de caminhos mais claros que levam à unidade e completude do Sistema. É trabalho árduo de cura, discernimento para superação de hábitos e traumas, substituindo tropeços por passos de coragem, fé e esperança, que alimentam o encontro com estado sagrado de unidade amorosa.
Aceitar as imperfeições, exercer a compaixão que acolhe a si, ao outro para iluminar a noite escura. A cura nos faz descer até as sombras para conhecê-las, completá-las e elevar a vida que emerge em centelhas de luz, e nos aproximar mais e mais do Amor Divino que liberta, une e pacifica.
#luz #sombra #cura #alma #Mod07