Sempre me senti a gata borralheira, pois desde muito cedo precisei lavar, cozinhar e passar. Me sentia uma escrava, suja, mal remunerada, dormia pouco e estava sempre cansada; não tinha roupas boas e, como minha função era limpar, geralmente eu estava suja.
Minhas primeiras funções foram doméstica e babá; em todos os lugares precisava dar conta da casa, roupas, comida e crianças, aquele trabalho muitas vezes era torturador pois eu não gostava nem um pouco.
Os anos se passaram e então casei, tive filho e o que eu mais detestava fazer estava literalmente em minhas mãos, tornei-me dona de casa e por mais alguns anos me senti a borralheira.
Hoje sei que vive muitos anos em um emaranhamento e aceito meu destino como foi e como ele é, me tornando uma pessoa melhor a cada dia.