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E DE REPENTE, AS CURUCACAS CHEGARAM

E DE REPENTE, AS CURUCACAS CHEGARAM
Elisangela Borsoi Pereira
ago. 29 - 7 min de leitura
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Você já viu e ouviu uma Curucaca? Eu acho elas demais. As conheci quando fui trabalhar em Guarapuava e fiquei fascinada.

Hoje conversava com uma amiga e contei a ela a minha vivência mais marcante de como os campos mórficos atuam. Falávamos da relação dos humanos com os pets, e o quanto estes animais são excluídos de seus sistemas, nos emaranhando ainda mais por conta das exclusões que provocamos a eles. Foi tão emocionante nosso papo que quis trazer esta história para vocês.

Um dia meu 1º marido me disse:

- Você ficava trazendo um monte de bichos para casa.

Naquele momento me dei conta de como a gente envolve muitos quando temos uma dor. Inclusive, excluímos os animais de seus sistemas e os emaranhamos ao nossos, gerando novas demandas de compensações.

Respondi a ele que, realmente, cada vez que eu sofria um aborto, eu logo achava um animal para levar para casa, mas ao contrário do habitual pet fofinho, eu gosto de animais mais exóticos.

Eu já tive gansos, garnisé, cachorro (que sabia que era e vivia como tal). Mas uma vez eu decidi resolver algo. Adoro canto de coruja e da minha casa não ouvia nenhuma. Lá fui eu pegar uma corujinha, tratar por um tempo e libertá-la. Meses depois lá estava eu, ouvindo canto de coruja da minha cama.

Devo advertir que sou nutricionista animal e meus animais sempre tiveram esta atenção bem direcionada à sua alimentação natural. Mas isso também não justifica cativar um animal silvestre.

Uma outra vez eu quis ter uma Curucaca. Tomei o maior tombo quando fui pegá-la no ninho, mas fiz todas as adaptações necessárias para tratá-la. Ficou dentro de casa até começar a voar. Com ela também os devidos cuidados e treinamentos, até que voou e ficava pelo jardim de casa.

Logo começou a receber visitas de uma outra Curucaca, com quem começou a sair durante o dia. Aparecia pela manhã e ao final da tarde para comer. E um dia já não precisava mais de suplemento alimentar.

Eu a via de vez em quando passeando pelo jardim acompanhada. Essa Curucaca consolidou a minha fama de treinar meus animais para atacar invasores. Ahaha, só que eu não fazia isso.

Eu acostumara tratar a curucaca pousada em meu braço. Eu estendia o braço e ela pousava para comer. Certa vez chegamos em casa do campo mais tarde. Então vieram nos contar que o pastor da igreja havia nos procurado e fora "atacado" pela Caquinha.

Coincidira de ele chegar na hora da refeição da bichinha, que então procurou um braço para pousar. Exatamente a posição que eu a esperava, o pastou usou para se "defender" dela. Ela pousou e começou pedir comida. E tava feita a fama de feras treinadas. Rimos muito disso. Mas a história emocionante é a que ainda vou contar.

Certa vez decidi passar o final de semana no sítio onde meus Nonos moravam, e como a Curucaca ainda precisava ser tratada frequentemente no bico, decidi levar ela junto. Coloquei-a numa caixa onde ela podia deixar o pescoço para fora e lá fomos nós, para uma propriedade onde nunca uma Curucaca havia sido vista.

Meus tios ficaram encantados. Queriam por tudo que eu a deixasse lá. Mas lá ela era um animal exótico. Caso a deixasse, estaria condenando a existência dela ao fim, pois ela não teria outros de sua espécie para conviver e acasalar.

Sem chance! A levei de volta e o mais eu já contei anteriormente.

Mas tudo que acontece na natureza, na vida, permanece como uma informação disponível no campo. E essa informação pode ser acessada por um outro elemento ou membro que tenha o mínimo de sintonia, de ressonância com o evento registrado anteriormente dentro daquele sistema ou daquele ambiente no Campo Mórfico.

Esse acesso a informação possibilita sua expressão como se fosse uma memória pessoal inconsciente. Isso antigamente poderia ser conhecido como o dom das profecias ou a habilidade dos místicos, como diz a mestra Olinda.

Esta sensibilidade e disponibilidade para a conexão foi causa de muitas mortes de "bruxas" condenadas à fogueira na inquisição, mas foi amorosamente demonstrado por Rupert Sheldrake em seus experimentos.

Bom, meu casamento chegou ao fim, a Curucaca até já devia ter tido os primeiros filhos lá em Pinhão/PR, e vida que segue.

Uns dois anos depois do fim do meu casamento, cheguei ao sítio que agora moram meus tios e ouço um canto bem conhecido.

- Mas esse barulho é de Curucacas!

Sim, disseram eles. Um bando com umas seis Curucacas está morando aqui agora.

Uau! Fiquei tão mexida com aquilo.

Senti um movimento de expansão na minha cabeça, que naquela hora eu apenas senti e não entendi. Elas passavam e ainda passam o dia longe e vêm dormir nos pinheiros que ficam entre as duas casas.

Então, começo a minha formação em constelações lendo Rupert Sheldrake e enquanto ele falava dos campos mórficos e das experiências com pássaros, eu lembro daquela Curucaca que foi passear comigo dois dias e que colocou no campo da sua espécie que, naquele lugar, elas eram bem vindas. Que naquele sítio há um lugar seguro.

Hoje contei esta história a uma amiga para ilustrar o quanto o nosso movimento de sair dos emaranhamentos familiares, e abrir novas frentes de conhecimento e vivências, expande o campo do nosso sistema familiar.

Por mais difícil e trabalhoso que seja, por mais forte que seja a oposição aparente, o efeito é a vida, o mais. Um novo e amplo caminho por onde outros recebem a permissão para passar. E é seguro!

"O novo não tem medo. O novo espera por você" - foi o presente que recebi em uma constelação recente.

É isso queridos, queridas.

Só não recomendo tomar nem Coruja, nem Curucaca, como animal de estimação, pois eles são, digamos assim, uns "Urubus" arrumadinhos. O cheiro é tão forte quanto o nobre trabalho que desempenham para a natureza.

E que contraste há naquelas Curucacas naquele sítio. O campo expandido que encontra-se justamente com o mais absoluto tradicional.

"O novo só tem força quando leva consigo tudo o que veio antes"- Hellinger.

Cada vez que eu ouço aquele bando eu sinto o poder proporcionado pelo conhecimento. Mas o conhecimento experienciado. Aquele bando não poderia ter chegado lá se eu apenas tivesse contado àquela Curucaca que minha família tem um sítio em Catanduvas.

Percebe a diferença? É a ação que transforma. E quanta honra e amor há em quem amplia os caminhos para o seu sistema. Um viva às ovelhas negras que Deus manda.

Um dia a minha Nona me disse:

- Querida, vá e estude. Cuide de você.

Pude reviver isso tudo agora. A minha Nona me dando a bênção para o novo. Ela e a minha mãe fizeram muito, de uma forma diferente. Que eu olho e acho muito difícil para mim.

Eu faço diferente, e aonde eu chegar, levo tudo e todos comigo.

#históriasdocampo

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