Vivemos em um mundo de sintomas. Hoje em dia, todo mundo tem alguma coisa: ansiedade, insônia, hipertensão, diabetes, obesidade, transtornos alimentares, stress... a lista é infinita. Enquanto isso, a indústria farmacêutica cresce, apresentando a todo momento novas soluções hiper-eficazes, que se tornarão obsoletas quando um substituto ainda melhor for lançado.
Mas se cada novo remédio é melhor que o anterior, porque ainda não encontramos a cura definitiva? Porque continuamos tendo os mesmos problemas, e aumentando cada vez mais a caixinha de farmácia, a gaveta de remédios? Será que isso significa que a doença continua vencendo, que os sintomas são inteligentes a ponto de se desenvolver mais rápido do que o novo remédio revolucionário e ultra-eficiente?
Isso sem falar dos sintomas ditos “normais”, que precisa se acostumar. Todo mundo tem. A vida está muito corrida, é normal se estressar. Ninguém dorme bem depois dos 30 (ou depois de ter filhos, ou depois que casa...). A corrida para o sucesso e a vida feliz de vitrine é tão importante, que não dá tempo de se preocupar com essas doenças. As pessoas estão tão cansadas que não têm energia para buscar a cura, e vão jogando para debaixo do tapete. “Depois a gente resolve isso.”
O que essas pessoas não percebem, é que a corrida para um pseudo-sucesso faz com que esqueçam de olhar para si mesmas, de respeitar os sinais do seu corpo, e que talvez, quando alcançarem aquele estágio tão almejado de “realização”, não tenham mais saúde para usufruir das suas conquistas, já estão mortos há muito tempo...
É preciso estar atento ao que se sente. Se o remédio não funciona mais, talvez o meu corpo precise de outro tipo de cuidado.
De onde vem esse sintoma? Como se apresenta? O que exige de mim? Há quantas gerações está presente na minha família? E o mais importante, que mudanças eu preciso fazer para que o sintoma possa ir embora definitivamente?
Todas essas perguntas podem ser respondidas com terapias sistêmicas!
Então eu devo abandonar todos os remédios, eles são inúteis?
Não!
Afinal, podemos aliviar o sintoma enquanto caminhamos para a cura. Quer dizer, na verdade, que a alopatia pode até amenizar o sofrimento, mas não está atuando na causa. É preciso que esse relacionamento medicamentoso tenha um fim! E isso só é possível quando compreendemos qual é o propósito do sintoma em nossa vida, e fazemos as mudanças que ele exige.
Somente assim, podemos realmente conquistar a felicidade e usufruir dela imediatamente.
Mas não espere que a sua vida mude da água para o vinho, da noite para o dia. Cura é jornada.
Imagine uma grande caixa cheia de papéis, com textos, histórias, relatos, documentos... guardados durante 30 anos, a cada ano 5.840 novas páginas acrescentadas ao arquivo. De repente, alguém pede a você que analise todas as páginas, selecione histórias por gênero, catalogue textos em categorias, separe os documentos por pastas e tudo em ordem alfabética e cronológica, nada pode ser descartado. Quanto tempo levaria para terminar? Alguns dias, meses, anos?
Uma pessoa que durma religiosamente 8 horas por noite durante 30 anos, passa 5.840 horas acordada. A cada hora, novas experiências são vividas. Até mesmo o não fazer nada está cheio de pensamentos, preocupações, dores... E as outras 2.920 horas que passaria dormindo, essa mesma pessoa pode ter sonhos, pesadelos, insônia, novas preocupações e dores por não conseguir dormir. A cada hora, novas páginas do livro da vida estão sendo escritas, e talvez escondidas lá no fundo da caixa, para "nunca mais lembrar". Mas o corpo sabe. E enquanto ignoramos essas páginas, o sintoma falará por elas.
Só é possível se curar quando decidimos olhar com amor para o sintoma, e encontrar a sua origem. E a partir do momento que isso acontece, começa uma grande viagem, até que toda a caixa de papéis seja organizada e as mudanças necessárias ocorram. E aí acontecem os milagres. Para uns, leva alguns dias, para outros, pode levar 2 anos. Cada jornada é individual.
A mudança que vai funcionar para uma pessoa, pode não funcionar para outra com o mesmo problema, pois o caminho que levou à doença também não é igual.
Por isso, olhe com carinho para os sinais que o seu corpo dá, eles também fazem parte da sua história, da construção do seu Eu, e estão ali por uma razão. Pare de empurrar para debaixo do tapete, e decida acolher, compreender, liberar e ser feliz!