Quando ouvi sobre os livros e filmes infantis com os quais nos identificamos ou que assistimos várias vezes, foi possível perceber muitas possibilidades de emaranhamentos.
Nem sei qual é pior, as histórias de princesas, as guerras de super heróis ou outras modalidades de filmes, livros e histórias que permearam nossa infância.
Todos revelam algum aspecto sombrio. Parece que não temos muito para onde correr. Chego até a rir pensando nisso.
Pensar sobre o tema me fez lembrar que só fui descobrir a diferença entre Bela Adormecida e Cinderela quando fui ler essas histórias para minhas sobrinhas. Então, penso que não eram histórias que eu lia repetidas vezes, mas as ouvia na escola e outros ambientes.
Também me fez perceber o quanto eu gostava de brincar de ser a Mulher Maravilha. Isso acontecia muitas vezes. Eu improvisava até os adornos.
Uma corda se tornava o laço da verdade, uma tampa de panela grande representava o escudo, o bracelete da vitória, provavelmente era algum pedaço de tecido amarrado nos pulsos, e ainda tinha aquela tiara na cabeça, que também devia ser algo confeccionado em tecido.
E não ficou por aí. Anos depois veio a She-ra. Ah meu Deus! A força que eu queria em mim olhando pra essas mulheres devia ser enorme.
Mulher Maravilha era um aparente de força e beleza, contrastada com um além do aparente de uma mulher que não se encaixou nos padrões e, enjeitada pela sociedade, acabou se apegando a oportunidade de ser alguém que as pessoas admirassem.
Transitava na dualidade de personalidade entre uma mulher frágil, usando sempre óculos, cabelos presos e roupas discretas, para transformar-se em uma heroína destemida, exibindo um corpo esbelto, cabelos longos, traje colorido, justo e curto.
Havia um empoderamento feminino bastante visível. Porém, um detrimento exagerado do masculino.
Na tentativa de associar a predileção por esse tipo de história e o perfil do meu sistema familiar, pude admitir que o masculino foi esquecido.
Além disso, vi o quanto mulheres no sistema escolheram vestir o traje da força, escondendo suas fragilidades, seus desejos e sonhos. E por que será que esse desenho se tornou tão comum?
Qual o preço a ser pago por uma vida assim, às vezes admiradas pela força, mas sem poder falhar, fracassar ou mesmo decepcionar pessoas?
Hora de resgatar a força do masculino, a leveza feminina e o desprendimento de atender expectativas que não são nossas e que atrapalham nossas conquistas e a realização dos nossos sonhos.