Tenho 36 anos e há pelo menos 30, lembro-me de ser acometida repentinamente por um sentimento de tristeza muito profunda e por uma forte sensação de abandono, muitas vezes me fazendo passar por uma noite escura da alma.
Passei por mudanças drásticas em minha vida, de cidades, trabalhos e relacionamentos sem nunca ter entendido exatamente o porquê dessas repentinas transições.
Sinto que caí em um abismo de depressão, faço um esforço grande para subir a montanha dos meus planos, mas falta o combustível da alegria em minha jornada, o que não permite que eu chegue ao topo da minha vida.
Na leitura do livro “Dançando o Sonho” de Jamie Sams, autora que admiro muito, li uma citação que talvez tenha provocado um dos meus maiores insights até hoje, ela relata “o covarde é o primeiro a abandonar a si mesmo, e deste ponto de covardia em diante, todas as outras traições se tornam mais fáceis”.
Comecei a compreender o motivo que eu atraio tantas traições em minha vida, que me fazem passar por um grande sofrimento e que são motivos para eu transitar por mais uma noite escura da alma, é que, na verdade, eu tenho me abandonado, pois minhas raízes mais profundas estavam no esquecimento.
Muitos planos que tracei foram baseados no que as pessoas esperavam de mim, e não em mim mesma. Assim, mesmo dando certo, eu não chegava no topo da minha realização, eu não podia colher todos os frutos que eu plantava, pois não eram as sementes do meu jardim, da minha verdade interior.
Estou buscando me encontrar, comecei a cavalgar por extensos territórios em busca da minha verdade, sem desanimar. Ativei a minha natureza guerreira de bravura, coragem, intrepidez, inteligência superior e questionamento.
Hoje mesmo acabei de percorrer uma noite escura, descobri, após uma conversa difícil com a minha mãe, que fui abusada pelo meu avô materno quando eu tinha dois anos de idade e comecei a enxergar as coisas por um novo ângulo, com muito mais integridade, pois resgatei uma parte da minha alma perdida pela escura floresta.
Como diria a nossa querida professora, têm várias fichas caindo neste momento. Agora eu sei e posso respirar, é uma dor, mas ao mesmo tempo, um alívio.
A minha existência tem um propósito e, com ajuda do meu guerreiro, recolherei todas as peças que ainda estão perdidas na escuridão.
Com fé e determinação seguiremos até o topo.