Então, eu sou ainda da geração que não tinha jardim da infância, e se tinha nem sabíamos pois crianças naquele tempo não tinha necessidade de saber de tudo!
Aliás, criança tinha que saber de escola, fazer lição de casa, ajudar nos afazeres domésticos, assistir um pouco de desenhos e brincar: de bola, de correr, esconde-esconde, finka, lencinho na mão, roda, boneca, Flintstones, os Jetsons, e só e somente isso, ser criança.
Criança não ficava escutando conversas de adultos, levava coque na cabeça, tapas na bunda ia de castigo! Pedia bença aos pais para dormir com direito de beijinhos e cosquinhas.
E era proibido dormir de mal. Bons tempos, boas lembranças...
Não tive jardim-de-infância, mas tive férias em um lugarejo chamado capelinha em Ouro Fino, MG. Adorava estar lá na infância, mas depois de crescida nunca pensei em ir morar lá, aliás fiquei muito tempo sem dar as caras.
A vida nos prega peças e eis, que hoje moro aqui, no mesmo lugar , na mesma casa em que passei bons tempos ...
E ao ler o livro, várias partes me tocaram a alma, mas gostaria aqui de ressaltar : " ... é que todos temos uma cidade de onde saímos - cidadezinhas profundamente comuns, profundamente enraizadas em nós, ou nós nelas - que nos fez ser quem somos, Cada vez que nos esquecemos dela, ou a tratamos com pouco caso, criamos um risco para nós mesmos. Damos as costas à nossa cidade e começamos a dar as costas a nós mesmos.
Há um motivo pelo qual, às vezes, sentimos necessidade de "voltar para casa"; um motivo pelo qual podemos voltar para casa. Não tentando voltar ao passado nem querendo recuperar "o nosso lar". Nada disso. Voltamos para reverenciar a memória. (pg31,32)
E aqui estou eu hoje de volta para a casa, reverenciando memórias, buscando tesouros que me libertem, me façam crescer e ser livre para estar aqui e/ou em qualquer outro lugar do mundo, mas não mais de costas para a capelinha!