Nem sempre interpretamos os acontecimentos da nossa vida de forma positiva.
No meu inconsciente, sempre fui na busca do porquê das coisas serem como eram. Até os meus 34 anos, eu corri atrás para entender o porquê eu não tinha uma família igual a dos meus amigos: uma mãe que me entregasse todo amor, um pai mais presente que participasse da minha vida, além de vários outros questionamentos.
Aos meus 35 anos, fui apresentada para o mundo do autoconhecimento e, desde então, fui entendendo a verdadeira realidade de tudo. Na realidade, percebi que não existia nenhuma família perfeita, pois até meus amigos tinham queixas e traumas relacionados às suas famílias.
Mergulhei no meu processo de cura e cheguei na Constelação Sistêmica. E hoje, depois de tantas descobertas e algumas surpresas, venho transmitir, através da escrita, uma mensagem que desejo muito que toque o coração de vocês.
A todos os meus irmãos desconhecidos e que não se encontram no meu sistema familiar, escrevo essa carta reconhecendo vocês como parte da família. Consigo entender as suas dores por terem sido rejeitados (se é assim que sentem) pelo nosso pai. Com todo o meu coração e amor, espero que se sintam reconhecidos por parte de suas famílias.
Com muita gentileza e no momento de vocês, peço que deem o perdão ao nosso pai, caso tenham registrado qualquer dor e trauma, pois, acreditem, eu venho me reestabelecendo e entendendo várias coisas depois de muito sofrimento. Nosso pai não soube dar o amor de graça, porque também não recebeu. A trajetória dele vem com muitas feridas não curadas. Portanto, limpem essa mágoa ou tristeza por mais difícil que seja.
Continuem, não desistam, pois a nossa felicidade está no verdadeiro perdão, que não é só da boca pra fora, mas sim, quando se sente no coração.
Aos meus irmãos que foram interrompidos de estarem aqui nessa vida por um aborto espontâneo: a vida de vocês também foi gerada com muito amor e, talvez, por uma falta de entendimento eu nunca inclui vocês dois no meu sistema. Portanto, meus irmãos, a partir de hoje, incluo, reconheço vocês como meus irmãos de luz, pois assim quero chamá-los.
Nesse momento, me vem a emoção e sinto vocês dois aqui perto de mim. Vocês fazem parte do meu sistema.
A partir de agora, sou a primeira filha dos 4 que a nossa mãe gerou junto ao nosso pai.
A todos vocês, irmãos desconhecidos, aos que sofreram de orfandade e aos que são luz (através do aborto espontâneo), eu sinto muito pela história de vocês, pelo sofrimento, pela dor e por toda carga ancestral que carregam.
Agradeço muito por essa oportunidade que estou tendo para transmitir o meu amor verdadeiro de aceitação e respeito por todos.
Com muito amor,
Mariana Lima