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ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA E A VISÃO SISTÊMICA

ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA E A  VISÃO SISTÊMICA
Cláudia Aparecida de Souza Monsôres
mar. 10 - 9 min de leitura
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Segundo Jean-Yves Leloup há diferentes etapas no desenvolvimento da consciência, desde a vida intrauterina pré-pessoal até a abertura ao transpessoal. Ele divide este desenvolvimento em 9 etapas de consciência e aqui, serão citadas 6 etapas relacionando-as com o conhecimento sistêmico.

É nestas etapas que vamos armazenando memórias que vão moldar e dá significados a nossas vidas. Olhando para as etapas de consciência matriarcal, oral nascimento, anal, genital e familiar e social podemos trazê-las para a visão sistêmica e perceber como elas vão construindo a afetividade e sexualidade sistêmicas.

“Alguns já disseram que o corpo não mente. Mais que isso, ele conta muitas histórias e em cada uma delas há um sentido a descobrir. Como o significado dos acontecimentos, das doenças ou do prazer que anima algumas de suas partes. O corpo é nossa memória arcaica. Nele nada é esquecido.” Jean-Yves Leloup.

A consciência matriarcal é referente à vida intrauterina. O indivíduo se encontra num estado passivo e tudo que a mãe sente é registrado por ele. O estado da mãe é transmitido inconscientemente à criança. Não há percepção do que pertence à criança e o que não pertence. As memórias da mãe ficam gravadas no corpo da criança. O bebê se sente como se fossem suas as reações da mãe e vai gravando em sua memória. Neste momento não há o dois e sim UM na percepção do bebê.

Muitos traumas podem nascer deste período quando a mãe se encontra em situações de solidão, perdas, relacionamentos disfuncionais e em contato com memórias transgeracionais. E muitas crianças nascem com medos, tristeza, apatia que não há uma explicação no sentido prático, mas o corpo fala, tem memória e a vivência de fusão entre mãe e bebê durante a gestação deixará marcas.

Na consciência oral, o nascimento, opera como uma separação entre o corpo da mãe e da criança. E não se pode deixar de olhar para este evento onde o bebê passa do estado aquático ao meio aéreo. Tudo é novo e diferente. O que vai trazer semelhança ao meio vivido antes do nascimento é o contato com a pele da mãe que vai proporcionar temperatura, ritmo cardíaco, calor, voz e a energia que o envolveu durante noves meses.

Esta consciência surge após o nascimento gerando uma simbiose entre mãe e bebê que são necessários para a sobrevivência do bebê através da satisfação das necessidades básicas.

O apego simbiótico é questão de sobrevivência O leite materno além de alimento para o corpo também é amor, comunicação, apoio, presença, abrigo, calor etc. Os bebês nesta fase não se nutrem só de leite também das emoções da mãe.

Se olharmos para as dinâmicas sistêmicas podemos notar que muitas delas surgem nesta etapa de consciência e se perduram na vida adulta. Se um bebê padece da falta do alimento da alma no que diz amparo, amor, segurança e estado de presença da mãe gerando memórias orfandade, amor interrompido e este crescerá reivindicando o que não teve.

“Uma criança não apoiada corporalmente procurará eternamente o contato compulsivo. Uma criança não amada pedirá amor em todos os lugares, e sempre se sentirá insatisfeita. Por outro lado, quando um bebê tem suas necessidades respeitadas, logo cresce e evolui. Se sua segurança interior for forte, terá mais coragem e vontade de explorar o mundo exterior.

Lembremos que ninguém pede aquilo de que não precisa.” Laura Gutman

Quando não encontra apoio emocional na mãe ou em uma figura materna, isso pode gerar dinâmicas de angústia, sentimento de abandono, rejeição e até mesmo raiva por uma mãe sem acesso emocional, culpa por não conseguir acessar esta mãe, necessidade de desistir de si mesma, falta de confiança em si etc. Muitas mães podem perceber este afastamento e tentam aproximação, mas seus traumas e memórias transgeracionais muitas vezes é um grande obstáculo ao estado de total presença para com o bebê gerando sentimento de culpa e outros sofrimentos.

A simbiose garante o sentimento de segurança, de ser cuidado e quando rompida, podemos levar para a vida adulta a necessidade constante de: “Cuide de mim”, bloqueios como mecanismo de defesa, carência afetiva que pode atrair relacionamentos de dependência e codependência,  na eterna procura da simbiose rompida antes do tempo, grande dificuldade de contato e afeto, a necessidade do gruda e suga. Muitos sintomas relacionados ao afeto e alimentação podem surgir de traumas desta etapa.

E a figura paterna nesta fase? Esta não tem como maternar e o ideal é que possa dar apoio à mãe em seu papel de maternagem.

Na consciência anal a criança aos poucos começa a perder a identidade com a mãe vai descobrindo seu próprio corpo. A criança começa a se tornar um ser ativo e a promover a separação gradual do seu mundo em relação ao da mãe. Seus movimentos começam a ser voluntários dando inicio a sua autonomia. Já começa a ter uma comunicação verbal e movimentos de conquistar novos espaços. Rompendo aos poucos a simbiose mãe e criança. Neste momento suas necessidades básicas já podem ser solicitadas e não dependem somente da percepção da mãe.

Assim a criança começa a entrar em contato com os demais membros ao seu entorno. Ela começa a criar as relações interpessoais com outros elementos da família e a se tornar um Eu. Podemos pensar que é a entrada literal do pai ou figura paterna na vida da criança. O papel do pai nesta etapa é promover a separação emocional e a oferta de contato com novos espaços, promovendo o desprendimento gradativo da mãe.

Nesta etapa a criança necessita do apoio, estimulo, autorização para fazer as coisas por si mesma e as mães precisam começar a soltar os filhos em direção a vida porque toda criança tem o medo inconsciente ou arcaico de ser abandonada pela mãe e diante da não permissão da mãe ela pode ceder a chantagens e pressão emocional e gerar dinâmicas na vida adulta de dependência e codepedência em suas relações afetivas buscando substituição para mãe em dizer o que pode e não pode ser feito.

Também há o surgimento do controle dos esfíncter (o que precisa ser eliminado) e a reação dos membros que estão ao redor da criança pode gerar dinâmicas de desprezo, nojo, vergonha, apego, dificuldade de desprendimento etc.

Na consciência genital é a descoberta do nosso ser sexuado e o interesse por alguém fora da família.

Sexualidade está relacionado a SECARE: dividir, cortar. É uma energia de vida que nos impulsiona para vida, nos secciona (corta, separa) da família de origem e nos move para a construção de uma família.

Afetividade deriva da palavra afeto que é um sentimento de afeição por uma pessoa. Afeição é uma ligação afetiva.

Nesta etapa de consciência sexualidade e afetividade começam a andar de mãos dadas. A primeira provendo o corte com a família de origem e a segunda permitindo que sentimentos e emoções unam membros de sistemas familiares distintos. Começa o despertar do sistêmico com autonomia individual e áreas de interesses próprios.

As relações afetivas começam a ser transferidas para parceiros(as) e a necessidade de relacionamentos fora do sistema familiar de origem. Os traumas, memórias pessoais surgidas nesta etapa e as transgeracionais são levadas para os novos relacionamentos e muitos sofrimentos são levados e muitas vezes a identificação com sofrimentos é confundida com amor. E pode se formar dinâmicas de substituição, relacionamentos abusivos e de dependência, sexo como afeto, atenção e contato levando a compulsão.

Na consciência familiar esta surge na imagem que nossos pais têm e esperam de nós. E é muito difícil sair das expectativas de nossos pais e assim podemos seguir para vida com os projetos e programa de vida deles. E isto ocorre muitas vezes na forma de lealdades, identificação e necessidade de aceitação.

E se colocarmos esta consciência no campo sistêmico mais amplo, podemos levar para a construção de uma família que ocorre com base nos referenciais obtidos na família de origem. E muitos traumas de simbiose e de infância adquiridos nas etapas anteriores geram necessidades infantis não satisfeitas que dão base ao medo, insegurança, rejeição, abandono, orfandade, vazio da alma na vida adulta e familiar.

O que se deseja em um relacionamento ou na família é ser amado, ter atenção, ser especial e no fundo são as mesmas necessidades que já conhecemos na infância: ser amado, estar junto, pertencer, ser cuidado e também poder amar, estar presente, cuidar do outro.

Sugestões de leitura:

O corpo e seus símbolos – Uma antropologia essencial – Jean-Yves Leloup, Ed. Vozes.

A maternidade e o encontro com sua própria sombra – o resgate do relacionamento entre mães e filhos e A biografia humana – Laura Gutman, Ed. BEST SELLER LTDA .

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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