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CUREI EM MIM

CUREI EM MIM
Daiane Priscila da Silva
jun. 25 - 3 min de leitura
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Lembro-me que aos 12 anos de idade tive minha primeira menstruação, evento natural na vida de uma mulher, mas, para mim foi marcado pelo medo e pela vergonha.

Nossa, como esses sentimentos tomavam conta de mim, devido a esses sentimentos não contei para minha mãe. Minha mãe até hoje é uma mulher que não dialoga com os filhos, ela não era de sentar e conversar sobre as fases da vida, sobre as mudança do corpo, entre várias outras coisas.

Aquela criança que ao acordar já era uma mocinha estava confusa e não sabia muito que fazer. Há não ser, pegar absorventes escondidos das gavetas da sua mãe e de suas tias.

Morávamos parede a meio com a minha avó e minhas tias.

Lembro-me que um dia pela manhã antes de ir para a escola fui até o quarto de minha tia pegar um absorvente; nossa, meu coração batia tão forte e meu corpo era tomado pelo medo, nesse dia ouvi passos e me escondi debaixo da cama da minha tia, como até chão estava gelado, a minha barriguinha estava toda gelada.

E assim foram 3 exaustivos meses, sempre era a mesmo saga. Até que em um certo dia, quando fui brincar de vôlei com uma amiga e a bola estava murcha e fui até o posto de gasolina encher a bola, mau sabia eu que meu shorts já estava todo manchado de sangue. Ao chegar em casa já haviam contato para minha mãe, não tive mais como esconder, ela apenas veio e me pediu para tomar um banho e me deu um absorvente, sem conversar, sem acolher, sem me amparar.

Na hora senti tanta vergonha e nojo de mim, como pude deixar chegar nesse ponto pensei, como minha mãe deixou isso acontecer comigo?

Carreguei por tanto tempo um rancor e raiva pela minha mãe, por ela não dialogar e sempre eu ter que aprender da forma mais dolorosa.

Hoje curei em mim essa ausência, curei em minha amada "criança" a falta do amparo e amor de mãe. Curei pelo amor e pela gratidão por minha amada mãe.

-Querida mamãe, eu te perdoo por todas as vezes que me deixaste sozinha, desamparada e confusa, eu vejo a sua dor.

Eu vejo o seu silencio, mas não posso falar por você, eu sou apenas uma criança que virou mulher, sou apenas a sua filha. Deixo com você querida mamãe tudo o que é seu e com o que é meu.

Amo-te sempre!

Eu vejo você!

 

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